E de repente, não tão “vapt-vupt” assim, cheguei à terceira idade. Automaticamente inicia-se um processo de auto análise, uma avaliação “do que mudou, está em mudança ou mudará daqui para frente” (como se houvesse uma linha divisória separando os cinquenta e nove anos, onze meses e vinte e nove dias dos sessenta: o meridiano da lucidez!).
Ana Teresa Moreira
É evidente que com o passar dos anos as limitações físicas são inevitáveis, primeiro discretamente e depois com maior estardalhaço dependendo de inúmeros fatores que não vêm ao caso. Mas, muito mais sérias, e essas sim acompanhadas de dor, as limitações impostas pelo preconceito que desencadeiam a falta de paciência, a ausência, o famoso “deixa que eu faço” e o isolamento.
Hellooo!!! Vai longe o tempo em que velhice era sinônimo de “dominó” ou de “tricô”. Hoje, uma parcela cada vez maior de idosos (e espero que cresça muito) vem ganhando consciência de que ainda tem potencial produtivo a ser canalizado para alguma atividade que se não lhe dê renda, proporcione prazer, seja gratificante e o incentive a continuar crescendo. Aprendemos a duras penas a valorizar nossas prioridades e desejos que durante uma vida inúmeras vezes foram delegados ao “eu depois”. Um depois que nunca chegava. Hoje, dizemos não sem remorso, sem culpa, sem precisar deitar no divã do psicanalista.
E não para por aí.
Idosos não são apenas “seres” que dançam, viajam e jogam bingo, não são “gracinhas” ou “amorzinhos” e sim cidadãos que buscam Universidades Abertas, cursos de idiomas e informática, praticam esportes e formam um filão de mercado já detectado pela mídia e cobiçado por inúmeras empresas que apostam no seu potencial de compra e de interesses.
Muitos são chaves importantes no sustento de filhos e netos: contribuem financeiramente para que a família continue saudavelmente organizada.
Sem contar que com o envelhecimento da população cresce nosso poder de voto; nossa importância nas urnas vai ficando cada vez mais significativa. Resta lembrar que em alguns países já fazem a diferença.
Para os portadores desse mal rançoso, o preconceito com o idoso, lembramos que nós somos vocês amanhã, isso se tiverem sorte e sobreviverem ao descaso com a saúde, a violência urbana e a tantos outros sobressaltos da vida moderna, caso contrário talvez nem envelheçam.
É a vida…