A suplementação de creatina aliada ao treinamento de força em pessoas idosas do sexo feminino melhorou a função muscular e massa magra. O resultado é de uma pesquisa que envolveu 60 mulheres idosas (com idades entre 62 e 79) com fragilidade.
Antonio Carlos Quinto – [email protected]. Foto: Marcos Santos / USP Imagens
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Segundo o professor Bruno Gualano, da Escola de Educação Física e Esportes (EEFE) da USP, tal constatação indica que a suplementação do nutriente associada ao exercício, em mulheres idosas, pode ser um terapêutica eficiente no combate aos efeitos do processo do envelhecimento.
“A creatina é um nutriente produzido pelo próprio organismo, e obtida também com o consumo de carnes”, explica Gualano. Atualmente, a suplementação de creatina é classificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como “alimento para atletas”. “Há alguns anos, advogo que a recomendação desse suplemento nutricional deveria ser estendida a idosos, pois a literatura científica tem dado bom suporte para isso”, justifica o cientista. Juntamente com a professora Rosa Maria Pereira, da Faculdade de Medicina (FM) da USP, coordenou os experimentos realizados no Laboratório de Avaliação e Condicionamento em Reumatologia (LACRE) — disciplina de Reumatologia da FM. O estudo integra o doutorado de André Macedo, da FM, foi apresentado em congressos internacionais e acaba de ser publicado na Revista Experimental Gerontology.
As 60 idosas envolvidas no experimento foram recrutadas por meio de anúncio na mídia. “Eram todas sedentárias, com baixa massa óssea e doenças crônicas associadas, sendo a maioria da cidade de São Paulo e algumas do interior do Estado”, descreve Gualano. Foram divididas em quatro grupos, com 15 mulheres cada um. No primeiro, as mulheres tomaram um placebo — fármaco ou procedimento inerte; No segundo grupo, as idosas ingeriram a creatina; No terceiro grupo, houve a administração de placebo e treinamento de força; E no quarto grupo, creatina mais treinamento de força. O experimento durou seis meses.
Sarcopenia
“Sabe-se que a suplementação da creatina, particularmente quando combinada ao treinamento muscular, é capaz de aumentar a força e a massa muscular em atletas”, explica o pesquisador. “Nossa hipótese foi que a suplementação de creatina poderia também melhorar esses parâmetros numa população idosa vulnerável”, conta.
Como esperado, verificou-se que a combinação do exercício de força e a suplementação de creatina melhorou a função muscular e massa magra nas mulheres idosas. “Houve, inclusive, uma redução na incidência de sarcopenia, que é uma condição de baixa massa muscular que afeta muitos idosos e os predispõe à mortalidade”, descreve.
“Houve melhora da massa magra apendicular e índices de função muscular de membros superiores e inferiores, porém não afetou a massa óssea nas idosas sedentárias”, afirma Gualano, lembrando que, “o treinamento de força, isoladamente, também promoveu ganhos de função muscular, ainda que inferiores àqueles obtidos com a combinação das intervenções.” O pesquisador conta ainda que somente a suplementação de creatina mostrou-se ineficaz em promover benefícios consistentes na função muscular, porém promoveu um pequeno ganho de massa magra, quando comparada ao placebo. “Quando finalizamos o estudo, os voluntários são informados sobre os resultados, mas fica a critério deles continuar ou não com a intervenção”, conta o pesquisador.
O artigo que acaba de ser publicado na Revista Experimental Gerontology é assinado pelos professores Gualano e Rosa Rodrigues Maria Pereira, além de outros pesquisadores e alunos que compõe o Laboratório de Avaliação e Condicionamento em Reumatologia.
Fonte: Agência USP. Disponível Aqui