A intensidade dos exercícios e os impactos na saúde cardiovascular

Os exercícios contínuos suaves, geralmente aeróbios como caminhar, pedalar ou nadar de forma lenta, possuem baixas sobrecargas e são seguros para a maioria das pessoas. Mas a musculação suave é uma atividade ainda mais adequada para pessoas debilitadas, com doenças crônicas e baixos níveis de aptidão física, como é o caso de grande parte da população idosa.

José Maria Santarem (*)


A saúde cardiovascular parece ser estimulada por qualquer tipo de atividade física. Assim sendo, são esperados efeitos salutares advindos do trabalho braçal, das diversas modalidades esportivas, do lazer com atividades físicas e dos programas sistematizados de condicionamento físico. Trabalhos recentes documentam que atividades físicas mais intensas são mais eficientes para promoção de saúde cardiovascular. Entre outros trabalhos, em um estudo com 44.452 homens acompanhados por 12 anos mostrou que uma hora de corrida por semana reduziu o risco de doença arterial coronariana em 42%; uma hora de remo por semana, em 18%; e apenas meia hora por semana de musculação teve efeito positivo em 23% dos pacientes.

Atualmente já encontramos revisões citando diversos trabalhos que documentam importantes efeitos protetores cardiovasculares dos exercícios resistidos (musculação). O principal estímulo para a saúde cardiovascular da atividade física parece ser diminuir a incidência de doenças crônicas que evoluem para a degeneração vascular: hipertensão, diabetes, obesidade e alterações das gorduras do sangue.

Atualmente sabe-se que os sedentários apresentam um estado inflamatório basal nas artérias que leva à aterosclerose.

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A atividade física diminui esse estado inflamatório porque a contração dos músculos produz substâncias anti-inflamatórias endógenas conhecidas como miocinas. A musculação parece ser o exercício mais eficiente para produzir miocinas e evitar a aterosclerose. A razão da indicação tradicional de exercícios aeróbios como caminhar, pedalar ou nadar de forma relativamente suave, para a população em geral, se prende ao fato de que esses exercícios são mais seguros do que atividades contínuas mais intensas.

No entanto, quando as pessoas tiverem condições de aptidão e saúde para realizar atividades mais intensas, haverá mais eficiência em promover saúde cardiovascular. A segurança de qualquer atividade física é dada pela adequação correta das sobrecargas às condições físicas dos praticantes. Os exercícios contínuos suaves, geralmente aeróbios como caminhar, pedalar ou nadar de forma lenta, possuem baixas sobrecargas e são seguros para a maioria das pessoas. Mas a musculação suave é uma atividade ainda mais adequada para pessoas debilitadas, com doenças crônicas e baixos níveis de aptidão física, como é o caso de grande parte da população idosa.

Na musculação suave as sobrecargas são menores do que nos exercícios aeróbios. Suportar o peso do corpo e caminhar pode impor sobrecargas musculoesqueléticas excessivas para pessoas debilitadas. Pedalar ou caminhar com alguma velocidade pode elevar excessivamente a frequência cardíaca. Por isso os exercícios resistidos são utilizados cada vez mais em casos de pessoas debilitadas, não apenas em função da sua eficiência em promover saúde geral, mas também pelo elevado grau de segurança.

(*)José Maria Santarem é doutor em medicina pela Universidade de São Paulo, fisiatra e reumatologista pela Associação Médica Brasileira, consultor científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, diretor do Instituto Biodelta e coordenador do site acadêmico. Acesse Aqui

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