É preciso que as mulheres no processo de envelhecimento construam redes de apoio e troquem experiências.
Por Monica Tritone Medeiros (*)
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O envelhecimento feminino começa quando a mulher é relativamente jovem, no início do seu climatério, ou seja, por volta dos 40 anos de idade. É quando ela se dá conta, logo de cara, de algumas mudanças físicas. Segundo Benetti et. al (2019) é com a chegada dos primeiros cabelos brancos, das estrias e flacidez, do ganho de peso, de algumas rugas, da diminuição da elasticidade da pele, do enfraquecimento das unhas, dentre outros.
Ao entrar no climatério, a mulher pode sentir uma série de sintomas indesejados. De acordo com Albuquerque e Vilaça e Silva (2021) é nessa fase que começam a ocorrer mudanças endócrinas e biológicas, como alterações na menstruação, variações de humor, perda de massa óssea, risco aumentado para doenças cardíacas, transições genitais e urinárias, além de outras tantas.
Num novo processo totalmente desconhecido, a mulher que envelhece se sente só. E o que faz? Normalmente recorre ao seu ginecologista, o qual muitas das vezes não aborda o assunto com carinho e empatia, limitando-se a oferecer possibilidades de tratamentos hormonais ou não. E então, a mulher que envelhece se cala. Com quem ela vai falar? Será que deve, será que pode?
Algumas mulheres têm dificuldade de aceitar o seu processo de envelhecimento por diversas questões: imposição social da beleza impecável; bombardeio da mídia com corpos jovens e sarados; preconceito no mercado de trabalho; etarismo nos grupos de convívio e, por vezes, até no núcleo familiar.
É comum vermos nas redes sociais, influenciadoras que passam pelo mesmo processo, e que, em determinados momentos podem ser um alento para a mulher que envelhece. Mas, como nem tudo é perfeito, as tais influenciadoras por vezes levantam bandeiras que, na verdade, não passam de produtos ou projetos patrocinados em prol do lucro próprio. E, por fim, aquelas belas palavras são na verdade, vendas veladas.
De acordo com Brito e Koller (1999), a definição de rede de apoio social é um “conjunto de sistemas e de pessoas significativas, que compõem os elos de relacionamento recebidos e percebidos do indivíduo”.
É preciso que as mulheres que se encontram no processo de envelhecimento construam redes de apoio e comecem a trocar conversas, experiências, afinidades, que lutem para que percam seus medos, que deixem os tabus de lado e que consigam olhar para esta fase como um processo precioso, como todas as transformações da vida.
Referências
Albuquerque, V. T.; Vilaça e Silva K. H. C. Envelhecimento feminino e a síndrome geniturinária da menopausa. In. CORREIA F. C.; LIMA R. B.; SILVA V. C. (Org.). Velho-Ser: um olhar interdisciplinar sobre o envelhecimento humano. Porto Alegre: Editora Fundação Fênix, 2021.
Benetti, I. C. et. al. Climatério, enfrentamento e repercussões no contexto de trabalho:vozes do extremo norte do Brasil. Revista Kairós-Gerontologia, São Paulo, v. 22, n. 1, p. 123-146, mai. 2019.
Brito, R. C.; Koller, S. H. Desenvolvimento humano e redes de apoio social e afetivo. In: Carvalho, Alysson Massote (org.). O mundo social da criança: natureza e cultura em ação. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.
(*) Monica Tritone Medeiros é Mestre em Psicogerontologia pelo Instituto Educatie de Ensino e Pesquisa. Autora do Livro “O Corpo Envelhescente: Percepções de Mulheres a partir dos 40 anos” (Portal Edições, 2022). E-mail: monica.tritone@uol.com.br
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