A dignidade da pessoa com doença de Alzheimer

A dignidade baseia-se no reconhecimento da pessoa que é digna de respeito. No lidar e cuidar do outro, principalmente quando este outro possui uma demência do tipo Alzheimer, muitas vezes os familiares e cuidadores caem em uma atitude de ‘superproteção’; quando esse alguém é um membro da família, essa situação se intensifica.

Simone de Cássia Freitas Manzaro (*)


“Eles não me deixam escolher a minha roupa”! Essa foi a frase de uma paciente durante uma visita domiciliar. Triste, impaciente e um pouco agressiva, ela só queria ter o direito de escolher sua própria roupa, da forma que fizera durante toda a sua vida. Para ela um detalhe tão simples, para a família um grande tormento.

Foi dessa forma que me deparei com o contexto da dignidade humana, onde e quando ela deixa de existir.

A dignidade baseia-se no reconhecimento da pessoa que é digna de respeito. No lidar e cuidar do outro, principalmente quando este outro possui uma demência do tipo Alzheimer, muitas vezes os familiares e cuidadores caem em uma atitude de ‘superproteção’; quando esse alguém é um membro da família, essa situação se intensifica.

O familiar quando cuidador principal é alguém que conhece a pessoa com Alzheimer de uma forma completa, o que ela gosta ou não gosta, suas fortalezas e fraquezas, suas vontades e também suas necessidades e, numa forma de demonstrar carinho e cuidado acaba por realizar todas as tarefas pelo outro.

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É preciso a compreensão de que a pessoa mesmo com Alzheimer pode realizar algumas atividades com supervisão de outra pessoa, o que garante a ela autonomia enquanto esta ainda existir.

Dignidade é deixar que a pessoa seja o que ela é, como ela é.

Existem muitas formas de respeitar a dignidade da pessoa com Alzheimer, podemos citar o respeito à sua privacidade física e emocional: fechar a porta quando for ajudar essa pessoa a se vestir; tomar banho ou usar o banheiro; evitar comentários particulares com outras pessoas mesmo que da família; não falar sobre a doença na frente da pessoa. Respeitar seu direito de escolha: permita que a pessoa possa escolher o que comer; o que vestir; ofereça poucas opções e permita que o outro participe da escolha. Ouça suas preocupações, peça opinião, permita que ele participe das decisões, inclua-o nas conversas, não isole, não ria, não faça piadas, não converse como criança etc.

A base do cuidar e lidar com outro, deve ser sempre sobre o pensamento “Fazei com o outro aquilo que eu gostaria que fosse feito comigo”, dessa forma garantimos não só o cuidado como também o respeito que a pessoa merece. Podemos refletir sobre o cuidado com a pessoa com Alzheimer?

(*) Simone de Cássia Freitas Manzaro – Psicóloga formada pela Universidade Nove de Julho, realiza atendimento psicológico de adultos e idosos. É voluntária na Associação Brasileira de Alzheimer-ABRAz. Possui experiência em estimulação cognitiva para pacientes com demências, principalmente Demência de Alzheimer; atua também com estimulação cognitiva preventiva; Realiza consultoria gerontológica, orientando familiares e cuidadores, criando estratégias e atividades para lidar com o paciente no dia a dia, supervisionando treinamento prático. É membro colaborador do site Portal do Envelhecimento. Email: [email protected]

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