A automação das tarefas da casa permitem um envelhecer melhor?

A automação das tarefas da casa permitem um envelhecer melhor?

Pesquisa revela mudança do tempo gasto com 17 tarefas domésticas e adoção de robôs de companhia, especialmente para pessoas idosas.


Na década de 1950, muitos equipamentos elétricos entraram nas residências para criar um “novo modo de vida”, new way of life da cultura americana. Aspiradores, enceradeiras, liquidificadores e outros equipamentos que foram criados no pós-guerra já anunciavam que a automação das tarefas de casa seria um caminho sem volta. Com a transformação tecnológica nos anos 80, a internet mostrou que a comunicação chegaria a outro patamar de velocidade, evoluindo para a inteligência artificial e a outros dispositivos eletrônicos com base na internet das coisas – Internet of Things, IoT. 

A articulista Mariana Alvim, da BBC News Brasil, publicou dados de uma pesquisa que aponta a tendência de redução do tempo gasto com tarefas domésticas a partir do incremento da automação, já na próxima década.

Em média, os especialistas previram que, daqui a cinco anos, 27% do tempo gasto com essas tarefas poderá ser assumido por novas tecnologias de automatização; em dez anos, o percentual pode chegar a 39% do tempo.

Já é possível perceber a mudança a partir da popularização do robô aspirador, amplamente disponível no comércio. Por outro lado, a pandemia pelo coronavírus provocou um aumento exponencial no uso de plataformas de videoconferência, tanto no ambiente profissional quanto no educacional. A pesquisa apontou a mudança do tempo gasto com 17 tarefas domésticas, mas também já aponta para a adoção de robôs de companhia, hoje já disponíveis para animais de estimação, mas que deve crescer para o cuidado de pessoas, especialmente idosas.

Apesar dessas previsões se referirem aos próximos dez anos, os autores do estudo dizem que já há sinais da automatização entre nós, como os robôs-aspiradores e limpadores de piso sem fio; tecnologias de educação que expandiram na pandemia de coronavírus; e projetos que visam automatizar algumas tarefas de cuidado de idosos em casa.

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Há diferenças entre os respondentes de países diversos, visto que a cultura de um país influencia na aceitação de novas tecnologias para as diversas atividades. Países latinos, como o Brasil, podem resistir a equipamentos que sugiram a desumanização das relações, mas é importante compreender que sempre haverá pessoas que possibilitarão o funcionamento desses dispositivos.

O estudo recém-publicado também mostrou algumas diferenças nas previsões dos especialistas em inteligência artificial em termos de gênero e país. Os homens no Reino Unido se mostraram mais otimistas sobre a automatização do que as mulheres; no Japão, as mulheres se mostraram mais otimistas que os homens.

É importante compreender que a automação é adotada como coadjuvante do trabalho, facilitando as tarefas para que o tempo gasto seja revertido para interações positivas, para lazer e, enfim, para o envelhecimento melhor. O contato humano continuará imprescindível para o bem-estar.

Foto destaque de Pavel Danilyuk/pexels


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Maria Luisa Trindade Bestetti

Arquiteta e professora na graduação e no mestrado da Gerontologia da USP, tem mestrado e doutorado pela FAU USP, com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa. Pesquisa sobre alternativas de moradia na velhice e acredita que novos modelos surgirão pelas mãos de profissionais que estudam a fundo as questões da Gerontologia Ambiental. https://sermodular.com.br/. E-mal: [email protected]

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Arquiteta e professora na graduação e no mestrado da Gerontologia da USP, tem mestrado e doutorado pela FAU USP, com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa. Pesquisa sobre alternativas de moradia na velhice e acredita que novos modelos surgirão pelas mãos de profissionais que estudam a fundo as questões da Gerontologia Ambiental. https://sermodular.com.br/. E-mal: [email protected]

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