A “ESPNW’s” veiculou uma matéria sobre o San Diego Splash, time de basquete feminino formado por mulheres acima de 80 anos. A matéria superou 10 milhões de visualizações só nos Estados Unidos.
Muitas coisas chamam a atenção na matéria que vamos replicar e discutir. Primeiro a negação do envelhecimento na apresentação em português. Lamentavelmente o redator escorrega ao usar a frase: elas podem ter mais de 80 anos, mas suas almas são jovens. Desnecessário, pois isso só reforça o preconceito em relação ao nosso longeviver.
Mas vamos ao que interessa. A matéria apresenta um time de basquete que se diferencia dos demais times da liga sênior por só admitir mulheres acima dos 80 anos, é o San Diego Splash. Os times podem ter atletas com 50 anos ou mais. Das mais de 140 mulheres inscritas no torneio, 24 tem 70 anos ou mais, dessas, nove formam o time do San Diego Splash que tem dois títulos no seu currículo, ou seja, mesmo com mais de 80 anos elas formam um time competitivo.
O jogo se dá apenas em uma metade da quadra e cada time é representado por três atletas. São três contra três em dois tempos de 15 minutos. Os jogos em si não é o mais importante. O que vale é a preparação, o treinamento. Elas querem ganhar, é claro, mas antes de tudo querem um ambiente alegre, a confraternização, o encontro caloroso que o esporte proporciona.
“Se você consegue ficar de pé e mexer as pernas, você é bem-vinda” – diz Marge Carl, atleta de 87 anos no vídeo que viralizou e traz imagens e entrevistas com as atletas que revelam bom humor e ótimo preparo físico.
O que Marge diz é que você sequer precisa saber jogar basquete para entrar no time. Pode aprender no clube, basta querer jogar, fazer parte do grupo como foi o caso de Grace Larsen, hoje com 91 anos.
Aos 78 ela resolveu entrar no San Diego Splash. Nunca havia jogado basquete na vida, mas era seu sonho de menina. Comprou seu primeiro par de tênis e foi aprender a jogar. Tornou-se a cestinha do time.
A importância do esporte para a saúde do idoso aparece no depoimento de Marge Carl. Ela estava com 66 anos quando resolveu entrar para o time de basquete. Não recebeu incentivo das amigas de infância. Todas disseram que seria loucura. Que o basquete era perigoso. Ela poderia se arrebentar toda, quebrar um braço, uma perna, se dar mal. Marge seguiu em frente. Hoje, aos 87 anos, é a única sobrevivente da turma.
“Se estivesse permanecido em casa, no conforto do sofá, diante da TV, hoje eu estaria morta como minhas amigas” – diz Marge, feliz por ter optado pelo esporte.
Professor de medicina familiar e saúde pública, Dr. Suraj Achar, cita pesquisas que revelam que esportes coletivos fazem bem ao corpo e ao cérebro, pois conecta as pessoas e proporcionam uma vida mais intensa.
E o risco de se machucar, existe? Existe. Mas não é preciso estar correndo atrás de uma bola para se machucar, idosos que não se exercitam são os que mais se acidentam. No jogo, as atletas estão mais preparadas para se defender de possíveis quedas.
Meg Skinner joga no San Diego Splash há 24 anos, nesse período colecionou um bocado de cicatrizes, quebrou duas vezes o pulso e fraturou quatro dedos. Mas está bem viva. Carrega sempre com um sorriso nos lábios e palavras de incentivos para as amigas.
“O basquete salvou minha vida” – diz Meg. Ela contabiliza mais perdas fora das quadras do que dentro. Seu marido faleceu por complicações cardíacas e perdeu um filho por overdose. É no jogo e nas amigas que encontra forças para continuar na luta. São mais que colegas de time. Costumam sair juntas para teatro, concertos e turismo.
O basquete as fazem se sentirem cheias de energia, alegria e disposição. Na quadra não existem adversárias. São todas amigas vivendo uma velhice saudável graças a atividade física que praticam.