Entrevistamos Wanda Patrocinio, graduada em Pedagogia (UNICAMP), mestre em Gerontologia (UNICAMP) e doutora em Educação, com ênfase no desenvolvimento de programas de educação para um envelhecimento saudável (UNICAMP). Wanda nasceu em São Paulo e cresceu em um bairro de periferia da capital paulista.
Beltrina Côrte / Fotos: Arquivo Pessoal
Portal – Quando começou seu interesse pelo envelhecimento?
Na educação, durante 5 anos (1999-2003) fui professora de adultos e idosos em um projeto social MAP – Movimento Abrindo Portas, que não existe mais, mas foi aí meu primeiro contato profissional com idosos. De 2002 a 2005 atuei como monitora na Incubadora Tecnológica de Cooperativas Sociais da UNICAMP.
Portal – Como a Gerontologia entrou na sua vida?
Foi por acaso. Uma colega virou para mim e disse: “Wanda, o programa de mestrado em Gerontologia está com inscrições abertas, por que você não se inscreve?”. Até então, nunca havia cogitado esta possibilidade. Ela me incentivou dizendo que eu já atuava com idosos nas cooperativas populares e que era só eu acrescentar em meu projeto o foco da gerontologia. Isto foi em uma quarta-feira, passei a quinta-feira toda estudando sobre gerontologia, adequei meu projeto e na sexta-feira, estava lá para fazer minha inscrição faltando meia hora para o encerramento. Passei no mestrado e isto mudou minha vida, deu uma virada total, em que descobri qual seria meu caminho profissional dali em diante.
Portal – A GeroVida surgiu depois do mestrado ou doutorado?
Foi depois do mestrado. Meu marido virou para mim e disse: “Wanda, por que você não monta um site para vender suas palestras e cursos na área de gerontologia?”, criei o site… depois de um tempo ele falou: “Wanda, por que você não abre uma empresa para vender seus serviços na área de gerontologia?”, abri a GeroVida – Arte, Educação e Vida Plena, em janeiro de 2008 e em fevereiro desse mesmo ano iniciei o doutorado em educação, no qual desenvolvi, implementei e avaliei um programa de educação que visava proporcionar o envelhecimento saudável para idosos comunitários em duas comunidades da região sul de Campinas. Concluí o doutorado em fevereiro de 2011.
Portal – A Gerontologia fez uma reviravolta na sua vida?
Desde 2012 me dedico integralmente à missão que propus para a GeroVida: oferecer serviços que possam auxiliar as pessoas, comunidades e populações a viverem uma vida mais consciente e com boa qualidade de vida, contribuindo para que nossa sociedade envelheça de forma mais digna, saudável e positiva. Tenho parceria com alguns profissionais e quem cuida do Facebook da empresa é uma gerontóloga.
Portal – O que a GeroVida oferece?
A GeroVida oferece palestras, cursos (presenciais e à distância), oficinas, capacitação profissional, aulas na área de educação, gerontologia e cuidado a idosos, dança, qualidade de vida e terapias complementares; assessoria e consultoria para montagem ou adequação de instituições de longa permanência e centro-dia para idosos, além de alguns produtos.
Portal – Quem procura a sua empresa?
Instituições como o SESC (Serviço Social do Comércio), Secretarias de Saúde e Social de Prefeituras da região metropolitana de Campinas e interior de Mato Grosso do Sul, pessoas que querem abrir uma Instituição de Longa Permanência para idosos ou um Centro-Dia para idosos, responsáveis por instituições que querem capacitar seus profissionais, familiares que querem orientações para lidar com seus entes idosos.
Portal – Onde sua empresa atua?
A GeroVida vai aonde for necessário para conseguir cumprir sua missão. Portanto, em todo território nacional no atendimento dos alunos que frequentam nossos cursos à distância, nas unidades do SESC do estado de São Paulo e Paraná, nas Prefeituras que nos contratam no estado de São Paulo e interior do Mato Grosso do Sul (Cassilândia e Aparecida do Taboado), oferecendo cursos em parceria com o Núcleo Vidas (Valinhos, SP).
A ideia em si começou lá atrás, mas inicialmente voltada para crianças. Meu marido tem uma empresa de tecnologia que desenvolve produtos para economia de água, uma das matérias primas de um dos produtos é o eva que é bastante utilizado também para jogos na educação infantil. Como estávamos trabalhando em um novo serviço da GeroVida voltado para o cuidado e educação de bebês e crianças ele sugeriu que depois pudéssemos investir em jogos com este tipo de material para crianças.
Portal – Você já atuava com idosos nessa ocasião?
Sim, já desenvolvia atividades com grupos de idosos nas unidades do SESC e capacitação profissional para profissionais de prefeituras, ao menos há mais de dois anos. Na época eu já estava bem estabelecida com o trabalho de estímulo a memória de idosos e resolvi aproveitar a ideia e começar com jogos para idosos.
Portal – E como foi o desenvolvimento do jogo?
Não tive dúvidas, convidei uma gerontóloga – a Roberta Tarallo – para me ajudar nesta empreitada. Primeiro fizemos um levantamento para ver o que existia em material de jogos para idosos no mercado e a maioria era jogos na internet; nas lojas os jogos eram mais voltados para o público infantil. Dessa pesquisa levantamos cinco ideias para adaptar para o público idoso. O “Letras e Saberes” foi um dos cinco, nome que criamos para a ideia inicial do jogo STOP, adaptado, que vimos em um site.
Portal – Simples assim?
Não, depois fizemos uma pesquisa com cerca de 25 pessoas entre idosos, profissionais e familiares para saber qual dos cinco produtos eles tinham preferência e o valor médio que pagariam. Venceu o “Letras e Saberes”. O que nos incentivou a seguir em frente foram as respostas destes participantes dizendo que, de fato, sentiam falta de jogos específicos para idosos no mercado.
Portal – Afinal, qual é o objetivo do jogo?
Trabalhar as habilidades cognitivas de uma maneira divertida e que promova interação social. Um exemplo disso pode ser visto no comentário de uma compradora: “domingo a tarde Luíza, minha mãe e eu passamos um tempão jogando ‘Letras e saberes’, consegui fazer minha mãe parar sentada um pouco e focar em alguma coisa!!!! viva!!!! Parabéns!”.
Portal – E como deve ser jogado?
É bem simples. O jogo vem dentro de uma caixa. Nele há dois saquinhos, um com temas (ex.: carro, país, esporte etc.) e outro com as letras do alfabeto. Um participante retira um tema e uma letra do alfabeto e inicia o jogo associando estes itens (ex: se a pessoa pegou o tema esporte e a letra b, ela pode associar basquete) e depois os outros participantes continuam.
Portal – Quem pode jogar?
Pode ser jogado em dupla, em família, em grupo, entre idosos, entre adultos, em diferentes gerações, em ambiente de consultório, como trabalho terapêutico com grupos de idosos etc. Vira e mexe eu jogo com meu marido, que continua me motivando bastante.
Portal – Você pode dar algumas dicas de como jogar para os leitores do Portal?
Claro, a pessoa pode tirar uma letra e uma categoria e todos falarem sobre esta categoria até esgotar as possibilidades; pode tirar uma letra e uma categoria e as pessoas falarem uma única vez, quando acabar uma rodada tira-se outra letra e categoria; pode devolver a letra, mas não devolver a categoria dentro do saquinho; se o jogo for com menos pessoas, pode escolher falar sobre uma mesma categoria apenas mudando a letra. Enfim, há várias possibilidades, o importante é deixar a criatividade ampliar a gama de variedade deste jogo.
São vários, o jogo é bom para memória, atenção, linguagem, aprendizagem, interação social, agilidade mental, comparação, troca entre gerações. Por exemplo, a pessoa ao pegar a letra e a categoria, precisa resgatar aquilo que lembra para fazer a associação correta. Ao jogar com outras pessoas, trabalha-se a atenção ao que os outros falam para não repetir as respostas. Enriquece a competência linguística ao lembrar palavras de nossa cultura, necessitando se comunicar com as outras pessoas. Com as respostas dos demais participantes, o jogador tem a possibilidade de descobrir outras alternativas e ampliar seu vocabulário. Por requerer a participação mínima de duas pessoas, este jogo pode promover o intercâmbio entre as pessoas. Ao ouvir as respostas dos outros participantes, a pessoa precisará pensar rapidamente em outras possibilidades. Ao relacionar uma letra com uma categoria, a pessoa pode aumentar a capacidade de associações. E enriquece as relações ao ser jogado com pessoas de várias faixas etárias, que proporcionam conhecimentos diferentes e promovem a intergeracionalidade.
Portal – Quem mais tem procurado o jogo: familiares, cuidadores ou os profissionais como terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, psicólogos?
A procura tem sido muito parecida entre familiares e profissionais que atuam com idosos. Estas duas categorias são as que mais têm comprado o Letras e Saberes.
Portal – Como você vê o mercado do envelhecimento hoje no Brasil?
Com o crescimento acelerado do número de idosos na população tenho percebido que muitas empresas estão voltando seu olhar para esta fatia do mercado. Vejo crescer o número de produtos e serviços voltados para a população idosa. Se por um lado isto pode ser muito interessante, pois promove mais oportunidades de escolha para adultos maduros e idosos, por outro lado me preocupa um pouco se as empresas estão preocupadas com a qualidade ou apenas em vender produtos / serviços. Conheço algumas empresas que são de profissionais formados em gerontologia ou com amplo conhecimento em gerontologia, mas também conheço empresas que não mostram o mínimo de cuidado com os produtos / serviços que oferecem. Isto me preocupa um pouco. Mas sempre tenho um olhar otimista e acredito que a união de esforços poderá agregar muito não só para os idosos, mas para toda a população.
Saiba como comprar ‘Letras e Saberes’
O jogo vem dentro de uma caixa em papelão ondulado (22cmx22cmx8cm). Dentro dele tem dois saquinhos de tecido preto; um de 20cmx26cm e outro de 14cmx24cm; 52 peças cartonadas, sendo 26 letras e 26 temas, o que possibilita uma gama variada de jogadas. O jogo pode ser adquirido pela Loja Virtual da GeroVida: Acesse Aqui
Para pagamentos via depósito bancário (desconto de 5%), a pessoa deve consultar pelo emailgerovida@gerovida.com.br