O Vidas Idosas Importam objetiva valorizar e apoiar as pessoas idosas na defesa de seus direitos, além da promoção de sua participação na sociedade.
Paulo Cezar S. Ventura (*)
“Existem mortos que não enterramos e sim semeamos.” (Dom Helder Câmara)
Em dezembro de 2020, primeiro ano da pandemia de coronavírus, 75,6% dos mortos por covid-19 tinham mais de 60 anos. Ao final de 2021 esse percentual diminuiu para 67,9%, graças à atuação das vacinas, mas estava ainda muito alto.
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– Essa Covid-19 não é nada, não. Só está matando velhos. Eles já estão no fim mesmo! Bom para diminuir o déficit da Previdência Social.
Quantas vezes ouvimos a frase acima nos últimos três anos da boca de pessoas públicas e até de pessoas próximas, diminuindo a importância dos idosos falecidos e banalizando a morte deles? Há momentos em que a nossa sociedade é cruel, quando cada um tenta se proteger sem se preocupar com a proteção dos outros. Sem saber que, na vida, não existe apenas o EU. Existe o NÓS. A vida é uma rede social mais importante que as redes criadas pelas tecnologias modernas.
Exploremos um pouco mais esse conceito: a vida como uma rede sociotécnica. O que vem a ser uma rede? O conceito vem da Física. Uma rede é um sistema de tramas e nós onde uma tensão em um dos pontos da rede provoca tensões em todos os demais pontos. Esse é um conceito ecológico importante, e entre os seres vivos se incluem também os não humanos. A humanidade precisa aprender isso até por uma questão de sobrevivência.
Óbvio que nesta rede sociotécnica chamada VIDA está incluída a PESSOA IDOSA que, segundo a UNESCO, são aquelas com mais de 60 anos. E cuidar da pessoa idosa é manter a rede VIDA sustentável e saudável. Lembremos que cuidar do outro é uma necessidade. A Psicologia define como pessoa adulta aquela que é capaz de cuidar de si e de um outro. Estaríamos em crise de maturidade?
Nesse contexto, surge, no ápice da pandemia, em 10 de dezembro de 2020, no Dia Internacional dos Direitos Humanos, o grupo ativista VIDAS IDOSAS IMPORTAM. Felizmente, o número de pessoas que pensam como aqueles do comentário no início desta narrativa é bem menor que o número de pessoas idosas no Brasil. E o nosso número cresce a cada ano. E o número de ativistas do Vidas Idosas Importam cresce mais ainda, com objetivos claros: valorizar e apoiar as pessoas idosas na defesa de seus direitos, além da promoção de sua participação na sociedade.
Por que Vidas Idosas Importam?
– Porque nossas vozes precisam ser ouvidas;
– Porque temos direitos ao bem-estar (inclui saúde, informação, habitação, alimentação, etc.);
– Porque somos partes importantes da rede VIDA;
– Porque nosso conhecimento é fundamental ao desenvolvimento na Terra;
– Porque pessoas idosas não têm gêneros;
– Porque pessoas idosas não têm raças;
– Porque a VIDA é importante.
Dois anos depois, o Movimento Vidas Idosas Importam colhe bons resultados, com um número grande de ativistas pelo Brasil, com a participação e patrocínio de várias empresas e empreendedores e uma rede de profissionais preparados para o atendimento da pessoa idosa. Mais ainda, aumenta gradativamente a quantidade de municípios criando seus Conselhos Municipais dos Idosos e Centros de Referências do Idoso. O Movimento propõe a promoção de uma cultura de respeito às pessoas idosas, favorecendo a visibilidade e o reconhecimento social, com campanhas e ações educativas para a desconstrução de estereótipos em relação ao envelhecimento.
Ou seja, o Movimento caminha para o sucesso. Pessoa idosa ou não, precisamos todos ser ativistas do Vidas Idosas Importam.
(*) Paulo Cezar S. Ventura. E-mail: pcventura@gmail.com – @paulocezarsventura
Fotos: arquivo do Movimento Vidas Idosas Importam