A partir de uma experiência profissional em uma ILPI houve interesse no estudo sobre o processo de asilamento e a história de vida de cada residente que, na maioria das vezes, vai se perdendo ao longo dos anos. Como profissional busca-se favorecer atividades que promovam o bem estar psicossocial, a ocupação do tempo livre, a construção de outras atividades, através de uma maior interação como os idosos, motivando-os a participar do grupo de Terapia Ocupacional.
Alessandra do S. Moura Furtado Machado *
O século XX foi marcado pelo envelhecimento populacional, ou seja, pela mudança na estrutura etária da população com o aumento percentual das pessoas idosas, no caso do Brasil aquelas com 60 anos de idade ou mais. Nessa fase da vida, limitações físicas e psíquicas tendem a se acentuar em algumas pessoas comprometendo a autonomia individual e configurando uma “velhice fragilizada”. O envelhecimento é o conjunto de alterações que ocorrem progressivamente na vida adulta e que frequentemente, mas não sempre, reduzem a viabilidade do indivíduo (ALMEIDA, 2011.
À medida que o ser humano envelhece muitas tarefas do cotidiano, consideradas banais e de fácil execução, vão lentamente, e muitas vezes de forma imperceptível, tornando-se cada vez mais difíceis de serem realizadas. É o caso de alguns indivíduos que se encontram em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), as quais são definidas como instituições de caráter residencial governamental ou não governamental, destinadas à moradia coletiva de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar.
O idoso quando institucionalizado, é levado a um novo mundo, novas pessoas, novas relações, novo ambiente, novas regras, outra rotina diária, havendo uma modificação significativa em sua vida. Em busca de um menor impacto possível na vida do idoso em ILPI, propõe-se um atendimento globalizado, buscando resgatar sua história pessoal, os laços afetivos, em busca de um ressignificado de sua vida.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Política do Envelhecimento Ativo o homem deve manter-se participativo durante todo o curso da vida, ainda que esteja eventualmente restrito ao ambiente doméstico ou apresente algum nível de incapacidade (ALMEIDA, 2011).
Relato de experiência
A partir de uma experiência profissional em uma ILPI houve interesse no estudo sobre o processo de asilamento e a história de vida de cada residente que, na maioria das vezes, vai se perdendo ao longo dos anos.
Como profissional busca-se favorecer atividades que promovam o bem estar psicossocial, a ocupação do tempo livre, a construção de outras atividades, através de uma maior interação como os idosos, motivando-os a participar do grupo de Terapia Ocupacional.
No atendimento a pessoas idosas, os elementos independência, saúde, segurança e integração social ocupam lugar de destaque, uma vez que, com o processo de envelhecimento, elas sofrem modificações significativas. Assim a Terapia ocupacional gerontológica visa manter, restaurar e melhorar a capacidade funcional, mantendo o idoso ativo e independente o maior tempo possível.
As atividades grupais visam diminuir a ociosidade, proporcionando momento de interação com os demais residentes, um espaço aberto para troca de experiências e vivências. À medida que o ser humano envelhece, verifica-se uma nova estrutura familiar e socioeconômica, essas mudanças reduzem a perspectiva de uma pessoa idosa em residir no ambiente familiar, fazendo com que em algumas situações o idoso more sozinho ou escolha residir em uma instituição de longa permanência.
A participação dos idosos institucionalizados no grupo de Terapia Ocupacional favorece momentos de descontração e lazer; proporciona uma maior integração entre os residentes; cria um espaço de expressão e realização de atividades prazerosas; diminui o tempo ocioso na elaboração de novas ideias; melhora a autoestima. As atividades são adaptadas às necessidades e capacidades remanescentes, despertando o interesse em participarem do coletivo.
Trata-se de um espaço que cria oportunidades para que os idosos utilizem suas capacidades em atividades que dignifiquem a sua existência. É muito comum ouvir algumas frases durante os grupos de Terapia Ocupacional, como: – Não sei fazer… – Não sirvo para isso… – Não gosto de nada muito parado.
O desafio ocorre a cada dia, pois nem sempre estão dispostos ou mesmo com alguma motivação, olhares sérios de um ser que já apresenta certas limitações e muitas vezes dependentes, devido determinadas patologias, mas é muito bom ver o sorriso surgir, por mais que seja breve. Alguns preferem ficar no mundo a parte, aceitando a nova condição e convivendo com sua nova realidade.
Conclusão
Ainda se tem muito a alcançar, um caminho árduo a trilhar, pois quando o trabalho acontece com idosos deve-se ter em mente que a situação atual requer uma abordagem multiprofissional (por toda uma equipe). O importante neste sentido é olhar o envelhecimento em sua complexidade como um processo multidimensional (físico, psicológico, sociocultural e econômico).
É importante favorecer aos residentes de instituição de longa permanência um espaço terapêutico de troca de experiências e vivências, interação social e diminuição da ociosidade, motivando-os ao resgate pessoal de uma plena realização nessa fase da vida.
Referências
ALMEIDA, Rafaela Rocha. A Terapia ocupacional como recurso para idosos institucionalizados – Um estudo da avaliação das necessidades ocupacionais. Faculdade de Ciências Médicas, Universidade de Lisboa, agosto, 2011.
* Alessandra do S. Moura Furtado Machado – Terapeuta Ocupacional pela Universidade do Estado do Pará-UEPA. Pós-Graduação (Especialização Aplicada à Neurologia Infantil /Modalidade extensão Universitária), pela UNICAMP, atualmente trabalha no Instituto Pequenas Missionárias de Maria Imaculada /Sanatório Maria Imaculada (residência de idosos) em São José dos Campos-SP. Email: alessandra.furtadomachado@yahoo.com.br