Policiais do Setor de Investigações Gerais (Sig) da 4ª Seccional Norte descobriram, no final da tarde de anteontem, uma quadrilha acusada de aplicar um golpe em mais de 100 aposentados e com isso arrecadar pouco mais de meio milhão de reais. O office-boy Gleidison Vieira da Silva, 23 anos, foi detido no suposto escritório da empresa, na Rua Refontoura, em Lauzane Paulista, Zona Norte da Capital.
Ivan Ventura
Os policiais procuram agora o líder do bando, identificado como Reginaldo Aparecido de Almeida, 31 anos. Ele fingia ser advogado durante o dia, mas à noite transformava-se no travesti Gigi. Todo o dinheiro arrecadado no crime foi usado na compra de bens materiais e, principalmente, no pagamento de cirurgias plásticas para o travesti.
Os policiais realizaram mais de dois meses de investigações até chegar em Silva. No escritório foram encontrados 42 carteiras de trabalho, além de documentos do INSS. Depois de preso, o office boy confessou a participação no bando, que estaria agindo há 3 anos.
O delegado-titular do SIG, Fábio Amaral Alcântara, contou que para chegar às vítimas o travesti infiltrou os comparsas em pelo menos três hospitais: Hospitais das Clínicas, Iguatemi e Universitário (onde teriam atraído pelo menos 50 idosos). A polícia suspeita que grupo estivesse agindo também em outros locais.
No hospital, os comparsas de Almeida entravam em contato com aposentados ainda nos leitos e ofereciam os serviços da “empresa”: a retirada do documento de aposentadoria junto ao Instituto Nacional da Seguridade Social INSS. O atrativo no golpe era a promessa de certas vantagens, como uma quantia maior no benefício mensal. O golpista exigia o pagamento imediato de um valor que variava de R$ 600 a R$ 9 mil.
Com os documentos do idoso, como carteira de trabalho e RG, Almeida dava entrada na aposentadoria e entregava o protocolo as vítimas. Dias depois os criminosos começavam a aplicar o golpe: entravam em contato com a vítima e exigiam mais dinheiro para liberar o cartão da aposentadoria, alegando que o valor seria usado no pagamento de taxas adicionais. “As vítimas sempre pagavam o valor exigido por causa da promessa dos benefícios prometidos pelo bando.”
A polícia investiga agora a participação de funcionários ou prestadores de serviços dos hospitais onde ocorriam os golpes. Os investigadores da SIG chegaram a vasculhar uma casa do travesti Gigi em Barueri, mas ele não foi encontrado. O delegado acredita que Gigi será preso nos próximos dias.
Fonte: Jornal da Tarde, 29/10/2004. Acesse Aqui