Sr. João sabe que o envelhecimento é um processo que ocorre ao longo de toda a vida e a saúde tem que ser um direito de todos. Na velhice, a pobreza, a baixa escolaridade e a desigualdade social são agravadas pelos preconceitos sociais em relação a idade, e mais ainda entre os negros, pelo racismo existente, prejudicando o acesso e atenção à saúde.
Sabrina Aparecida dos Santos (*)
Sr. João Batista Mariano, 62 anos, é residente há 50 anos do bairro Jabaquara na cidade de São Paulo. Ele se mudou para o bairro em 17/03/1969, com 12 anos de idade. Em entrevista, ele enfatiza esta data com muito orgulho por se sentir pertencente àquele território. Ingressou nos trabalhos sociais como liderança comunitária em 1987 no Centro para Crianças e Adolescentes (CCA). Trabalhou lá por 17 anos, após este período surgiu a oportunidade para atuar no conselho gestor de Saúde e ali permaneceu por mais 12 anos, lutando por recursos para a comunidade.
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Em 2002 tornou-se conselheiro do conselho dos idosos, responsável pela pasta dos idosos onde busca investimentos para serviços e recursos para a população idosa.
Sr. Jõao relata a carência de serviços de saúde no território, principalmente na saúde do idoso, estando em 3º lugar no ranking do município de São Paulo com 14% da população idosa. Mas não há serviços especializados na saúde do idoso.
Ele diz que as lideranças comunitárias estão lutando dia a dia em busca de serviços de referência, como a Unidade de Referencia à Saúde do Idoso (URSI), Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI), Centro Dia para Idosos (CDI), entre outros.
Sr. João sabe que o envelhecimento é um processo que ocorre ao longo de toda a vida e a saúde tem que ser um direito de todos, independente da fase da mesma. Na velhice, a pobreza, a baixa escolaridade e a desigualdade social são agravadas pelos preconceitos sociais em relação a idade, e mais ainda entre os negros, pelo racismo existente, prejudicando o acesso e atenção à saúde.
Após a entrevista com o Sr. João, pode-se comprovar múltiplas desvantagens, injustiças, desigualdade social, por gênero e raça… No território do Jabaquara constata-se a carência de serviços de saúde. E as dificuldades encontradas pelos líderes comunitários são imensas, dia a dia, uma luta Incansável.
Como entrevistadora, disponho-me a refletir como mulher e negra, filha de negra solteira. Até quando as oportunidades serão negadas? Até quando a população negra vai se deparar com as portas fechadas? Até quando as injustiças e as desigualdades sociais estarão presentes no nosso dia a dia? Até quando leis a favor da população negra serão engavetadas? Até quando nossas crianças e jovens negros serão sentenciados, sem o direito de viver e envelhecer?
(*) Sabrina Aparecida dos Santos é Terapeuta Ocupacional. Texto escrito para o Curso de Educação Continuada em Fragilidades na Velhice: Gerontologia Social e Atendimento, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, no primeiro semestre de 2019. E-mail: binaapsantos@hotmail.com
Serviço
Assista a entrevista na íntegra feita com o senhor João: https://drive.google.com/file/d/1AV62Oon4Q6gbeS5cr1LFZ3rHAOEFm2QC/view?ts=5d0bb145
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