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Ser idoso é o “novo padrão”

O destaque do Dia Mundial da Saúde (7 de abril) ficou por conta do progressivo envelhecimento da população mundial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que em poucos anos teremos mais pessoas acima de 60 anos do que crianças menores de cinco. E o problema não se restringe aos países ricos.

 

John Beard, diretor do Instituto para Envelhecimento e Planejamento de Futuro da OMS em Genebra explica: “Muitas pessoas ainda acreditam que isso só diga respeito aos países ricos e que seja uma preocupação restrita à Europa e ao Japão. Mas isso não é verdade”.

Beard alerta: “Atualmente, os países com renda baixa e média são os que passam pelos processos de envelhecimento mais rápidos. Em 2050, haverá 2 bilhões de pessoas idosas no mundo, e 80% delas viverão em países que atualmente classificamos como emergentes ou em desenvolvimento”.

Segundo relatório divulgado recentemente, os chamados países pobres e em desenvolvimento são os que estão passando por este “processo de envelhecimento” mais rapidamente. No Brasil, na China e na Tailândia, por exemplo, a porcentagem de indivíduos com 65 anos ou mais subiu de 7% para 14% em apenas duas décadas. Na França, o mesmo crescimento levou 100 anos para ser registrado.

É claro que tudo isto se deve graças aos avanços da medicina e, consequentemente, ao aumento da expectativa de vida e a valorização do bem-estar do indivíduo. Entretanto, há que se analisar os dois lados da moeda: de um lado vivemos mais e, de certa forma, bem. Por outro lado, preocupação: quanto mais se vive, maiores serão os riscos de uma pessoa desenvolver doenças próprias do envelhecimento.

Tendo como foco “o direito de envelhecer com qualidade de vida gozando de boa saúde”, Margaret Chan, chefe da OMS diz: “No passado, sempre falávamos no prolongamento da vida por alguns anos. Isso está certo, e os países estão conseguindo progressos enormes nesse sentido”.

Beard comenta, segundo estudos recentes, que os idosos morrem hoje das mesmas doenças, sendo este um fenômeno mundial: “Até mesmo nos países pobres, as causas de morte e invalidez mais comuns são doenças não infecciosas. Não se trata mais de doenças infecciosas ou problemas gastrointestinais. O que mais preocupa hoje são as doenças cardiovasculares, acidentes vasculares, demência e infecções respiratórias”.

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Hoje padecemos de um tipo de doença “democrática”, atinge a todos, não importando poder aquisitivo, condição social ou intelectual. Com sorte, todos nos passaremos pelos efeitos do envelhecimento. Mas, o que não podemos esquecer é que muitas das doenças podem ser evitadas por um estilo de vida saudável.

Qual a saída? Implementar uma política para incentivar, desde a infância, a prática de exercícios físicos, alimentação saudável e o não-consumo de álcool e cigarros, e a realização de exames médicos preventivos. Acredita-se que, assim, os riscos de problemas crônicos sejam sensivelmente diminuídos, possibilitando que a população mais velha participe de forma mais intensa na sociedade.

Nos países industrializados, a condição financeira faz uma enorme diferença. Significa seguro saúde e aposentadoria acessíveis aos idosos, garantindo assim uma vida relativamente tranquila.

Entretanto outro problema desponta como uma questão delicada: o papel da família na vida das pessoas mais velhas. Nos países africanos e asiáticos, a velhice não é considerada um problema, pois os idosos são tradicionalmente cuidados por suas famílias.

Mas, Beard alerta que esta situação se transformará no futuro – rápida e dramaticamente: “Funcionava quando um casal tinha cinco ou seis filhos. Mas quando, de repente, dois filhos precisam cuidar de até dez idosos, fica difícil”. Ele sugere “medidas de auxílio por parte dos governos”. Mas, será suficiente? Talvez seja importante acrescentar palavras como sensibilização e generosidade por parte da sociedade e da iniciativa privada.

Monika Queisser, diretora do Departamento de Política Social da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) afirma: “Acredito que todos os governos do mundo se ajustem à transformação demográfica, lenta, mas seguramente. Observamos que, em todos os países da OCDE em que ocorrem reformas previdenciárias, a mobilização das mulheres no mercado de trabalho e a migração no contexto da transformação demográfica, por exemplo, se tornaram um problema”.

Segundo Beard, esperara-se que as mudanças demográficas tragam uma nova maneira de pensar no envelhecer: “Estatisticamente, uma pessoa é considerada velha aos 60 anos. Mas, no Ocidente, pessoas de 60 anos não são mais consideradas velhas. E, no decorrer do século, espera-se que 60 anos sejam considerados meia-idade”.

E com muita propriedade, Margaret Chan anuncia: “Ser velho é o novo padrão de normalidade”.

“Quando um homem de 100 anos termina uma maratona, como ocorreu no ano passado, temos que reconsiderar as definições convencionais de que significa ser velho. Já não se sustentam os estereótipos de séculos passados”, conclui Chan.

Referências

WITTE, C. (2012). Ser idoso é o “novo padrão”, anuncia OMS no Dia da Saúde. Disponível Aqui. Acesso em 15/04/2012.

JORNAL DO BRASIL (2012). Dia Mundial da Saúde é dedicado aos idosos. Disponível Aqui. Acesso em 15/04/2012.

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