Hoje vários estudos demonstram que o uso irracional de medicamentos é um sério problema de saúde pública com grandes consequências econômicas, acarretando gastos de 50 a 70% mais altos dos recursos das famílias e governos destinados a medicamentos.
Recente estudo conduzido pelo Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade (ICTQ) demonstra que o uso irracional de medicamentos pelo brasileiro é cultural.
Para a Organização Mundial de Saúde, o uso racional de medicamentos ocorre quando a pessoa adoecida recebe o fármaco apropriado à sua necessidade clínica, na dosagem e posologias corretas, por um período de tempo adequado e ao menor custo para si e para a comunidade. Portanto, o uso irracional é exatamente seu contrário.
Hoje vários estudos demonstram que o uso irracional é um sério problema de saúde pública com grandes consequências econômicas, acarretando gastos de 50 a 70% mais altos dos recursos das famílias e governos destinados a medicamentos.
Dentro da nomenclatura uso irracional de medicamentos, estão incluídas várias situações tais como: a sobreprescrição e o sobreuso (quando há prescrição excessiva – em doses e quantidades acima do requerido – ou uso exacerbado de, por exemplo, injetáveis para a gripe); a polimedicação ou polifarmácia (excesso de medicamentos tomados por dia); uso de um medicamento errado para uma condição específica (como exemplo utilizar antibióticos para doenças virais) e a prescrição múltipla (utilizar dois ou mais medicamentos, quando apenas um alcançaria o mesmo efeito), dentre outras.
O problema do uso irracional não se restringe apenas ao viés econômico, mas a problemas com efeitos colaterais, eventos adversos, resistência bacteriana, dependência física e psíquica, etc. Daí sua importância para a saúde pública, já que não apenas pode causar problemas para quem utiliza a medicação como, no caso da resistência bacteriana, privar pessoas de tratamentos eficazes.
Mas, voltando à pesquisa do ICTQ, observou-se que:
– 47% dos brasileiros se automedicam com fármacos prescritos pela família, amigos, colegas de trabalho e vizinhos, sem conhecimento de possíveis interações com os medicamentos que já toma regularmente ou das doses adequadas que devem ser utilizadas;
– 46% tomam os medicamentos a qualquer hora, em intervalos maiores ou menores que os adequados;
– 44% carregam medicamentos na bolsa ou carteira sem se preocupar com exposição ao sol ou umidade, condições que interferem na ação destes;
– 36% ingerem superdoses de medicamentos acreditando obter efeitos mais imediatos e sem conhecer as reações que podem acontecer com esta prática;
– 32% não olham a data de validade do medicamento antes de consumir;
– 7% consomem medicação por indicação do Google.
Esta é uma pesquisa interessante, realizada em 16 capitais brasileiras, de todas as regiões do país, ouvindo 2.340 pessoas, em uma amostra ponderada e aleatória. A margem de erro foi de dois pontos percentuais para mais ou menos, com intervalo de confiança de 95%.
E você, se identificou com alguns dos comportamentos constantes desta pesquisa?