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Resultados da pesquisa “Quem cuidará de nós em 2030?” são apresentados em Embu das Artes

O foco do debate foi sobre a opinião de 113 Conselheiros Municipais a respeito dos cuidados e serviços disponíveis nos Municípios da Grande São Paulo (RMSP) e “Como gostariam de serem cuidados em 2030?”. O debate aconteceu no dia 20 de abril, no salão de Conferências do Parque do Lago Francisco Rizzo. Disponível Aqui.

Bernadete de Oliveira

 

A pesquisa “Quem Cuidará de Nós em 2030?” – que está na sua segunda etapa, denominada “Método Delphi Eletrônico para Prospecção da Atenção à Saúde do Idoso na Região Metropolitana de São Paulo” – foi apresentada por Ruth Gelehrter da Costa Lopes, coordenadora do Núcleo de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento, da PUC-SP, e certificado pelo CNPq, onde a pesquisa está sendo desenvolvida. A primeira etapa, iniciada em agosto de 2011, esteve centrada no Trabalho de Campo, entrevistando Conselheiros de Saúde e Conselheiros do Idoso. Desde então vem divulgando os Resultados Preliminares encontrados: “Mas, é a primeira vez que apresentamos os resultados preliminares a munícipes, na comunidade”, disse a pesquisadora.

Lopes explicou o porquê de 2030, fazendo referência ao pico demográfico da população Brasileira nesse ano, quando as estimativas mostram o registro de 206,8 milhões de habitantes e 28,9 milhões de idosos, ou seja, 14% da população total (IPEA, 2010). Ela lembrou que a França levou mais de um século para a população idosa atingir 14%, EUA 70 anos e Espanha 40 anos.

Quando Stefany Mari Taguchi Carvalho, aluna de Psicologia e Iniciação Científica da PUC-SP, comentou que “Já na cidade, muitas vezes, a ida até o local da entrevista era a pé enfrentando logo cedo sol, ladeiras, calçadas irregulares, paisagem urbana com muitas indústrias, poluição e trânsito – da periferia sem recursos ao centro melhor equipado”, alguns convidados disseram: “Ladeiras? É aqui… é aqui.” Ela respondeu que se tratava do relato sobre dificuldades encontradas no trabalho de campo realizado nos 39 municípios da Grande São Paulo, e não especificamente na Cidade de Embu das Artes.

Bernadete de Oliveira, doutoranda em Ciências Sociais da PUC-SP e coordenadora executiva da pesquisa na RMSP, contextualizou a pesquisa de campo, enfatizando a importância da equipe e do planejamento para sua execução. Relatou a estratégia para conseguir entrevistar os representantes das 39 Secretarias Municipais de Saúde: “solicitamos Conselheiros do Segmento Gestor e algumas vezes (10) recebemos indicação e entrevistamos Conselheiros do Segmento Trabalhador. Dos 39 municípios apenas dois (2) Caieiras e Juquitiba não indicaram Conselheiros Usuários”.

Oliveira disse ainda que, “por outro lado, das questões encontradas em 33 cidades nas quais o Conselho do Idoso participou, destacamos o momento do agendamento de entrevista com idoso (sociedade civil) quando a maioria dos Conselhos (18) indicou representante do segmento governamental; mostrando que em algumas cidades o Conselho do idoso não estava ainda implantado e evidenciando em outras que recusavam a indicação do conselheiro idoso baseando-se no fato dele não estar preparado”.

Como gostaria de ser cuidado?

Bernadete de Oliveira também apresentou algumas das respostas dadas pelos representantes de Conselhos da RMSP quanto à pergunta da pesquisa “Como gostaria de ser cuidado?”. São elas:

Eu quero liberdade em 2030. Saber que vou chegar à unidade de saúde, ser bem atendida e bem orientada. Pois, muitos pacientes saem da unidade sem saber por que está tomando aquele remédio. Não é orientado sobre qual tipo de cuidado deve ter com a própria saúde. O município, inclusive, é carente de educação. E tem também o senso comum, que muitas vezes atrapalha as ações em saúde. Conselheiro de Saúde – Segmento Gestor.

Gostaria de ser cuidada na minha casa. Com saúde e com um envelhecimento saudável. De acordo com o conhecimento que tenho agora: com assistência médica necessária e respeito a minha idade. Eu já luto e vou continuar lutando para que isso aconteça para todos idosos do Brasil. Conselheiro de Saúde – Segmento Usuário.

Ter um cuidado assim como os políticos nos hospitais. São tantas cirurgias que fazem. Tão fácil. A gente fica aí, cinco, seis anos esperando. Eu ajudo muito as pessoas, e vejo o sofrimento. O que não quero para mim, também não quero para outras pessoas. Gostaria que chegasse o dia de todos serem cuidados iguais, porque todos os velhos ajudaram a construir este país. As pessoas deveriam ter essa consciência: cuidar com igualdade. Conselheiro de Saúde – Segmento Trabalhador.

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Na verdade, eu gostaria de ser independente, mas é impossível. Como eu gostaria de ser cuidada? Eu gostaria que meus filhos tivessem a mesma consciência que eu tenho em relação a minha mãe, com a minha sogra e com o meu marido, mas eu acho que isso vai ser muito difícil, porque o mundo não oferece isso hoje. A vida é muito corrida, eles têm que preparar o lado profissional, eu acho que vai ser muito difícil. Daqui a vinte anos, eu estarei com 80 anos. Eu tenho uma nora que está hoje com 24 anos, ela terá 44 anos. Ela não pretende ter filhos tão já, ela vai estar com os filhos na adolescência, não vai se preocupar comigo e eu não acho errado. Eu também com 44 anos tinha os meus, mas minha mãe não estava com oitenta anos. Os órgãos públicos tem que se preocupar e se preparar, criar programas para nos acolher, com pessoas capacitadas, porque isso não existe ainda. Conselheiro do Idoso – Segmento Sociedade Civil.

Espero ter a saúde que eu tenho hoje e ser bem cuidada, primeiro no plano familiar que é à base de tudo, uma família que cuida e que te dê atenção, carinho e amor. Porque sentimos o abandono da família quando fazemos as visitas nos asilos, saímos de lá felizes por estar fazendo o bem e ao mesmo tempo tristes diante de uma realidade que não é a que condiz com a que esperamos para nós: que meu filho cuide de mim se eu chegar aos oitenta anos. Conselheiro do Idoso – Esfera Governamental.

Debate

No debate, um conselheiro começou a enunciar os problemas do município sem qualquer tentativa de solucioná-los e uma líder comunitária contrapôs uma ação dos moradores de sua rua, utilizando recipientes (tambores) reciclados para juntar o lixo (até a prefeitura recolher): “O lixo ficava espalhado pelas calçadas, causando transtorno para os pedestres e tornado criadouro de insetos e ratos. A rua de trás também está fazendo o mesmo agora”.

Um cidadão falou sobre a importância de registrar a memória do idoso na família e na comunidade, porém com certo saudosismo… Lembramos que o “Tempo não para” (como disse o Poeta), por isso é importante viver o presente e conhecer o passado para podermos projetar (planejar) o futuro.

Sobre o Sistema Único de Saúde, concordamos que suas diretrizes (idealizadas) precisam ser estudadas, conhecidas e debatidas para planejar e implantar a atenção à saúde qualificada e eficaz nos municípios. Para isso a participação de cada cidadão é fundamental para que todo o coletivo (público) seja beneficiado.

O convite

As pesquisadoras Ruth Gelehrter da Costa Lopes, Bernadete de Oliveira e Stefany Mari Taguchi Carvalho, da PUC-SP, foram convidadas por Paulo Vicente dos Reis, secretário-adjunto da Secretaria de Participação Cidadã do Município, após elas terem apresentando a pesquisa em um evento aberto ao público promovido pelo Pós em Gerontologia, na própria PUC.

Paulo as encontrou em frente ao Teatro Tuca (PUC-SP) às 8h30 minutos para transportá-las até Embu das Artes. No caminho relatou a escolha do nome Embu das Artes (antes era apenas Embu) feita pela população por meio do plebiscito, em maio de 2011 e o sancionamento pelo Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em setembro.

Segundo Paulo, as placas que indicam a entrada da cidade estão sendo trocadas de Embu para Embu das Artes. Disponível Aqui  (na Rodovia Regis Bittencourt e no Rodoanel). Assim, moradores e turistas, que vêm em busca do artesanato local, identificam a cidade que tem as artes como atividade principal.

O evento começou por volta das 11 horas, a Secretária Municipal de Saúde, Dra. Sandra Magali F. Barbeiro. Disponível Aqui, deu as boas vindas às palestrantes e à aproximadamente 80 convidados, identificados como lideranças comunitárias, funcionários municipais (de diferentes secretarias), Conselheiros do Idoso e da Saúde, vereadores e seus assessores e muitos moradores idosos. Lembrou a importância desta pesquisa como forma de difusão de conhecimento sobre diferentes realidades da população, do envelhecimento, da saúde e do idoso.

Paulo, por sua vez, ressaltou que atua na cidade de Embu das Artes e convidou a todos para “o Debate: Quem cuidará de nós em 2030?, realizado em nossa cidade, que atualmente atende cerca de 1500 idosos proporcionando várias atividades, além de contar com um Centro de Referência do Idoso que discute e articula a política com outros segmentos, preconizando a garantia de direitos”.

As pesquisadoras relataram o imenso prazer em apresentar e debater parte dos resultados da pesquisa Quem cuidará de nós em 2030?, no município de Embu das Artes. Após o debate, as pesquisadoras almoçaram, caminharam pelas lojas e feiras de artesanato e retornaram a São Paulo, na companhia do Sr. Pedro Lopes Gerônimo, que gentilmente as transportou.

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