Em muitos momentos nos perguntamos o que move as pessoas a agirem de forma tão má e agressiva? O quanto da destruição hitleriana existe em cada um de nós? O que será preciso para detonar a bomba interna do mal? Ou: “Por que pessoas boas fazem coisas ruins?” Bem, este é o subtítulo do livro de James Hollis, analista junguiano, “A Sombra Interior” (Editora, Novo Século).
Essa pequena introdução representa apenas uma reflexão para iniciarmos um recorte sobre os vários atos de violência – “do Oiapoque ao Chuí” – contra os idosos, tema presente nos noticiários e de grande preocupação da sociedade e órgãos governamentais.
Tocantins
Em Tocantins, o Conselho dos Direitos da Pessoa Idosa (COMDIPI), vem lutando contra a violência. A presidente do Conselho, Simone Fontenelle em declaração à imprensa disse que em Palmas há cerca de dez mil idosos acima dos 60 anos que, em sua maioria, vivem em situação de risco e que necessitam de mais cuidados e atenção. Segundo ela, “É necessário fazer um trabalho rigoroso para assegurar os direitos da pessoa idosa na saúde, na assistência social e em qualquer outra área”.
Em reunião realizada em janeiro, os principais pontos destacados foram: o enfrentamento à violência contra o idoso, ações e projetos que garantam o envelhecimento com qualidade de vida e local adequado para instalação dos idosos.
Para a conselheira Zilma Célia, da Pastoral do Idoso, “O enfrentamento à violência contra a pessoa idosa tem sido uma das principais lutas que enfrentamos todos os dias”.
Se pensarmos que já ouvimos de tudo sobre violência, estaríamos redondamente enganados. Saltando de polêmica em polêmica, chegamos na mais recente, agora vindo diretamente do Reino Unido: “Várias empresas privadas de solidariedade social terão contratado criminosos condenados para tratar de idosos”. A matéria do site TVI24 informa que a notícia “é dada pelo Telegraph que dá conta que estes indivíduos, alguns com passado violento, prestam cuidados na casa dos idosos”.
Ainda, segundo a investigação, os criminosos trabalham sem qualquer controle pelas autoridades e em muitos casos sem qualquer avaliação de risco. Uma das empresas contratou 23 criminosos alguns condenados por roubo e agressão violenta. A lei britânica não impede a contratação de criminosos, mas obriga a que seja veja vigilância e avaliações de risco.
Que condição de fragilidade é essa em que vivemos que nos expõem a todo e qualquer tipo de desrespeito, independente da faixa etária que estamos? Uma questão que incomoda e que, muitas vezes, escondemos debaixo de nossos tapetes privados.
Buenos Aires
Sylvia Colombo, jornalista, correspondente da Folha de S.Paulo em Buenos Aires conta: “Sábado de manhã. Saio para fazer algumas compras e tirar dinheiro do banco. Quando me aproximo da entrada de um caixa automático, numa esquina do bairro nobre de Palermo Parque, vejo uma mulher de por volta de 65 anos entrando. Ela passa, eu coloco suavemente a mão na porta, indicando que também desejo passar.
Em vez de me deixar entrar, ela faz uma cara feia. Segura a maçaneta e força para que se feche, comigo do lado de fora. Eu me assusto com a grosseria e dou um passo para trás. Primeiro, tenho vontade de insultá-la, depois penso duas vezes e, de certa forma, entendo porque agiu assim”.
– Primeiro motivo: cultural. “O argentino é muito apegado ao dinheiro. Dizer ‘avarento’ seria dar cores extremas ao comportamento, mas a coisa sempre vai mais nessa direção do que na da generosidade”.
– Segundo motivo: conjuntural. “Nos últimos três meses, produziram-se nada menos que 36 casos de assaltos com violência a pessoas de idade. Cinco morreram, a maioria saiu com marcas no rosto ou no corpo dos golpes aplicados. São nada menos que dois casos por semana”.
Relatos
– María Garófalo, 85, moradora de La Plata. “Quatro homens encapuzados entraram em sua casa, a golpearam e pediram o dinheiro de sua aposentadoria. Como ela recebe o pagamento da Itália, os assaltantes imaginaram encontrar economias em euros.
– Outras duas senhoras maiores de 70 que viviam juntas em um edifício próximo ao Obelisco. “Desta vez, três encapuzados entraram em seu apartamento, as mantiveram cativas por duas horas e levaram dinheiro em efetivo e outros objetos pessoais”.
Sylvia se pergunta: “Por que os velhos estão na mira dos criminosos? De certa maneira, tem a ver com o ‘corralito verde’, o cerco ao dólar que o governo vem promovendo desde outubro do ano passado. A mania dos argentinos de guardar dinheiro em casa por não confiarem nos bancos faz com que, numa época como essa, de escassez da moeda norte-americana no mercado, os domicílios sejam vistos com mais cobiça. Pessoas de idade tendem a ter mais dinheiro acumulado em casa, pelo fato de o estarem economizando por mais tempo”.
Agressões assustadoras
– Em La Plata, deixaram um homem de 81 anos por 16 horas numa banheira enquanto o roubavam.
– Na mesma cidade, fraturaram o crânio de um outro, de 75.
– Em Miramar, os ladrões asfixiaram uma mulher de 90 anos com uma calça.
– Em Carapachay, mataram outra, de 81, que morava sozinha, levando todas suas economias. – Em Villa Pueyrredón, uma mulher de 80 morreu de infarto quando entraram em sua casa.
– Em Mar del Plata, torturaram mais uma, de 86.
Em sua matéria Sylvia fala especificamente sobre casos de violência em Buenos Aires, mas o que nos deixa realmente assustados é saber que esse tipo de notícia vem se tornado rotina nos noticiários: é a banalidade do ato. Sim, como afirma a jornalista: “as histórias são brutais” e covardes.
Referências
COLOMBO, S. (2012). Violência contra idosos. Disponível Aqui. Acesso em 01/08/2012.
PORTAL NORTE (2012). Maus-tratos na família lideram ranking de violência contra idosos. Disponível Aqui. Acesso em 28/07/2012.
TVI24 (2012). Empresas britânicas contratam criminosos para cuidar de idosos. Disponível Aqui. Acesso em 15/10/2012.
CONEXÃO TOCANTINS. Sedes debate direitos dos idosos em Palmas. Disponível Aqui. Acesso em 22/01/2013