A pesquisa “Quem Cuidará de Nós em 2030?” teve início no dia 17 de agosto, quando iniciamos no Alto do Tietê, Região Metropolitana de São Paulo, sua primeira etapa de trabalho de campo. Nesta etapa, os pesquisadores da PUC-SP, Cleber (Mestrando do Pós em gerontologia), Juliana (Iniciação Científica-curso Psicologia campus Barueri), Bernadete (Doutoranda-Ciências Sociais), Mariane, Stefany e Giovana (IC-Psicologia campus Perdizes), foram para Salesópolis, Suzano, Mogi das Cruzes, Ferraz de Vasconcelos, Poá e Itaquatucetuba, respectivamente; com o objetivo de entrevistar representantes dos Conselhos Municipais da Saúde e do Idoso a respeito dos cuidados e serviços de saúde disponíveis no Município que representam, e quais cuidados e serviços de saúde consideram necessários às pessoas idosas em um futuro não distante.
Bernadete Oliveira
As entrevistas, que se tornarão públicas no ano que vem, foram agendadas com os representantes de Mogi das Cruzes no Pró-Hiper (Centro Integrado da Saúde do Idoso), que fica no espaço do Centro Municipal Integrado e oferece atividades de hidroginástica, musculação e informática para idosos. Observei que os idosos que estavam ali pareciam satisfeitos com as atividades oferecidas. Conversei com algumas pessoas idosas que falaram da alegria de participar da Hidroginástica, e que estavam ali porque uma amiga havia convidado. Como fiquei neste local durante cinco horas a impressão que tive foi que Mogi tem muito idoso!
O Pró-Hiper, inaugurado há 3 anos é o Primeiro Centro que evidencia o idoso em Mogi, são 3.000 idosos cadastrados, atende aproximadamente 500/dia. Equipe composta por Educadores Físicos, Médico e Enfermagem. Têm esteiras, aula de dança, sauna e duas piscinas, além de equipamentos para realizar exercícios de coordenação motora e equilíbrio.
Antes de começar qualquer atividade a enfermagem verifica a Pressão Arterial e Glicemia dos idosos. Fabrício Nogueira de Machado, Educador Físico, mostrou o Centro e informou que a maioria teve problemas de Pressão Alta, e hoje esta maioria tem a pressão controlada pela prática de atividade física e adesão a orientações quanto a medicamentos e alimentação. Se descompensar não participa das atividades. Todos têm um cartão de identificação onde é anotado pressão e glicemia.
Também é realizado alongamento com música de época, passado recados e feito confraternização antes de cada atividade. A Hidroginástica começa às 7 horas da manhã, com até 50 alunos em cada piscina. Fabrício lembra que tem uma idosa que entrou aos 70 anos pela primeira vez em uma piscina.
Há no Centro um terminal de Computador que possibilita agendar consultas médicas: Sistema Integrado de Saúde (SIS). É um cadastro único dos moradores de Mogi que utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS). Três dias após o agendamento no terminal o morador recebe um telefonema confirmando a consulta, local, horário e especialidade.
Trocaram olhares e Iraci começou a rir… contando que a amiga Maria José ficou viúva faz alguns anos e que há pouco tempo se casou aqui em Mogi com um ‘moço de 40 anos’. Só então, entre olhares e risos, me confessaram que levariam um marido jovem para as idosas viúvas do Brasil!
Elizabete contou que tem a mãe acamada há mais de dois anos por AVE também. Ela era quem cuidava da mãe, mas desde o começo do ano está trabalhando no Centro e o pai começou a cuidar da mãe. Segundo ela, o pai não aguentou, por isso também teve AVE. Agora ela paga uma pessoa que ajuda a cuidar dos dois – uma cuidadora.
Perguntei a ela: o que Mogi tem de bom? O que ela levaria de Mogi para o Brasil? Tive uma resposta um tanto quanto inusitada: “Levaria o Plano Funerário, que é para sete pessoas da família, pago por 3 anos. Porque tem um chamariz, durante este tempo é oferecido benefícios como ambulância uma vez por mês, a gente paga metade do preço no aluguel de cama hospitalar, cadeiras de rodas. Essas coisas ajuda.”
Ela continuou: “Acho bom o Plano Funerário, você acha que nunca vai usar. Quando minha tia morreu teve que fazer empréstimo. Meu outro tio morreu já tinha tudo. Uma coisa útil.” Elizabete também disse que o atendimento domiciliar é bom, mas é só para as áreas rurais, afastadas da cidade. “Esse atendimento deveria ser em todos os lugares, na cidade também, porque todas as pessoas têm direito.”
Assista o vídeo que mostra algumas das atividades: Acesse Aqui