O profissional de Psicologia deve promover acolhimento e conforto em uma situação de crise; compreender as necessidades individuais de cada pessoa; oferecer informações de modo delicado e progressivo; identificará o que pode ou não aumentar o bem estar; conhecerá seus valores sociais, culturais e espirituais; respeitará sua autonomia, fará com que a pessoa se sinta cuidado até o fim, diminuindo as suas incertezas sobre a morte.
Simone de Cássia Freitas Manzaro *
Todo esse processo é muito sofrido tanto para o paciente como para sua família, principalmente quando se sabe que já não há mais o que ser feito. A família muitas vezes preza por prolongar a vida por meio dos meios tecnológicos, pois ainda não está preparada para perder seu ente querido.
Aceitar a situação ou deixar quem amamos partir se torna uma tarefa árdua e sofrida.
Bem, se não se pode chegar à cura, então manter a qualidade de vida enquanto esta ainda existir torna-se a prioridade.
Neste momento, entra em cena um cuidado muito especial, chamado de cuidado paliativo, que é um tipo de intervenção de saúde, que tem como principal objetivo o alívio da dor e controle de outros sintomas que poderão surgir, bem como promover uma melhor qualidade de vida a este paciente.
É importante salientar que os cuidados paliativos não têm a intenção de apressar ou retardar o processo de morte, e sim, objetiva promover conforto, aliviando sofrimento, para que este paciente possa ter uma morte mais digna.
E dentro deste contexto, o que pode a Psicologia fazer?
O psicólogo atuará frente à terminalidade com a escuta do paciente e de sua família, aliviando os sintomas que possam surgir, auxiliando que ambos possam ter uma melhor aceitação e compreensão do processo de morte e trabalhará a capacidade de enfrentamento da situação. O profissional de Psicologia deve promover acolhimento e conforto em uma situação de crise; deve compreender as necessidades individuais de cada pessoa; deve oferecer informações verdadeiras de modo delicado e progressivo; identificará o que pode ou não aumentar o bem estar do paciente; conhecerá seus valores sociais, culturais e espirituais; respeitará sua autonomia, fará com que o paciente se sinta cuidado até o fim, diminuindo as suas incertezas sobre a morte.
O psicólogo será um mediador entre o paciente e a família, garantindo que suas vontades e desejos sejam respeitados. Também trabalhará na relação interpessoal entre paciente, família e equipe de saúde.
Com a família, terá a função de prepará-la para enfrentar as fases do morrer e auxiliar no alívio das angústias frente ao paciente. E a equipe de saúde também deve ser acompanhada, pois está a todo o momento ante a morte, podendo em muitas vezes não saber lidar com ela, o psicólogo deve ajudar essa equipe a falar sobre esse fato da vida.
O que propomos é a construção de um cuidado mais humanizado e engajado diante das necessidades apresentadas pelo doente, principalmente com relação à sua dignidade, autonomia e participação no processo de morrer, nosso papel será de acolher esse paciente e sua família com todo respeito e cuidado possível.
O que não podemos deixar de fazer é aliviar o sofrimento do outro enquanto temos a possibilidade de fazê-lo, e principalmente de entender que no processo da vida existe uma hora de chegar e uma hora de partir.
É necessário encontrar o melhor caminho para tratar a dor do outro!
* Simone de Cássia Freitas Manzaro – Psicóloga formada pela Universidade Nove de Julho, realiza atendimento psicológico de adultos e idosos. É voluntária na Associação Brasileira de Alzheimer-ABRAz. Possui experiência em estimulação cognitiva para pacientes com demências, principalmente Demência de Alzheimer; atua também com estimulação cognitiva preventiva; Realiza consultoria gerontológica, orientando familiares e cuidadores, criando estratégias e atividades para lidar com o paciente no dia a dia, supervisionando treinamento prático. É membro colaborador do site Portal do Envelhecimento. Email: simonemanzaro@gmail.com