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Portugal: situação dos idosos sem rendimentos tende a agravar-se

Um inquérito da revista Proteste, que envolveu 690 portugueses, revela que 67% dos idosos que vivem em lares têm um rendimento inferior à mensalidade da instituição, tendo de recorrer a poupanças ou à família para conseguir pagar a instituição.

DN Portugal *

 

“Este estudo identifica claramente um grande problema: há um desfasamento cada vez maior entre a oferta existente e a procura deste tipo de estrutura”, disse à agência Lusa Bruno Campos Santos, da revista Proteste.

Bruno Campos Santos explicou que “a esperança de vida está a aumentar e a pressão da fatia dos idosos está a ser mais rápida do que o crescimento da resposta ao aprofundamento das necessidades, que sempre existiram, mas que agora se colocam com maior premência”.

Segundo o INE, em 2050 um terço da população portuguesa será idosa. Atualmente, de acordo com os censos 2011, os indivíduos com mais de 65 anos representam já cerca de 20% da população.

“O caminho que se está a fazer é claramente o de agravamento deste problema”, disse o técnico, considerando que a resposta ao problema passa por um maior envolvimento do Estado.

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Tem de haver “um aumento do envolvimento do Estado na construção de respostas para este problema, seja ao nível da criação ou desenvolvimentos de estruturas próprias, seja através dos acordos que estão a ser estabelecidos com instituições de solidariedade social, que têm aqui um papel relevantíssimo”, sublinhou “Terá de ser por aqui o caminho para tentarmos minimizar o impacto deste problema”, comentou.

Bruno Santos alertou que há lares que apresentam um determinado tipo de oferta e depois não cumprem, porque “os custos não permitem que haja essa correspondência”, explicou.

O inquérito revela que 17% dos lares não cumprem com as atividades prometidas, 17% apresentam custos inesperados no final do mês, “uma pressão adicional sobre as famílias” e 12% reportam o aumento inesperado da mensalidade, numa altura em que “os orçamentos familiares estão com elasticidade zero”, adiantou.

Bruno Campos Santos adiantou que “o desejável” seria que a fiscalização conseguisse controlar todas estas situações, mas é preciso compreender que “há hoje uma margem do sistema que vive na ilegalidade”.

“Todos nós sabemos de casos de proprietários de lares que fecham na rua A e passados uns dias abrem na rua B”, comentou, adiantando que as famílias têm de ter “um papel de escrutínio”.

“É fundamental que as famílias se informem sobre as condições que um lar tem de apresentar para funcionar”, disse, acrescentando: “Não podemos pensar que a fiscalização consegue estar permanentemente a acompanhar a criatividade destes proprietários de lares ilegais”.

O estudo, que decorreu em março de 2012 em Portugal, na Bélgica, na Espanha e em Itália, envolveu uma amostra da população entre os 50 e os 65 anos, tendo como destinatários familiares de utentes de lares que acompanharam o processo de institucionalização.

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