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Por que meu filho com quase 60 anos pensa que sabe como desejo morar na velhice?

Quando penso a “minha casa”, refiro-me ao ambiente como um todo, incluindo elementos de composição, espaço disponível e funcional, atmosfera aprazível e condições de uso desse lugar. Pensamos nossas casas de modo diferente, e não somente por uma diferença de gerações, mas porque as personalidades são construídas com influência do meio. Não há como imaginar como o outro deve morar, nem mesmo quando laços de sangue ou de amor sugerem que idealizar uma convivência harmônica a partir de decisões unilaterais possam gerar um resultado positivo.

Maria Luisa Trindade Bestetti *

 

Estamos vivendo um período de transição. A longevidade aumentando, a natalidade decrescendo e o ritmo de vida contemporâneo impondo o investimento em formação para que, depois, o jovem profissional busque seu espaço no mundo do trabalho, diminuindo drasticamente a disponibilidade de cuidadores familiares para o atendimento a parentes idosos.

Ainda existe um julgamento da sociedade sobre a possibilidade de institucionalizá-los, porém geralmente há prejuízos emocionais e até financeiros quando as acomodações são organizadas sem que se leve em consideração a privacidade, os desejos e as necessidades de todos que convivem sob o mesmo teto.

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Por outro lado, a velhice é heterogênea e depende de fatores individuais para que se caracterizem fragilidades. Autonomia e independência proporcionam uma velhice digna e feliz, mesmo quando algumas atividades passam a ser ajudadas, e o cuidador assume seu papel de agir como uma extensão do outro, enquanto o auxilia.

Muitos filhos, por excesso de zelo, passam a controlar as ações dos idosos e a limitá-los, sem ao menos considerar o efeito negativo que culmina na sensação de inutilidade. Manter papéis anteriormente característicos é um meio de manutenção da autoestima e do protagonismo, e são os elementos extrínsecos que devem ser avaliados para, então, garantir a segurança e o conforto.

Quando penso a “minha casa”, refiro-me ao ambiente como um todo, incluindo elementos de composição, o espaço disponível e funcional, a atmosfera aprazível que apresenta e as condições de uso desse lugar. Mesmo entre pais e filhos, pensamos nossas casas de modo diferente, e não somente por uma diferença de gerações, mas porque indivíduos têm personalidades que são construídas com influência do meio.

Portanto, não há como imaginar como o outro deve morar, nem mesmo quando laços de sangue ou de amor sugerem que idealizar uma convivência harmônica a partir de decisões unilaterais possam gerar um resultado positivo.

Quando o idoso mora com familiares, é importante a participação de todos nas decisões sobre o compartilhamento do espaço, criando condições seguras sem eliminar aspectos estéticos que imprimam beleza de acordo com o padrão do grupo. Por outro lado, idosos morando sozinhos podem ser protagonistas de suas atividades desde que a casa garanta a segurança e o conforto, facilitando a atuação do eventual cuidador. Assim, cada pessoa tem sua própria perspectiva de como deseja morar e reconhecer isso é um exercício de tolerância daqueles que pretendem o melhor ao seu parente idoso.

* Maria Luisa Trindade Bestetti é arquiteta e pesquisa sobre as alternativas de moradia para idosos no Brasil, especialmente sobre a habitação mas, também, o bairro e a cidade que a envolvem. Ser modular significa harmonizar todas as etapas da vida, atendendo desejos e necessidades. Saiba mais Aqui 

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