Estamos envelhecendo, estamos envelhecendo, estamos envelhecendo, só ouço isto. No táxi, no trânsito, no banco, só me chamam de senhora. E as amigas falam “estamos envelhecendo”, como quem diz “estamos apodrecendo”. Não estou achando envelhecer esse horror todo. Até agora. Mas a pressão é grande. Então, outro dia, divertidamente, fiz uma analogia.
Clarice Niskier
É um queijo contaminado por fungos, só fica bom depois que mofa. É um queijo podre de chique.
Para ficar gostoso tem que estar no ponto certo da deterioração da matéria. O que me possibilita afirmar que não é pelo fato de estar envelhecendo ou apodrecendo ou mofando que devo ser desvalorizada.
Saibam: vou envelhecer até o ponto certo, como o Gorgonzola. Se Deus quiser, morrerei no ponto G da deterioração da matéria. Estou me tornando uma iguaria. Com vinho tinto sou deliciosa. Aos 50 sou uma mulher para paladares sofisticados. Não sou mais um queijo Minas Frescal, não sou mais uma Ricota, não sou um queijo amarelo qualquer para um lanche sem compromisso. Não sou para qualquer um, nem para qualquer um dou bola, agora tenho status, sou um queijo Gorgonzola.
Este texto está circulando na Internet como sendo de Maitê Proença. No entanto, a própria Maitê Proença, em seu blog Mil Coisas, no dia 2 de outubro de 2013, esclarece o seguinte: “O Texto Ponto G, que circula na rede como sendo meu, é de Clarice Niskier, minha colega querida e co-diretora (junto comigo da peça que enceno atualmente, e que eu escrevi. Sei é complexo. O que importa é que Ponto G é dela. Eu o selecionei para meu último livro, É duro ser cabra na Etiópia, junto com outros tantos, todos excelentes”.
Fonte: Blog Mil Coisas, de Maitê Proença: Disponível Aqui