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Plasticidade cerebral: aprendendo à medida que envelhecemos

“O pensamento e a memória serão mais desafiadores. Então, abraçar uma nova atividade que obrigue você a pensar e aprender pode ser uma das melhores maneiras de manter seu cérebro saudável”, fala Dr. John N. Morris sobre a plasticidade cerebral.

 

O nosso cérebro tem a capacidade de aprender e crescer à medida que envelhece em um processo chamado de plasticidade cerebral, ao contrário do que se pensava até algum tempo atrás, quando o longeviver era associado inexoralvemente à perda de neurônios e atrofia cerebral, a qual ocorreria em todas as pessoas.

Hoje sabe-se, como ressalta o Dr. John N. Morris, diretor de pesquisa em políticas sociais e de saúde do Instituto de Envelhecimento afiliado a Harvard University, “O pensamento e a memória serão mais desafiadores. Então, abraçar uma nova atividade que obrigue você a pensar e aprender pode ser uma das melhores maneiras de manter seu cérebro saudável”.

As pesquisas nesta área demonstram que o exercício físico regular é uma das principais formas de melhorar as funções cognitivas, tais como a memória, a resolução de problemas, a concentração e a atenção aos detalhes. No entanto, quando é associado com atividades que tenham um grau de desafio mental, sua ação é potencializada.

Usemos a natação como exemplo. É um exercício físico que possui vantagens cardiovasculares e musculares, mas também envolve pensamento, processamento e aprendizado constantes. Você deve estar atento ao seu ritmo de respiração e como executar corretamente os movimentos de braços e pernas. Você também pode medir sua experiência em termos de resistência e velocidade, o que pode motivá-lo a praticar para ser um nadador a cada dia melhor. Assim, combina-se questões físicas com desafio mental e isto pode ser feito em várias outras modalidades esportivas ou em outras formas de atividade física. Mas, as atividades de estímulo cerebral nem sempre precisam estar relacionadas ao exercício. Muitas pesquisas demonstram que: a pintura e outras formas de arte; aprender a tocar um instrumento; escrever poesias, contos ou suas memórias ou aprender um idioma, também melhoram significativamente a função cognitiva.

Um estudo de 2014, publicado na revista Gerontologist, analisou várias pesquisas cujos objetivos eram verificar o impacto dos estudos de pintura, fotografia, escrita, música e línguas, nas habilidades mentais dos idosos e descobriram que todas estas atividades, isoladamente, melhoraram vários aspectos da memória, tais como lembrar instruções e a velocidade de processamento.

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Assim, escolher uma nova atividade pode permitir que seu cérebro seja cada vez mais estimulado. Inscrever-se para uma aula é uma boa forma de aprender o básico de qualquer atividade nova, especialmente aquela que requer habilidades específicas, como pintura ou música.

Mas, apenas ir à aula não basta: programe o seu tempo, não se preocupando apenas com a quantidade dele, mas sim com a consistência. Portanto, utilize o seu tempo disponível, não importa quanto, mas seja firme em seu compromisso.

Não importa qual nova atividade você escolha, verifique se segue três diretrizes para maximizar o treinamento cerebral, de acordo com o Dr. Morris:

1- A atividade deve ser desafiadora. Envolva-se para aprender algo novo, faça planos e estabeleça metas.

2- A atividade deve ser complexa, pois força seu cérebro a trabalhar em processos de pensamento específicos como a resolução de problemas e o pensamento criativo. Um estudo de 2013 demonstrou que idosos de 60 a 90 anos que fizeram atividades novas e complexas, como aprender a fotografar, por exemplo, obtiveram melhores resultados nos testes de trabalho e de memória de longo prazo do que aqueles que fizeram atividades mais familiares como ler ou fazer palavras cruzadas.

3- Prática e persistência. “Você não pode melhorar a memória se você não trabalhar nela”, diz o Dr. Morris. “Quanto mais tempo você se dedica a engajar seu cérebro, mais benefícios terá”.

Sua atividade deve exigir algum nível de prática constante, como a música ou o desenho, por exemplo, mas o objetivo não deve ser se esforçar para obter grandes melhorias e sim manutenção de repetição constante, a busca diária do domínio da técnica, o que traz maior impacto para as funções cerebrais.

Fotos: Cristiane Tenani Pomeranz

Maria Elisa Gonzalez Manso

Médica e bacharel em Direito, pós-graduada em Gestão de Negócios e Serviços de Saúde e em Docência em Saúde, Mestre em Gerontologia Social e Doutora em Ciências Sociais pela PUC SP. Orientadora docente da LEPE- Liga de Estudos do Processo de Envelhecimento e professora titular do Centro Universitários São Camilo. Pesquisadora do grupo CNPq-PUC SP Saúde, Cultura e Envelhecimento. Gestora de serviços de saúde, atua como consultora nas áreas de envelhecimento, promoção da saúde e prevenção de doenças, com várias publicações nestas áreas.

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