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Plásticas para idosos

Nos dias atuais, os idosos estão inseridos em uma realidade completamente diferente de alguns anos atrás. Se antigamente, eles ocupavam o posto de serem somente “avós”, hoje eles contam com uma variedade de atividades e programas direcionados para a terceira idade, fazendo com eles sejam muito mais ativos, redescobrindo valores vividos na juventude, como relacionamentos amorosos, participação na arte e no trabalho. Os avanços da medicina têm proporcionado um retardo na idade biológica por meio da escolha de uma vida saudável com prática regular de exercícios físicos e alimentação balanceada mantendo as pessoas saudáveis sem o surgimento de doenças degenerativas.

Alessandra Anselmi

 

No entanto, por mais inseridos que estejam na sociedade e vivendo de fato uma maior qualidade de vida, as mudanças fisiológicas são inevitáveis e, por conta desse fator inexorável, em todo o mundo, a grande procura de idosos pela cirurgia plástica tem mostrado que hoje eles são também muito mais preocupados com a aparência física do que os de gerações passadas.

Os idosos de hoje, em resumo, são mais saudáveis, têm condição financeira estável, filhos independentes e uma vida social intensa, o que faz com que enfrentem mais os riscos de uma intervenção cirúrgica em busca de uma melhora estética que acompanhe o crescimento interior que estão vivenciando. Afinal, o modelo imposto pela sociedade é ser jovem eternamente.

No Brasil

Conforme estimativas mundiais, a população com mais de 60 anos deve duplicar em 2025 e a projeção é de que o Brasil tenha 33 milhões de pessoas com esse perfil. Queda na mortalidade infantil, avanços na saúde e redução na taxa de fecundidade são as causas de, na última década, a proporção de idosos passar de 8,8 para 1,1% do total da população, considerada uma expansão muito rápida do que em muitos países europeus. A pesquisadora do Ipea, Ana Amélia Camarano, assinala que o Brasil desfruta de uma das maiores conquistas sociais da segunda metade do século XX, verificada em quase todo o mundo, que é a redução da mortalidade em todas as idades. Isso resultou, segundo ela, no aumento da esperança de vida, em que mais pessoas atingem idades avançadas.

Paralelo ao crescente número desta faixa etária, nota-se uma gradativa procura de idosos que desejam cuidar da aparência nas clínicas de beleza. Só no Brasil, a cirurgia plástica da face é a terceira mais procurada, perdendo apenas para a lipoaspiração e a de mama e, a correção mais realizada é a de flacidez. A retirada de uma bolsa de gordura embaixo dos olhos é uma das plásticas mais requisitadas pelos homens, enquanto as mulheres se preocupam mais em esticar a pele do rosto e do pescoço. Mas para o cirurgião plástico Marcelo Mariano, evitar exageros na plástica na terceira idade continua sendo uma necessidade. “Tenho exemplos de pacientes idosos que chegam ao consultório com sua fotografia de 50 anos atrás, com a expectativa de que a cirurgia lhe trará seus 50 anos de volta. Se a cirurgia for indicada e, mesmo que perfeitamente executada, não conseguiremos oferecer ao paciente aquilo que deseja, pois existem limites para cada procedimento, ou seja, a cirurgia plástica não faz milagres e, neste caso específico, o paciente certamente ficará insatisfeito com o resultado”, afirma.

Nos últimos anos, um número cada vez maior de mulheres na fase dos 80 anos tem recorrido a cirurgias plásticas e outros procedimentos estéticos para reduzir os efeitos do envelhecimento. Um exemplo disso é a carioca Elma, que aos 79 anos de idade resolveu radicalizar, fez plástica na face, lipo no abdome e tirou o excesso de pele no pescoço e nos braços. Hoje, aos 81 anos, tem auto-estima de sobra e exibe formas de “uma moça de 60”, segundo suas próprias palavras. Ela fez as cirurgias plásticas às escondidas das amigas. “Falei que ficaria 1 ano na Itália. Fiz as cirurgias em São Paulo. Todas comentaram que eu rejuvenesci, que estava mais bonita, mas não sei se desconfiaram da plástica. Fui malandrinha, sei disso”, comenta ela, que não quis ser fotografada nem revelar o sobrenome.

Para os cirurgiões plásticos, os idosos estão cada dia mais prolongando sua auto-estima. ‘Tenho 30 anos de plástica. No início, as pessoas procuravam para fazer (cirurgias de) rejuvenescimento com 40, 50 anos. Achavam que aos 60 já estavam velhas, não precisavam mais disso. Hoje não. A faixa entre 70 e 80 anos está muito comum nos consultórios’, diz a cirurgiã plástica Vera Cardim do hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.

No mundo

Na Austrália, membro da Sociedade Australiana de Cirurgiões Plásticos, Dr. Richard Barnett, notou um aumento considerável de pessoas mais velhas procurando por cirurgia plástica recentemente. “A maioria procura por cirurgias faciais. Os pacientes (nessa faixa de idade) sentem que a aparência deles não combina com a forma como eles se sentem. Eles se olham no espelho e pensam ‘não é assim que eu me sinto’. Uma cirurgia plástica de sucesso permite que eles se olhem no espelho e pensem ‘é assim que eu me sinto’”, relata.

Foi o caso de uma paciente do Dr. Mariusz Gajewski, especializado em Medicina Cosmética em Sydney. Ela tinha 84 anos e procurava por cirurgia facial, mas usando injeções de Botox ela conseguiu atingir o efeito esperado. “A paciente era saudável e cheia de energia, ela procurava um meio de amenizar os sinais da idade em sua face. Usando o Botox, obteve ótimos resultados. Não ficou com cara de 20, mas ficou ótima para a idade dela”.

Dr. Gajewski diz que 25 por cento de seus pacientes têm mais de 50 anos, a maioria composta pelo público feminino, mas muitos homens mais velhos estão também procurando pelo serviço. Seu paciente masculino mais velho tinha 70 anos de idade. “Os homens gostam do Botox porque o procedimento não exige muito tempo de investimento. Não é algo que ele tenha que aplicar diariamente em frente ao espelho”, explica.

As técnicas mais procuradas

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Os maiores desconfortos estéticos na terceira idade estão relacionados à pele do rosto – rugas e flacidez – e gordura corporal. A partir dos 38 anos, homens e mulheres sofrem alterações hormonais, sem falar nos fatores ambientais como exposição ao sol e poluição que colaboram para o envelhecimento da pele. Para atenuar estes sinais, é possível lançar mão do mais moderno tratamento cutâneo: o peeling.

“O peeling propicia uma descamação da pele e é indicado para rugas, flacidez, manchas e cicatrizes. Ele estimula a reorganização de fibras de colágeno, induzindo a pele a um aspecto mais firme e saudável”. O procedimento é simples: depois de limpar a pele, aplica-se o produto por um tempo. Em seguida, coloca-se uma máscara calmante a fim de aliviar sinais de desconforto. O procedimento também reduz rugas ao redor dos lábios e recupera o brilho da pele perdido com a idade, além de amenizar manchas do rosto e dos braços decorrentes do envelhecimento e exposição solar.

A redução da flacidez facial, com a correção das pálpebras, é a cirurgia mais procurada pelas mulheres de idade avançada, segundo cirurgiões plásticos em declaração à imprensa nacional: ‘Mulheres nessa idade querem melhorar o que mais mostram, que é o rosto’, diz o cirurgião plástico Munir Cury, um dos conselheiros da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

De acordo com a Dra. Fernanda Figueira, na terceira idade, é feito o preenchimento de rugas e sulcos, com preenchedores e Botóx, ou outras substâncias. “A vantagem destes métodos em relação à cirurgia plástica é que eles dispensam ato cirúrgico e anestesia e não deixam hematomas. A única precaução é que se faça um check-up médico, para assegurar que o idoso apresenta condições físicas para se submeter aos tratamentos, uma vez que muitos métodos possuem caráter invasivo”, comenta.

Mesmo sabendo dos benefícios que a área oferece, os idosos têm consciência de que não existem milagres, e que a melhora do quadro é mais modesta em relação aos jovens. Ainda assim, o nível de satisfação é grande. São pessoas bem informadas e preocupadas com qualidade de vida. Segundo a médica, quando gostam do ambiente, aproveitam as clínicas não só para fins estéticos, mas para relaxar, fazendo uso de massagens, banhos, sauna, drenagem linfática, etc.

A importância da imagem, enfim, tem vindo a acentuar-se na sociedade, e o conceito de beleza impõe-se como algo fundamental para se atingir a felicidade, mas na hora de se fazer uma escolha como a cirurgia plástica, é necessário ter bom senso e muito cuidado na busca de profissionais sérios para que não se obtenha resultados penalizantes, inclusive que levam à morte.

Queimaduras levam às cirurgias

O grande problema que tem levado os idosos à cirurgia plástica em Portugal é o alto índice de acidentes com queimadura. Todo ano, chegam cerca de 1500 pessoas vítimas de queimaduras, que necessitam de cuidados reconstrutivos e estéticos. As crianças e os idosos representam 50% desses casos. As queimaduras são um grave problema de saúde pública, não só pela sua gravidade imediata, mas principalmente pelas sequelas físicas e psicológicas que infligem aos doentes”, explica Celso Cruzeiro, presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Plástica Reconstrutiva e Estética.

Segundo o especialista, a grande maioria dos acidentes acontece em casa. “Muitas das situações que chegam aos hospitais estão relacionadas com acidentes domésticos envolvendo queimaduras, normalmente com líquidos ou fogo. Foi o que aconteceu com Diana Afonso, hoje com 32 anos, queimou-se com azeite fervendo quando tinha apenas dois anos. O acidente doméstico deixou-lhe marcas no lado direito do pescoço, no peito, e acabou por lhe marcar a vida. “Achava que era a única criança queimada”, explica. A infância e adolescência revelaram uma jovem com baixa auto-estima e dificuldades em encarar a sociedade. “Não andava com decotes, não ia a festas, não usava vestidos, na rua só olhava para o chão. Vivia para a queimadura.” Até os 14 anos, Diana foi sujeita a seis intervenções cirúrgicas, que a levaram a tomar uma decisão: “Queria fazer tudo para que as outras pessoas não tivessem as dores que eu tive e decidi ser enfermeira”.

Os acidentes de trabalho, envolvendo eletricidade ou produtos químicos, e os acidentes de viação também apresentam um índice muito grande, contribuindo para a elevada taxa de queimados. Apesar da evolução tecnológica e profissional, nestes casos, as marcas ficam para a vida.

“São sequelas físicas e, muito embora a técnica e os avanços médicos as amenizem, ficam para sempre. São também situações de difícil recuperação psicológica, apesar do acompanhamento”, explica.

A maioria das intervenções cirúrgicas é realizada na face e nos membros superiores. “Estas partes do corpo são a imagem fundamental de um indivíduo, aquilo que apresentamos à sociedade. Por isso é que causam transtornos psicológicos graves.”

A reconstrução mamária e a cirurgia da obesidade são outras áreas de intervenção. “Hoje, já não se concebe uma mastectomia sem uma cirurgia de reconstrução mamária”, explica Celso Cruzeiro.

Fontes: Matéria de autoria de Gonçalo Silva. Acesse Aqui

Autoria de Rosangela Silva. Acesse Aqui

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