É o que revela estudos realizados no mundo inteiro sobre a educação na terceira idade. A cada dia, crescem opções de cursos nas mais variadas áreas do saber e as Universidades nunca estiveram tão lotadas dessa turma ávida por conhecimento, que frequenta a escola, seja como porta de retorno à vida profissional ou apenas pelo prazer de aprender.
Esse papel social que a escola provoca vem fazendo muita diferença na vida desses idosos que, com a autoestima mais valorizada, sentindo-se úteis e capazes de absorverem o aprendizado começam a desenvolver a tomada de consciência do envelhecimento ativo, bem-sucedido e da boa qualidade de vida na velhice.
Dona Rosa é representante da turma e ainda participa de reuniões com a coordenadoria, fazendo a ponte entre o Departamento e o grupo de alunos no curso que faz duas vezes por semana. Para ela, estudar na terceira idade é coisa séria: “Nossa turma é a mais antiga e temos pessoas de todas as idades, o mais velho com 96 anos. Mas nossa disposição para as aulas é maior de quem está em uma graduação, nós tiramos proveito das aulas, prestamos mais atenção, achamos até ruim se um professor falta”, conta ela.
O coordenador da Faculdade Aberta à Maturidade da PUC de São Paulo, Fauze Saadi afirma que: “A criação desses cursos é consequência da realidade estabelecida na França no fim dos anos 60, quando se precisou encontrar um caminho melhor para a vida da população de maior idade, uma vez que se percebeu uma modificação na pirâmide etária dos países desenvolvidos”.
É exatamente o que está acontecendo agora no Brasil, onde a maior procura pelos cursos da terceira idade tem ligação direta com o aumento da expectativa de vida do brasileiro, que passou para 73 anos. Além disso, dados do censo realizado este ano indicam que mais da metade da população tem mais de 30 anos e evidenciam o alargamento da pirâmide etária na faixa que abrange a população acima de 80 anos, exatamente como ocorreu na França e em outros países desenvolvidos.
Essa nova cultura que vai surgindo por conta dessa configuração populacional está relacionada diretamente ao sucesso dos cursos entre os idosos. “No Japão, desde cedo, a população é educada para ter uma vida longeva. Aqui, agora torna-se importante aprender a sobreviver na maturidade”, diz o coordenador da PUC. Os cursos, segundo ele, mudam a concepção do que seria bem estar quando se chega à terceira idade. “A mídia, quando fala em qualidade de vida para idosos, mostra casais pulando e dançando. Não tenho nada contra, muito pelo contrário, mas o curso não é clube. É um programa de renovação do conhecimento e extensão cultural ampla”, explica.
O programa da PUC foi pioneiro na capital paulista e está prestes a completar 20 anos na instituição. Com cerca de 700 alunos, o curso tem 18 turmas em andamento em três diferentes campi com a possibilidade de serem criadas mais seis no próximo ano. “A evolução e o interesse pelo curso tem sido de tal sorte que, com os alunos exigindo continuísmo e o interesse de pessoas mais novas, abaixo dos 60 anos, deixamos de chamar faculdade da terceira idade para ser Universidade Aberta à Maturidade”, conta Fauze.
O objetivo dos cursos é promover uma reciclagem do conhecimento. Na maioria das instituições, não há pré-requisitos para alguém ingressar nas aulas e os professores são os mesmos que dão aulas para as turmas de graduação e pós-graduação. O diploma recebido, no entanto, é o de um curso de extensão. “É preciso que as faculdades para a terceira idade tenham um corpo docente estruturado, capaz de formar. Nossos alunos, mesmo alguns com mais de 90 anos, têm muito mais disposição que jovens. São totalmente lúcidos, capazes e, por serem pessoas vividas, muitas vezes trazem boas experiências que agregam na hora da aula”, diz Fauze.
Entre os temas estudados pelos alunos, há um amplo leque de mais de cem disciplinas que vão desde filosofia, história e painel econômico até vitalidade e saúde cerebral. Há também um programa de matérias eletivas que inclui música, teatro, informática e língua estrangeira. Ao final, todos os que tiverem frequência de 75% recebem um certificado atestando a conclusão, mas pode sempre voltar para aprender disciplinas que ainda não tiverem cursado.
“Estudar ajuda os idosos a se integrar mais com a sociedade atual, na medida em que eles podem inteirar-se dos novos conhecimentos”, explica Fauze. “As pessoas hoje vivem mais e devem sobreviver com dignidade física e mental. Costumo dizer que nossos cursos roubam a clientela dos médicos”, conclui o coordenador.
Definitivamente o fenômeno mundial do envelhecimento e longevidade da população está transformando sob todos os aspectos a sociedade atual.
Se a educação antes era restrita aos mais jovens até determinada idade enquanto podiam adentrar no mundo corporativo, hoje ela conquistou a sua real importância, pois a educação deve ser um processo contínuo e permanente vivido pelo ser humano por toda a vida, não só pelo contato com a escola e universidades, mas também por meio da sociedade, propiciando às pessoas uma adaptação social e oportunidades para buscar o seu bem-estar físico e mental.
Enfim, o potencial humano para o desenvolvimento não se encerra na vida adulta e ou na velhice. E em todas as idades o ser humano tem a possibilidade de progredir, ensinar, aprender, porque, o conhecimento e as experiências são seguramente o que podemos ter de mais valioso em nossa bagagem de vida.
Fonte: Disponível Aqui. Fotos: Google Imagem/Divulgação Canal RH