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Para envelhecer bem é preciso uma “agenda de bem-estar”

Para a construção de uma agenda de bem-estar é preciso de governantes comprometidos com a qualidade de vida e seu envelhecer saudável. Infelizmente não é isso que ocorre aqui.


Crescimento econômico é igual a desenvolvimento? Não. E vimos quão diferentes são esses dois conceitos com os intensos protestos no Chile, país até pouco tempo considerado modelo de crescimento econômico para Paulo Roberto Nunes Guedes, ministro de economia do Brasil. Esse modelo só fez crescer a diferença social entre pobres e ricos, ou seja, os ricos ficaram mais ricos e os pobres mais pobres, aumentando assim a desigualdade social. No Brasil não é muito diferente.

O que é muito diferente é o modelo islandês, escocês e da Nova Zelândia, que foca em prioridades ecológicas e voltadas para a família (não a que é propagada por Damares Regina Alves, pastora evangélica, e ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo atual), colocando assim o bem-estar à frente dos números de crescimento econômico. O destaque aqui não é o tamanho desses países, mas o sentido que a vida tem nessas nações, levando seus governantes a priorizar uma agenda focada no bem-estar e, consequentemente, no desenvolvimento social dos seus países, do que unicamente em um crescimento econômico que não é inclusivo, pois deixa de fora a imensa maioria da população e compromete o futuro das próximas gerações. Sem falar das velhices de hoje e de amanhã, as mais “castigadas” pelo desmonte social. Será que uma vida “mais madura”, como o mercado gosta de nomear, tem menos valor e menor sentido para nossos governantes? E para nós?

Para a construção de uma agenda focalizada no bem-estar é necessário novos indicadores sociais além dos dados tradicionais do PIB (Produto Interno Bruto) que mede a produção de bens e serviços de um país no planejamento orçamentário da nação. Aliás, vários economistas, entre eles o vencedor do Prêmio Nobel Joseph Stiglitz, vêm argumentando que o PIB não mede o impacto das mudanças climáticas, desigualdade, serviços digitais e outros fenômenos presentes da sociedade contemporânea. Mede sim o tempo de sobrevida para calcular quanto o país vai “gastar” com seus velhos.

Pergunta-se, como o governo brasileiro está priorizando o bem-estar da população no orçamento público a fim de que a mesma possa ter uma qualidade de vida agora e amanhã? Qual será a velhice das próximas gerações quando assistimos a cada dia o desmonte da rede de proteção social. Ou seja, menos educação, menos saúde, menos cultura, menos segurança pública… Aliás, por falar em segurança pública, bandeira do atual governo, qual foi o gasto orçamentário aplicado e que melhorou a vida da maioria da população? Ou melhor, o que tal gasto resultou em benefícios à nossa qualidade de vida?, como pergunta nosso colaborador Luiz Carlos Betenheuser Júnior em seu blog: Quais políticas públicas a esse respeito saíram do papel e teve aporte orçamentário? E quais aportes orçamentários tivemos nas demais áreas? A resposta, todos sabemos, pois a vivemos em nosso cotidiano: Prevalece o desmonte do Estado e das políticas públicas. Prevalece o foco do PIB, isto é, no desempenho econômico que nada mais é que a desvalorização da vida, da sua qualidade e dos danos sociais causados ​​pelo fosso desigual cada vez maior.

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Entre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da agenda 2030, criada por líderes mundiais reunidos na sede da ONU em setembro de 2015, para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz e a prosperidade, está o Objetivo 3 (Saúde e Bem-Estar), que se propõe “assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”. Esse objetivo reconhece que as doenças crônicas e aquelas resultantes de desastres continuam a ser os principais fatores que contribuem para a pobreza e para a privação dos mais vulneráveis. Talvez possamos acrescentar aqui que a ignorância de nossos governantes cause mais doença do que as que conhecemos. E que, infelizmente, alcançar uma velhice saudável neste país está cada vez mais difícil. Para muitos um sonho utópico.

Foto de destaque: RUN 4 FFWPU


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