Sim! Para quem duvidava, chegou o tempo em que os mais velhos viram protagonistas de série global. Do que estamos falando? De mais uma série da Rede Globo, neste caso, em parceria com a O2 Filmes, para produção de “Os Experientes”. A atração deve começar a ser gravada em julho e possui estreia prevista para o início do ano que vem.
Pensando nessas questão e tantas outras, a Rede Globo de Televisão, sabiamente de olho no acelerado envelhecimento da população mundial, concede espaço aos cabelos brancos e se rende às aventuras “amadurecidas” de artistas que colecionam algumas décadas de carreira.
Segundo a reportagem, “o enredo de “Os Experientes” gira em torno da vida de um artista após os 75 anos. A cada semana, um personagem da “melhor idade” viverá situações de drama e comédia com base na realidade desse período da vida. No elenco, nomes literalmente ‘experientes’ devem dar o tom da produção. Ney Latorraca e Tarcísio Meira estão entre os cotados”.
Neste momento, abro um espaço para discutir brevemente as infinitas classificações para amenizar o avanço dos anos, como a usada no parágrafo acima, “melhor idade”. Percebemos que uma nova imagem do envelhecimento é constituída a partir de um trabalho de categorização e criação de um novo vocabulário que se opõe ao antigo no tratamento dos mais velhos: terceira idade x velhice; aposentaria ativa x aposentaria passiva; centro residencial x asilo; gerontologia x ajuda social; animador x assistente social.
Assim, os signos do envelhecimento acabam invertidos, assumindo novas designações: “nova juventude”, “idade do lazer”. Da mesma forma, os signos da aposentadoria a qual deixou de ser um momento de descanso e recolhimento para tornar-se um período de atividade, lazer, realização pessoal. Na transformação do envelhecimento em problema social estão envolvidas novas definições de velhice e do envelhecimento, que ganham dimensão através de múltiplas expressões, como a vista na reportagem.
Retornado aos “Experientes”, cada episódio contará com um autor diferente, entre eles: Luís Fernando Veríssimo, Antonio Prata, Marcio Delgado e Téo Poppovic.
“A doença afetou a sua percepção sobre a vida? Em reportagem da Folha de novembro de 2011, o senhor disse que a morte é “uma injustiça”. Segue sendo essa a sua visão?”
Como não poderia deixar de ser, Luís Fernando Veríssimo, foi coerente e respondeu, indignado (Folha de S.Paulo, 24/01/2013): “A morte é uma sacanagem. Sou cada vez mais contra”.
Bem, com essa turma de autores e atores previstos, a expectativa a grande. Penso que a semente desse novo trabalho global tenha sido o sucesso da personagem; a simpática e tresloucada Dona Picucha no especial de fim de ano “Doce de Mãe”, protagonizado por uma das “experientes”, a elegante Fernanda Montenegro.
Referências
O TEMPO (2013). Rede Globo prepara série sobre geração de artistas da terceira idade. Disponível Aqui. Acesso em 28/05/2013.
TOLEDO, G. (2013). “A morte é uma sacanagem, sou contra”, diz Luis Fernando Verissimo em entrevista. Disponível Aqui. Acesso em 24/01/2013.