O consumo de vitaminas é controverso. Drauzio Varella aborda o tema: “As vitaminas são conhecidas há muito tempo e o conceito de que são absolutamente necessárias para a saúde perfeita faz parte da tradição popular”. Todos nós, muitas vezes na vida, ouvimos dizer – ‘Coma essa fruta, porque tem muita vitamina’ -, ou que vitamina C é um santo remédio para gripes e resfriados ou, ainda, que algumas vitaminas ajudam a retardar o envelhecimento. Foi o que disse na matéria “Excesso de vitaminas” em entrevista com Alberto de Macedo Soares, médico geriatra, presidente da seção de São Paulo da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
Como se vê, o apelo para o consumo de vitaminas é forte, vem de longe e acabou criando uma cultura, que poderia ser chamada de vitaminocultura, em função da qual muitas pessoas tomam desnecessariamente e sem critério grande quantidade desses micronutrientes todos os dias. Logo no café da manhã, são oito, dez, doze comprimidos de uma só vez, na esperança de ficarem mais saudáveis, fortes e rejuvenecidas. Embora sejam essenciais para a sobrevivência humana, a suplementação vitamínica é quase sempre desnecessária. Os alimentos naturais fornecem a quantidade de que o organismo precisa.”
Vitamina D e osteoporose
Na linha de que a “suplementação vitamínica é quase sempre desnecessária”, pesquisadores quase não encontraram evidências de que a ingestão de suplementos de vitamina D tenha qualquer efeito na prevenção da osteoporose em pessoas de meia idade.
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A pesquisa publicada no periódico The Lancet, avaliou os efeitos da vitamina D sobre a densidade óssea de quatro regiões – espinha dorsal, colo, costela e antebraço – e envolveu 4 mil participantes, de um modo geral saudáveis e com idade média de 59 anos.
As dosagens diárias utilizadas foram de 500 a 800 ou mais unidades da vitamina e os horários de administração também foram variados. Em alguns estudos, os participantes também receberam cálcio.
A análise não descobriu aumento significativo da densidade óssea – nos dados reunidos ou em estudos individuais – e, de um modo geral, o número de resultados positivos não superou os casos previstos para ocorrerem ao acaso.
Os autores escreveram que a opinião geral de que a vitamina D promove a mineralização óssea provavelmente é incorreta.
Ian R. Reid, principal autor do estudo e professor de medicina da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia acrescenta: “Não estamos falando de pessoas que sejam realmente deficientes em vitamina D. Entretanto, a vitamina D não contribui positivamente com as pessoas saudáveis que focam a prevenção da osteoporose.”
Benefícios do leite funcional
As pesquisas para o desenvolvimento do leite funcional – enriquecido com selênio, óleo de girassol e vitamina E – têm seus primeiros resultados divulgados. Pesquisadores da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e da Universidade de São Paulo (USP), responsáveis pelos estudos, afirmam que as crianças que receberam o alimento tiveram aumento de 160% nos níveis de selênio no sangue e 33% no de vitamina E. Os idosos tiveram redução de 16% na quantidade de LDL (mau colesterol).
O leite de vaca é considerado um dos principais alimentos da nutrição humana por fornecer nutrientes fundamentais para o organismo como proteína, lactose, gordura, vitaminas e minerais. Dentre os minerais presentes, o cálcio é o mais importante, sendo responsável pelo crescimento, desenvolvimento e manutenção dos ossos e dentes.
Pesquisadores da APTA e da USP alimentaram as vacas com uma quantidade maior do que a exigida de selênio e vitamina E. Com essa mudança foi possível dobrar os níveis desses nutrientes no leite consumido por 90 crianças, estudantes da escola C.A.I.C Professora Stela Stefanini Bacci, do município de Casa Branca, interior de São Paulo. As crianças, da primeira a terceira série, que permanecem na escola por tempo integral, ingeriram o leite funcional por três meses. A pesquisa foi autorizada pelos pais.
A segunda parte do experimento foi realizada com 130 idosos, de 78 anos, moradores da Casa do Vovô, em Ribeirão Preto. Segundo os pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, Hélio Vannucchi e Karina Pfrimer, uma avaliação preliminar do consumo alimentar de idosos, sem levar em conta o consumo do leite ofertado, verificou que eles consumiam alta quantidade de gordura total, saturada, poli-insaturada e baixa quantidade de selênio e vitamina E, de acordo com a recomendação da faixa etária.
“Dos exames bioquímicos sanguíneos avaliados antes e depois da suplementação, destacam-se o colesterol e o LDL, que apresentaram redução nos níveis plasmáticos nos grupos que consumiram o óleo de girassol”, afirma Pfrimer. No grupo que consumiu leite com óleo de girassol, selênio e vitamina E, o exame de LDL mostrou redução de 16% após a suplementação na alimentação dos animais, mostrando que o consumo do leite enriquecido com nutrientes obteve efeito benéfico no perfil sanguíneo lipídico dos idosos.
De acordo com Pfrimer, os níveis de vitaminas antioxidantes tiveram mudança após a suplementação, mas sem diferenças significativas nos grupos suplementados. “Os dados preliminares dos exames imunológicos indicam mudança entre os grupos que consumiram leite com vitaminas antioxidantes e o leite com óleo de girassol. No entanto, ainda faltam outras análises complementares para a conclusão do estudo”, afirma.
Além da melhora na saúde humana por conta do leite, a dieta enriquecida ministrada para as vacas também trouxe benefícios aos animais, como redução de 30% na ocorrência da doença mastite. “O selênio e a vitamina E também agem com os antioxidantes, protegendo as membranas celulares contra substâncias tóxicas e radicais livres que podem causar sérios danos às estruturas das células, acelerando o processo de envelhecimento e desencadeando algumas formas cancerígenas”, afirma a pesquisadora da APTA, Márcia Saladini Vieira Salles.
Referências
NOTÍCIAS UOL (2013). Análise indica que vitamina D não ajuda a prevenir osteoporose. Disponível Aqui. Acesso em 29/10/2013.
SENTIR BEM (2013). Pesquisa com leite funcional aumenta em 160% os níveis de selênio e 33% de vitamina E nas crianças. Veja aqui!. Disponível Aqui. Acesso em 29/10/2013.
VARELLA, D. (S/D). Excesso de vitaminas. Disponível Aqui. Acesso em 30/10/2013.