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O que podemos aprender com as relações intergeracionais?

A discussão sobre a troca possível de conhecimentos entre gerações diversas chegou ao mundo corporativo. O Grupo Bradesco de Seguros, com o apoio da Bradesco Vida e Previdência, realizou, no dia 4 de outubro, no hotel Unique, em São Paulo, a sexta edição do Fórum da Longevidade. O tema central do encontro foi justamente a intergeracionalidade, seus impactos na sociedade e os ganhos e desafios que proporciona nos ambientes familiares, corporativos e sociais. O evento reuniu especialistas no assunto e cerca de 800 convidados.

 

 

A performance de uma menina e uma senhora, simbolizando justamente o intercâmbio entre gerações diferentes, abriu os trabalhos logo pela manhã. Em um diálogo, cada uma discorreu acerca do “seu tempo” para, então, de mãos dadas, perceberem que o tempo que dispõem hoje é o mesmo. E como fazer desse momento o melhor para cada uma? O que o jovem ganha no convívio com os mais velhos? O que os idosos podem aprender com os mais novos?

Diferentes tempos, experiências, histórias, memórias, afetos. “Quando várias gerações compartilham o mesmo espaço, todos saem ganhando”, pontuou a jornalista Christiane Pelajo, apresentadora do evento, logo no início, lembrando que os temas longevidade e intergeracionalidade já fazem parte da agenda política e social de diversos países.

Os idosos foram citados no evento como pessoas ativas na sociedade, com enorme potencial consumidor de diversos produtos e serviços, além de formadores de opinião. Muitos dados sobre a longevidade foram apresentados durante o fórum.

Locais de trabalho podem reunir hoje até quatro gerações no mesmo espaço
O país campeão em longevidade é Macau, com média de expectativa de vida ao nascer de 84,3 anos. No outro extremo está Angola, com 38,2 anos de expectativa de vida. Atualmente, há cerca de 700 milhões de idosos no mundo. Em 2050, estima-se que haverá 2 bilhões de idosos.

Outra informação relevante: o Brasil emprega hoje 4,8 milhões de pessoas com mais de 50 anos de idade, num universo de 22 milhões de trabalhadores. Nas empresas, há, por conta desse envelhecimento populacional, até quatro gerações trabalhando e convivendo no mesmo espaço.

Para falar sobre esse convívio, o VI Fórum da Longevidade trouxe o palestrante Seth Mattison, consultor de empresas, sócio da BridgeWorks. Ele ressaltou a importância de se procurar oportunidades nas empresas para que diferentes gerações possam se unir em torno de interesses comuns. O tema de sua palestra foi “Relações intergeracionais nas empresas: diferenças, conflitos e equilíbrio no trabalho”.

Mattison apresentou dados sobre as quatro gerações que convivem: os tradicionalistas, nascidos até 1946; os baby boomers, nascidos entre 1946 e 1964; geração X, entre 1965 e 1981; e geração Y, entre 1982 e 2000.

“A geração Y, na qual me incluo, por conta da tecnologia, é geração que mais tem coisas em comum, mesmo vivendo em países e culturas bem diferentes”, afirmou. Para Mattison, os mais velhos transmitem sabedoria aos jovens no ambiente corporativo. E os mais novos têm muito a ensinar sobre tecnologia.

Após a fala de Mattison, foi a vez da psicóloga com pós-graduação em gestão de pessoas Sofia Esteves, presidente do Grupo DMRH, dar sua contribuição ao fórum.

Ela iniciou a palestra dizendo que ouve muitas reclamações dos executivos, de que os jovens hoje chegam ao mercado de trabalho querendo um reconhecimento imediato, salário alto. Os executivos, por sua vez, afirmam que se esforçaram e trabalharam muito para chegar lá.

No entanto, Sofia contou à plateia que, quando pergunta do filho a um desses executivos, ele diz: “Meu filho estudou fora, fala três línguas, ganha 6 mil reais, mas a empresa não está aproveitando ele como devia; ele tem potencial para muito mais”. Ou seja, “a geração Y são nossos filhos”, diz Sofia.

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E questiona: “Por que falarmos em conflito se a beleza é termos o encontro de gerações? Eu sempre digo aos jovens que a diferença entre eu e eles é que eu sou jovem há mais tempo!”, brincou.

Para a especialista, o desafio da intergeracionalidade está na humildade dos mais velhos em aprender com os jovens. E dos mais jovens aceitarem que os mais velhos têm uma história, uma cultura e que eles podem aprender com isso também.

Segundo ela, nunca se viu tanto emprego para os mais velhos no Brasil. Isso porque o jovem incomoda com sua imaturidade muitas vezes.

No debate, ela disse que há cinco anos, os jovens mudavam muito de emprego, por 100 / 500 reais a mais – a preocupação era sempre salarial. Mas nos últimos três anos isso mudou: os jovens procuram um bom ambiente de trabalho, onde possam ser felizes e terem chances de crescer na empresa.

Jovens e velhos, o que um espera do outro?
Num outro momento do fórum, o psiquiatra Jairo Bouer, colunista da Folha de S. Paulo e apresentador de TV, falou sobre o que os jovens esperam dos mais velhos. Em seguida, o psicólogo José Carlos Ferrigno, especialista em terceira idade, coordenador do Sesc Gerações, falou sobre o que os mais velhos esperam dos mais jovens.

Bouer apresentou quais são as cinco características da geração jovem hoje: precocidade x maturidade; conexão com o mundo; relação com o mais experiente; minha casa meu mundo; um conflito: consumo, individualismo, competição ou o ambiente e o social?

Ferrigno falou sobre a importância de se aproximar gerações e apresentou a questão da coeducação entre gerações como um fator de desenvolvimento social. Ressaltou o papel das instituições sociais e corporativas e a importância da capacitação dos profissionais envolvidos na condução do processo intergeracional.

Segundo ele, os mais velhos ensinam aos mais jovens a transmissão da memória cultural e a educação para a velhice e a morte; os mais jovens, por sua vez, passam a educação de novas tecnologias e a educação para os novos tempos.

Ao final das apresentações, o médico geriatra Alexandre Kalache integrou com Ferrigno e Bouer um debate com o público acerca da intergeracionalidade.

Shirley MacLaine e seu testemunho sobre longevidade: bom-humor e espiritualidade
À tarde, o evento prosseguiu com apresentação dos vencedores do Prêmio Longevidade na categoria Jornalismo e Histórias de Vida, contando com participação da atriz Nicete Bruno.

Ao final, a esperada apresentação da atriz Shirley MacLaine, de 77 anos. Premiada diversas vezes, entre essas, como vencedora do Oscar de melhor atriz por “Laços de Ternura”, Shirley MacLaine deu seu testemunho sobre longevidade e falou também sobre seus diversos livros. Trocou impressões sobre o envelhecimento com o médico geriatra Alexandre Kalache e respondeu, sempre com simpatia, a diversas perguntas do público.

Segundo ela, na velhice, manter o bom-humor é fundamental. E, respondendo a uma pergunta da plateia como lidava com o envelhecimento, já que havia sido uma mulher linda na juventude, Shirley foi taxativa: “Se o espelho me incomoda, eu jogo ele fora”.

Para a atriz, a longevidade é um estado da mente. “Mas o meu segredo é bom-humor e otimismo frente à realidade. Além disso, um chapéu bem grande e um bom par de sapatos”, brincou.

Disse que sua dica é estar presente, procurando sempre ser ela mesma, inclusive frente ao público. E destacou também, como fator imprescindível a uma velhice saudável, no seu caso, a espiritualidade. “Eu não estaria tão bem, feliz, equilibrada e excêntrica sem a espiritualidade”, finalizou.

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