Há um consenso sobre o que seria morrer bem. Para a maioria uma “boa morte” se dá num ambiente tranquilo e confortável, sem dor física, sem pendências psicoemocionais, sem estresse e de bom humor, espiritualmente assistido e, claro, cercado por seus entes queridos. Agora, como podemos obter tudo isso? Uma das maneiras é manifestar seus desejos e discuti-los com sua família e amigos.
Por Nazaré Jacobucci (*)
Na sociedade moderna há uma tendência, principalmente entre alguns médicos, de assimilar a morte de um paciente como um fracasso. O avanço tecnológico da medicina e seus infindáveis recursos para prolongar a vida – às vezes, desnecessariamente – são potencializadores desse pensar médico. Então, busca-se por meio desses recursos prorrogar a vida ignorando o fato de que o apito final já soara.
Neste sentido, há uma pergunta que precisamos nos fazer, e com certa urgência. Afinal, o que constitui uma “boa morte”? O que queremos quando trazemos para discussão algo tão subjetivo quanto esta desconcertante pergunta? Queremos provocar uma reflexão sobre uma das maiores questões da vida: a arte de morrer bem.
As pessoas não são encorajadas a falar sobre sua própria morte. Sempre acham que isso só acontecerá num futuro distante e que não vale a pena abordar esse assunto quando se está gozando de plena saúde. Contudo, a vida não é permeada de certezas absolutas. A vida é permeada por inconstâncias, incertezas e, às vezes, por uma assustadora imprevisibilidade. Por isso, seria interessante as pessoas incluírem em seus planos de vida a morte.
Felizmente para a sociedade, alguns médicos, profissionais da saúde, professores, sacerdotes e até poetas estão se dedicando a discutir sobre o que seria uma “boa morte”, promovendo uma importantíssima reflexão sobre o tema. Contudo, o morrer é subjetivo e exclusivo. A forma como morremos está intrinsicamente moldada pela combinação de atitudes, condições físicas, tratamentos médicos desejados, relações interpessoais e, claro, pelo sentido que damos à vida. Segundo o Dr. Haider Warraich (2017), uma boa morte pode e deveria significar algo diferente para cada indivíduo. Ele é autor do livro “Modern Death – How Medicine Changed the End of Life”. Ele diz – “Para mim, significa alcançar um fim que alguém poderia querer, e isso realmente pode significar qualquer coisa – de estar numa unidade de terapia intensiva, ter acesso a todos os tipos de terapias sustentadoras da vida, estar em casa cercado pela família ou estar sendo cuidado num hospice” (Repa, 2017).
Ao ler diversos artigos sobre o tema me parece que há um consenso sobre o que seria morrer bem. Para a maioria uma “boa morte” se dá num ambiente tranquilo e confortável, sem dor física, sem pendências psicoemocionais, sem estresse e de bom humor, espiritualmente assistido e, claro cercado por seus entes queridos. Agora, como podemos obter tudo isso? Uma das maneiras é manifestar seus desejos e discuti-los com sua família e amigos.
Infelizmente, a nossa sociedade não gosta de falar de morte e, por isso, as pessoas morrem mal e desassistidas em seus desejos. Ter um planejamento claro e objetivo sobre suas vontades ao morrer pode ser reconfortante.
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(*) Nazaré Jacobucci – Formada em Psicologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Especialista em Psicologia Hospitalar pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Especialista em Teoria, Pesquisa e Intervenção em Luto pelo 4 Estações Instituto de Psicologia. Professora e escritora. Atualmente reside na Inglaterra. Está aprimorando seus conhecimentos em Tanatologia, Perdas e Luto (Grief and Bereavement). Psychotherapist Member of British Psychological Society (MBPsS/GBC). Experiência em Assistência Terapêutica ao Luto. Experiência no atendimento psicológico/psicoterápico de adultos com doenças crônicas, seus familiares e profissionais da saúde. Experiência em atendimentos e condução de grupos: grupos de psicoterapia, de suporte psicológico, de reflexão e grupos multidisciplinares. Experiência em desenvolvimento de palestras, cursos, aulas, workshops e orientação de trabalhos acadêmicos em instituições de educação.
Referências
Repa, Barbara Kate. What Is a “Good Death”? Site [Caring.com] Mai. 2017. Disponível em: https://www.caring.com/articles/a-good-death
The Arte of Dying Well [Site]. What is dying well? Disponível em: https://www.artofdyingwell.org/