As mulheres na cidade de São Paulo, a maioria viúvas, vivem cerca de 87,4 anos enquanto os homens, casados, vivem 82,1 anos. Foi o que o fisioterapeuta, mineiro, Rodrigo Caetano Arantes, verificou em sua pesquisa de mestrado em Gerontologia, ralizada na PUC-SP), intitulada A longevidade na metrópole de São Paulo pelas notas de falecimento no Jornal da Tarde (2004-2005) e concluída em 2007.
Sua pesquisa foi sobre as notas de falecimento publicadas no Jornal da Tarde, pois queria saber qual era a longevidade dos idosos moradores da metrópole de São Paulo. Nesse período ele analisou 665 notas divulgadas nos meses de junho, julho e agosto de 2004 e 2005. Utilizando-se do software SPSS para tratamento estatístico ele verificou ainda que o falecimento de idosos sem companheiros se concentrou em faixas etárias maiores e com companheiros em faixas etárias menores.
Atualmente ele conclui outra pesquisa, intitulada provisoriamente de “Uai sô, e agora? As relações entre fatores sociodemográficos e incapacidades funcionais nas redes sociais de idosos em Belo Horizonte/MG”. Rodrigo, que é bolsista do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), agora é doutorando em Demografia na Universidade Federal de Minas Gerais, CEDEPLAR – FACE, sob a orientação de Laura Lídia Rodríguez Wong e Dimitri Fazito.
Ele também integra a pesquisa “Aprendendo com Cuba: As redes sociais de apoio no processo de mudanças demográficas (envelhecimento populacional, fecundidade e migrações): similaridade, diferenças e complementaridades entre Cuba e Brasil” e já está de viagem marcada para Cuba.
Rodrigo Caetano Arantes atua em pesquisas gerontogeriátricas e demográficas e tem experiência no manuseio dos softwares STATA, SPSS e UCINET. Ele é pesquisador colaborador do Portal do Envelhecimento desde 2005 e sócio da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) desde 2005.
A seguir, veja o que Rodrigo comentou à redação Portal sobre sua pesquisa de mestrado.
Desde os primórdios da graduação dedico-me aos estudos sobre envelhecimento e idosos. Impulsionado, inicialmente, por contato com idosos institucionalizados estabelecidos nos estágios acadêmicos.
Como se decidiu pelo seu tema de pesquisa e como foi o seu desenvolvimento?
Ao iniciar o mestrado em Gerontologia na PUC-SP, como todos, fiquei procurando um tema na área para desenvolver minha dissertação. Em conversa com minha orientadora, Beltrina Côrte, foi sugerido que trabalhasse com um banco de dados do LEC (Longevidade, Envelhecimento e Comunicação), grupo de pesquisa da PUC-SP pertencente ao Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq. Este banco de dados tratava de notas de falecimento de um grande jornal paulista. Então, optei por trabalhar com esses dados fazendo uma análise demográfica da amostra. O estudo amostral da longevidade nas notas de falecimento foi um pontapé para o doutorado em Demografia no CEDEPLAR/UFMG. Nessa mesma época fui trabalhar em uma instituição de ensino em Porto Velho/RO onde era responsável pela disciplina de Fisioterapia aplicada à Gerontologia. Experiência muito rica que me agregou, além de conhecimentos práticos, vivência de outra cultura nos muitos Brasis representados em cada Unidade Federativa.
Que desdobramentos acha que esta pesquisa teve na prática ou ainda terá?
Creio que foi a sua divulgação na comunidade acadêmica por publicação na Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Também vejo que desdobramentos futuros poderão surgir à medida que o envelhecimento demográfico e o maior número de idosos na população se estabeleçam, tornando-se agenda de pesquisa efetiva para o estudo da longevidade nos mais diversos meios de comunicação, bem como para efetivar a formulação de políticas públicas pelos legisladores no intuito de buscar o bem-estar dos idosos.
Por algum motivo acha que a sociedade ainda não está preparada para implementar, na prática, o que você discute na pesquisa?
Com absoluta certeza a sociedade não estaria preparada para implementar na prática os desafios relacionados à maior longevidade humana. O maior número de idosos na população vem acompanhado de inúmeras transformações em várias esferas, representadas pelos pilares da Gerontologia, as modalidades biopsicossociais (questões referents à saúde, aposentadoria, adaptação ambiental e muitas outras).
O que o mestrado e a pesquisa acrescentaram em sua vida pessoal e profissional?
O mestrado em Gerontologia direcionou-me ainda mais para os estudos do envelhecimento populacional, o que culminou na escolha pelo doutorado em Demografia no CEDEPLAR/UFMG. Onde, atualmente, em minha tese de doutoramento trabalho as redes sociais dos idosos em Belo Horizonte/MG. Através dela, tive a oportunidade de participar de uma pesquisa intitulada:
Aprendendo com Cuba: As redes sociais de apoio no processo de mudanças demográficas (envelhecimento populacional, fecundidade e migrações): similaridade, diferenças e complementaridades entre Cuba e Brasil. Tal pesquisa é financiada pela CAPES (aprovada pelo edital CGCI 018/2011). Creio que esta pesquisa que vai ser realizada também em Cuba por força tarefa dos pesquisadores brasileiros, na qual faço parte, pelo perfil gerontodemográfico, será muito enriquecedora. Por todas as especificidades culturais e sociais de Cuba, além de ser referência no que tange aos atendimentos de saúde, onde iremos focar nas redes de apoio aos idosos (redes assistenciais à saúde).
Quais os principais desafios que enfrentou durante o desenvolvimento da pesquisa?
Desafios, nós pesquisadores, enfrentamos a cada dia! Seja pela luta, considerando a época de mestrado em Gerontologia na PUC-SP, onde viajava a madrugada inteira para assistir aula no dia seguinte. Chegava em São Paulo às 5 horas da manhã e às 9 horas tinha aula! Considerando também essa época, onde estava na fase final da dissertação, destaco o fato da distância dos familiars quando morei em Porto Velho/RO. Agora no doutorado, os dois primeiros anos iniciais foram bem difíceis, visto que o curso de Demografia no CEDEPLAR/UFMG ser bem quantitativista, bem focado em estatística. No entanto, os frutos colhidos são magníficos, visto que complementei meus conhecimentos tornando-me pesquisador com perfil quantitativo e qualitativo. Todos nós
sabemos que as metodologias de pesquisas são indissociáveis na estruturação de qualquer pesquisa acadêmica.
Quais são seus próximos passos na vida acadêmica a partir deste mestrado? E na vida profissional?
A partir do mestrado, o meu primeiro passo foi aprofundar mais meus conhecimentos no doutorado.
Agora, neste momento, pretendo dedidar-me cada vez mais às pesquisas gerontodemográficas, além da vida acadêmcia para disseminar os conhecimentos adquiridos.
Sua pesquisa traz uma discussão importante. De que forma acha que ela contribui para a cultura da longevidade?
A minha tese de doutorado traz importantes contribuições para o estudo das redes sociais e redes de apoio aos idosos. Focada principalmente na sugestão de políticas públicas para legisladores no intuito de um melhor envelhecer para todos. Políticas essas fundamentadas em melhorias nas redes assistenciais à saúde dos idosos, bem como a efetivação de políticas públicas focadas no aspecto social voltadas aos idosos, tendo em vista as transformações demográficas vivenciadas atualmente.
Para quem está começando diria que é uma área promissora e de grandes possibilidades. Por todos os números vistos atualmente, os idosos fazem parte do contingente populacional que mais cresce, fazendo com que muitas portas se abram para pesquisas direcionadas nesta temática.
Saiba mais
Veja o currículo lattes de Rodrigo Caetano Arantes no seguinte endereço: Disponível Aqui
E-mail: rodrigoarantes@oi.com.br
A dissertação de mestrado poderá ser lida na íntegra pela Biblioteca Digital da PUC-SP: Disponível Aqui