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MP/CE recomenda que governo crie 75 vagas para idosos com alta hospitalar e sem residência

mão de um profissional de saúde segura uma mào de pessoa idosa

Holding hands Asian senior or elderly old lady woman patient with love, care, encourage and empathy at nursing hospital ward, healthy strong medical concept

Somente em Fortaleza, 48 idosos ocupam leitos hospitalares por falta de alternativas de acolhimento. 


Trata-se de um drama silencioso, a espera por um lar para idosos que não podem voltar para casa ou que são abandonados no hospital. No Brasil, a cada dia que passa, o número de pessoas idosas cresce, refletindo o aumento da expectativa de vida. No entanto, essa conquista se torna um desafio quando a saúde fragilizada impede o retorno para casa após uma internação.

A realidade de muitos idosos, especialmente aqueles com doenças crônicas e que perderam autonomia, é a de enfrentar um impasse cruel: a impossibilidade de voltar para o lar sem estrutura e a ausência de vagas em instituições de longa permanência (ILPIs), apesar de ser um direito e constar no Estatuto da Pessoa Idosa.

Mas, infelizmente, a falta de investimento em políticas públicas voltadas para o envelhecimento e a escassez de ILPIs com qualidade e condições adequadas criam um cenário de sofrimento e indigno para as pessoas idosas.

A situação se agrava quando se considera a realidade de famílias de baixa renda. Sem condições de arcar com os custos de um cuidador particular ou de uma ILPI privada, muitos se veem obrigados a recorrer ao sistema público, que enfrenta longas filas de espera e falta de vagas. Essa espera, muitas vezes, se estende por meses, e a cada dia que passa, a saúde e a dignidade dos idosos ficam em risco.

A falta de estrutura familiar, a necessidade de cuidados especializados e a ausência de alternativas viáveis para o retorno ao lar geram um ciclo de fragilidade, abandono e indignidade. É preciso que o governo, em conjunto com a sociedade civil, promova ações eficazes para atender às necessidades dos idosos. A criação de novas ILPIs públicas, a ampliação da rede de atendimento domiciliar e o desenvolvimento de políticas de apoio às famílias são medidas urgentes para garantir a dignidade e o bem-estar das pessoas idosas.

A solução para esse problema não pode ser apenas paliativa, mas sim estrutural, com investimentos consistentes e uma mudança de paradigma na forma como o Brasil encara o envelhecimento da população. Afinal, cuidar das pessoas idosas é um dever de todos e uma responsabilidade social inadiável.

O comprometimento do MP/CE

Ante isso, o Ministério Público do Estado do Ceará, através da 1ª Promotoria de Justiça de Defesa da Pessoa Idosa e da Pessoa com Deficiência de Fortaleza, intensificou esforços para enfrentar a crescente demanda de desospitalização de idosos no município de Fortaleza.

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No dia 30/10, o MP recomendou que sejam criadas 75 vagas de acolhimento no Abrigo Olavo Bilac, administrado pelo Governo do Estado, para atender idosos que tiveram alta hospitalar e estão impossibilitados de voltarem às suas residências. Somente em Fortaleza, 48 idosos ocupam leitos hospitalares por falta de alternativas de acolhimento. 

No entendimento do Ministério Público, a situação sobrecarrega o sistema de saúde e impede a alta dos pacientes. Inicialmente, foi identificada a presença de 24 idosos sem condições de retorno ao convívio familiar, o que motivou uma requisição do MP à Secretaria de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS) para providenciar o acolhimento adequado.

Posteriormente, outras 24 pessoas foram incluídas na mesma condição, totalizando 48 idosos aguardando acolhimento. O MP, então, expediu nova requisição à SDHDS para a inclusão das novas demandas nos encaminhamentos de acolhimento. 

Em complemento, foi expedida uma recomendação à Secretaria de Proteção Social do Estado do Ceará (SPS) para que abra 75 vagas de acolhimento na Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) Estadual Olavo Bilac, visando atender a esse grupo que necessita com urgência de um espaço acolhedor e seguro para recuperação da própria saúde e reintegração social.

A iniciativa reforça o compromisso do MP do Ceará com a garantia dos direitos fundamentais das pessoas idosas, assegurando-lhes condições dignas de atendimento e reduzindo a pressão sobre as unidades hospitalares. 

Foto: iStock



AMPID

A Associação Nacional dos Membros do Ministério Público de Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência – AMPID tem atuação em âmbito nacional desde o ano de 2004 e contribui para o diálogo social e a promoção dos interesses dos idosos e pessoas com deficiência. Site: http://www.ampid.org.br/

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