Lygia Ferreira dos Santos - Portal do Envelhecimento e Longeviver
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Lygia Ferreira dos Santos

A entrevista foi feita na quinta-feira, dia 5, na tarde seguinte à conquista do título da Libertadores pelo Corinthians. Moradora na avenida Angélica, dona Lygia estava cansada. Afinal, das 17h da véspera às 4h da manhã daquele dia, os milhares de rojões não permitiram que ela tivesse um sono tranquilo. Sequer um sono. Para quem não conhece a geografia de São Paulo, o Pacaembu, local do jogo, fica bem perto da Angélica. E, o mais complicado, é que dona Lygia torce pelo São Paulo… Conversou mais de uma hora com o Portal.

Guilherme Salgado Rocha /  Fotos: Alessandra Anselmi

 

Elencou sua intensa agenda semanal, falou dos compositores preferidos, do filho, netas e bisnetas, sua grande alegria. A entrevista foi acompanhada por Laura Amoroso, massagista de dona Lygia; a simpatia mútua tornou-as amigas, mais do que paciente-profissional. A registrar ainda a paixão de dona Lygia pela Tiquinha, uma periquita australiana, que tomava sol na sala ao lado.

Portal – Vamos começar do cansaço ao qual se referia?

Dona Lygia – Olha, é praticamente impossível descrever o que aconteceu aqui. Eram ondas de corintianos descendo a Angélica, gritando, soltando fogos. E as buzinas?! Isso foi até por volta das quatro da manhã. Dizer que foi uma loucura é pouco.

Portal – Fará 91 este ano?

Sou de 9 de outubro de 1921, nascida aqui em São Paulo, na rua São Vicente de Paulo, filha de Alfredo Ferreira dos Santos e Lucinda de Paula Ferreira dos Santos. Convivi muito com meus pais, queridos pais. Casei-me com 18 anos, tenho um filho, Roberto, duas netas e três bisnetas. Minha família é muito amada, muito amiga.

Portal – Onde trabalhou?

Foram 30 anos na Secretaria Estadual do Bem-Estar Social, na seção de Amparo à Mulher. A diretora era Dina Saraiva, extremamente competente. Uma das atividades da Secretaria era com as prostitutas. Havia muito sofrimento, muita pobreza. Existiam uma delegacia e uma casa de amparo no Bom Retiro, e eu trabalhava lá, pela Secretaria. Depois continuei, mas com obras sociais. Saí de lá aposentada.

Portal – A sra. é elogiada pelas múltiplas atividades que desenvolve. Vamos falar sobre elas?

A ioga é a principal, da qual gosto mais, e à qual dediquei muitos anos. Sou presidente da Associação Internacional dos Professores de Yoga do Brasil. Durante 23 anos fui professora. Mas tive duas hérnias de disco e passei a ser aluna. A Associação tem cursos de preparação, diversas iniciativas. Fica na rua Bahia, 272, onde pratico.

Portal – A sra. mostra um pouco de dificuldade para caminhar…

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Sim, tive artrose no fêmur, que até hoje me faz penar de dor. A ioga ajuda bastante, todo exercício de alongamento é recomendado. Há algum tempo caí aqui no corredor, não conseguia me levantar sozinha. Felizmente tenho o TeleHelp (*). Eu o acionei, e a assistência chegou no mesmo momento em que chegava a moça que faz a limpeza da casa, uma grande coincidência. Essa artrose sempre traz algum contratempo. Por exemplo: agora em julho o padre Robson, do Santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade, Goiás, celebrará missa em Osasco. Adoraria ir, ah, adoraria, mas fica muito cheio o local, muito cheio. É impossível.

Portal – Além da ioga…

Faço ginástica na Associação Cristã de Moços, em Pinheiros. Duas vezes por semana.

Portal – Quais os dias?

Às terças e quintas. A ioga é na quarta-feira. Sexta, sábado e domingo são reservados ao descanso.

Portal – Mas faltou a segunda-feira.

A segunda-feira é dia de ir à Igreja Santa Terezinha, aqui em Higienópolis. Lá participo da distribuição da alimentação aos moradores de rua. Chama-se Projeto Sopão. Ajudo a servir a comida e depois a lavar os pratos. São cerca de 100 moradores, todas as segundas. Os vizinhos reclamam um pouco, mas eles têm fome, têm que comer. Quando chegam, rezamos com eles, em seguida é servida a alimentação.

Portal – Bem, está completa a programação semanal?

Ainda falta o meu xodó, que são os concertos na Sala São Paulo. Tenho uma assinatura anual, amo a música clássica. Toquei piano quando jovem.

Portal – Algum compositor preferido?

Cito três: Villa-Lobos, Schubert e Schumann.

Portal – A pergunta merece até um pedido de perdão, mas a sra. se considera uma pessoa animada?

Sem dúvida. Tenho várias atividades, e isso é muito importante, pois elas mantêm a mente ocupada. E dirijo o meu carro, não pego táxi. Sou boa motorista. Em outubro vence a minha carta, vamos ver o que acontecerá.

(*) O TeleHelp é um atendimento simples e eficiente. O idoso recebe um botão, geralmente usado como colar ou pulseira, que o aciona caso se sinta mal. Quando isso acontece, é enviado um sinal para a Central de Atendimento 24 horas, e uma ambulância é enviada ao local. Informações nos telefones 11-3585-2000 e 4002-1128 ou ainda através do site: Acesse Aqui

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