Jornal argentino dá voz aos idosos, criando duas páginas

Tudo começou quando a jornalista Natalia Muñiz, do Diario Popular de Buenos Aires, Argentina, criou, há 11 anos, a seção “Tiempo de Jubilados”, que quer dizer “tempo de aposentados”.

 

 

A seção foi crescendo até que virou duas páginas no último dia 23 de abril. Natalia, grande colaboradora do Portal, há muito tempo cobre matérias relacionadas ao envelhecimento e com uma perspectiva gerontológica, sem cometer aquelas gafes que normalmente nossos colegas brasileiros cometem, como chamar a Doença de Alzheimer de “Mal de Alzheimer”.

A seção de duas páginas conta com anúncios de atividades e serviços para pessoas acima de 60 anos em centros que reúnem pessoas de terceira idade, muitas delas aposentadas ou recebendo pensão, faculdades abertas à Terceira Idade, organizações não governamentais e poder público.

A página par é dedicada a diversas atividades, onde são relatados diversos eventos existentes na cidade de Buenos Aires, cursos ou notas. No caso específico saiu a notícia da comemoração do aniversário de 100 anos de Fanny, ou são anunciadas as diversas atividades de centros de aposentados nas diferentes regiões da grande Buenos Aires.

A página ímpar é para os centros de aposentados, universidades, instituições de diferentes partidos da região metropolitana de Buenos Aires.

Segundo Natalia Muñiz, os centros de aposentados costumam chamá-la para contar o que planejaram para o mês, os cursos que ministram, os serviços que prestam, e enviam suas fotos, mostrando eles mesmos: festa de aniversário, almoços, bailes, organizando festivais para o Dia da Criança, entregando doações, aprendendo novas tecnologias, apresentando obras de teatro, expondo artesanato e pinturas realizadas durante o ano, estudando nas universidades de terceira idade, transmitindo programas de rádio, viajando, participando em manifestações em defesa de seus direitos… Enfim, são eles mesmos, sem photoshop, ressalta Natalia.

Para a jornalista, estes idosos dão visibilidade a novos modelos de velhice cidadã.

Diferente de Buenos Aires, os idosos brasileiros representados no Conselho de Idosos, por exemplo, ou articulados a grupos de terceira idade, não têm por hábito alimentar a mídia sobre o que fazem, suas atividades, suas lutas, enfim, seu exercício de cidadania. Um hábito que há de ser mudado, com certeza, com novas gerações de pessoas que estão chegando aos 60!

Por outro lado, os jornais não dão voz aqueles que são seus principais leitores, o que também deve ser mudado senão deixarão de existir.

Por fim, queremos parabenizar a nossa colega e colaboradora Natalia Muñiz, por mais esta conquista, dando voz aos 60+!