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Itália: a árdua tarefa de escolher quem vive

A Itália vive hoje o drama de ter que tomar decisões de vida ou morte sobre quem pode ser tratado e quem pode ser efetivamente deixado de lado. As vítimas de coronavírus com mais de 80 anos podem não receber tratamento intensivo, porque simplesmente o sistema de saúde está em colapso.


De acordo com planos de emergência propostos em Turim, pacientes italianos com coronavírus com 80 anos ou mais não receberão cuidados intensivos se a crise piorar. Os planos elaborados pelas autoridades de proteção civil alertam que ‘será necessário aplicar critérios para acesso a tratamento intensivo’ se houver muitos pacientes. O documento, visto pelo Daily Telegraph, propõe que esses critérios “devem incluir idade inferior a 80 anos”. Os médicos já descreveram momentos de tomada de decisões de vida ou morte sobre quem pode ser tratado e quem pode ser efetivamente deixado de lado.

Um médico disse que o destino de um paciente “é decidido pela idade e pelas condições de saúde”, acrescentando: “É assim que é em uma guerra”.

O primeiro-ministro Giuseppe Conte alertou que o país está entrando em suas “semanas mais arriscadas”, e sinalizou “ainda não atingimos o pico”. O plano proposto aponta que outras condições de saúde previamente existentes dos paciente também serão levadas em consideração quando os leitos da terapia intensiva forem alocadas.

Além destes critérios os médicos também deverão levar em consideração a possibilidade de recuperarão caso os pacientes precisem ser ressuscitados em casos de emergência. “Se for impossível fornecer a todos os pacientes serviços de terapia intensiva, será necessário aplicar critérios de acesso ao tratamento intensivo, que depende dos recursos limitados disponíveis”, diz o documento.

Os funcionários reconhecem que os planos forçarão os hospitais a ‘focar nos casos em que a relação custo / benefício é mais favorável ao tratamento clínico’. Médicos italianos já descreveram como os hospitais foram “sobrecarregados” pela crise da saúde, com a Itália sofrendo o pior surto da Europa.

Turim faz parte da região de Piemonte, vizinha da Lombardia, onde o maior número de casos foi encontrado. Muitos casos na Lombardia ocorreram em cidades pequenas, mas houve temores de uma grande disseminação em Milão que deixaria os hospitais ainda mais sobrecarregados.

O governador da Lombardia, Attilio Fontana, disse que a situação em áreas ao redor de Milão está piorando. “Estamos perto do ponto em que não poderemos mais ressuscitar as pessoas porque não teremos leitos disponíveis nas unidades de terapia intensiva”, disse Fontana ao Sky TG24.

O prefeito de Milão, Beppe Sala, disse que conseguiu garantir remessas de máscaras cirúrgicas da China para ajudar a cobrir uma crescente escassez. “Milão sempre teve excelentes relações com as principais cidades chinesas e fiz alguns telefonemas nos últimos dias em busca de máscaras”, disse o prefeito de Milão. ‘Chegou a primeira remessa (sexta-feira) e agora vamos distribuí-las aos médicos, à nossa equipe.’ A Comissão Europeia também anunciou a entrega iminente de um milhão de máscaras da Alemanha.

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Alguns médicos têm trabalhado em instalações improvisadas, com tendas alocadas fora dos hospitais para permitir que os pacientes sejam testados para o coronavírus. Há também temores de que o sul da Itália não consiga lidar com a crise se o vírus se espalhar tão rapidamente quanto no norte rico.

O primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte alertou que algumas pessoas continuam a viajar para o sul, apesar da quarentena nacional sem precedentes. Os cientistas nos dizem que ainda não atingimos o pico. Essas são as semanas mais arriscadas e precisamos da máxima precaução”, afirmou.

“Coisas como as pessoas que saindo de Milão nos fins de semana para passar um tempo com sua família ou em suas residências no sul devem absolutamente parar. “Não podemos mais nos permitir erros comportamentais”, disse Conte ao jornal Corriere della Sera.

O vírus “é o nosso desafio mais importante das últimas décadas”, afirmou. A Itália confirmou 24.747 casos de vírus e 1.809 mortes no pior surto fora da China.

O governador da região de Veneto, em Veneza, também pediu que ‘todos permaneçam isolados’ para evitar colocar os hospitais sob mais tensão. “Se as pessoas não seguirem as regras, o sistema de saúde entrará em colapso e terei de impor um toque de recolher”, alertou o governador de Veneto, Luca Zaia.

*Matéria de Tim Stickings escrita para Mail Online. Tradução livre de Carolina Lucena.


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