Preocupada com o desinteresse de seus 298 alunos pela leitura, a professora Thais Faria Coelho, 27 anos, buscou em seu avô, que gostava muito de contar estórias, a inspiração para desenvolver proposta que fosse capaz de despertar nos estudantes o gosto por livros. Assim surgiu em Santo André, em 2003, o Projeto Vô Di, que estimula os alunos a lerem contos para pessoas hospitalizadas ou em situação de abrigamento (crianças e idosos).
Deborah Moreira
Milhares já passaram pela iniciativa, que começou em uma escola particular e atualmente atinge também a rede pública. A idealizadora do projeto estima que a ação atraiu 4.000 participantes até agora, entre ouvintes e leitores, da Educação Infantil ao Ensino Médio.
Somente em Ribeirão Pires, 1.200 alunos de 5º ao 9º anos participaram, em 2007. A Secretariade Educação e Inclusão estuda adotar o método novamente no próximo ano, em toda a rededo município. No total, 80 instituições já receberam a visita dos Leitores de Luz, como sãochamados os integrantes do projeto.
Antes de iniciar a narrativa, meninos e meninas tentam criar uma atmosferaagradável. “Perguntamos o nome e se eles gostariam de ouvir a estória. Depois, a gente segueconversando, fazendo amizade. Percebemos que gostam muito das nossas visitas”, dissea integrante Caroline Guelfe, 9 anos, do 5º ano, ao fim de mais uma visita, na terça-feira, àInstituição Assistencial Casa do Caminho Ananias, em Santo André, onde moram 44 idosas.”Para nós é uma lição de vida. Quero voltar a ler para elas nas férias. Nem imaginava como eraa vida em um asilo”, completou Caroline.
Entre as ouvintes estava Neusa Grotti, 65 anos. Após três derrames, ela ficou com sequelas,como perda parcial da visão e de parte dos movimentos, que exigem cuidados maiores. Ao ouviras crianças, emocionou-se com o gesto. “É um momento de carinho, que me deixa muito feliz”,declarou Neusa, que tem neta da mesma idade de Caroline, que a visita semanalmente.
Parcerias
O projeto firmou recentemente uma parceria com o Rotary Clube da região, que tem levadorotarianos a assumirem a missão dos Leitores de Luz em municípios da região, como Mauá.”Enviamos o kit com camiseta, pasta com textos traduzidos para o inglês e autorizações deimagens para o Rotary do Canadá, que pretende adotar a dinâmica do projeto. Estamos embusca de novas parcerias. Quanto mais gente se juntar, mais gente envolvemos nessa correntede literatura e solidariedade”, declarou a professora Thais.
Fonte: Diário do Grande ABC, 3/7/2011. Acesse Aqui