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Incontinência Urinária feminina: a importância de ações educativas em saúde

A Incontinência Urinária é definida pela International Continence Society (ICS) como qualquer perda involuntária de urina. Esta condição representa um importante problema de saúde pública e afeta dramaticamente a qualidade de vida de mulheres, influenciando em sua vida social, profissional e sexual.

Gabriela Correia de A. Goldstein(*)


Perder urina mesmo que em pequena quantidade, ao tossir ou espirrar, quando “estamos resfriados”, ou ao dar uma boa gargalhada, não é normal. Ao contrário do que muita gente pensa, toda perda involuntária de urina é considerada Incontinência Urinária (IU) e deve ser avaliada e tratada.

Entendendo um pouco a Incontinência urinária

A International Continence Society (ICS) define a Incontinência Urinária como qualquer perda involuntária de urina. Esta condição representa um importante problema de saúde pública e afeta dramaticamente a qualidade de vida de mulheres, influenciando em sua vida social, profissional e sexual.

A IU classifica-se de acordo com a maneira em que ocorre a perda de urina.

CONFIRA TAMBÉM:

a) Perda urinária por esforço: relacionada a esforços físicos. Geralmente ocorre quando tossimos, espirramos ou durante a prática de atividade física.

b) Perda urinária por urgência: quando a mulher sente uma forte e repentina vontade de urinar e tem dificuldade no controle da micção. Este evento é normalmente causado por contrações involuntárias do músculo detrusor.

c) Mista: é a forma mais frequente, ocorre quando há combinação das duas queixas.

Esta condição é frequente na população com 60+ devido a alterações musculares que ocorrem no processo do envelhecimento, mas ela pode acometer pessoas jovens e, até mesmo, crianças e de ambos os sexos.

A causa da Incontinência Urinária feminina é multifatorial e os fatores de risco mais importantes são: gestação e parto vaginal (pode haver danos na musculatura e inervação do assoalho pélvico), menopausa, diabetes Mellitus, infecções urinárias de repetição, obesidade, constipação intestinal, câncer de bexiga, cirurgias pélvicas prévias, atividades de impacto (atletas), depressão, alterações neurológicas e comprometimento da mobilidade.

O tratamento

A incontinência urinária não é uma doença e sim um sintoma. As formas de tratar a IU dependem de sua causa e tipo. É necessária uma avaliação onde se investigue a história clínica da paciente, exame físico, o diário miccional (instrumento que avalia a frequência da perda urinária) exames ginecológicos e urodinâmica.

A Sociedade Brasileira de Urologia preconiza que a história clínica da perda urinária deve trazer aspectos relativos ao início dos sintomas, frequência, gravidade e impacto na qualidade de vida. O tratamento pode ser cirúrgico ou conservador (medicamentoso e fisioterapia).

Por apresentar efeitos colaterais nulos, baixo custo e bons resultados, a OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda o tratamento conservador como medida primária no tratamento da IU.

A fisioterapia uroginecológica lança mão de técnicas específicas para o tratamento da IU. Exercícios perineais, o uso de cones vaginais, eletroestimulação (biofeedback), além de propor o tratamento comportamental que consiste em mudar alguns hábitos diários que podem melhorar a queixa.

Medidas de educação em saúde

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Desmistificar a incontinência urinária feminina é papel do profissional de saúde. Esclarecer que não se trata de uma “condição normal” que está associada ao envelhecimento fisiológico.

Apresentar medidas preventivas e orientar a paciente quanto às possibilidades de tratamento é fundamental para que se consiga prevenir danos físicos e psicossociais. As atividades educativas em saúde voltadas à Incontinência Urinária podem ocorrer durante consultas de rotina, consultas em saúde da mulher, exames ginecológicos, palestras na sala de espera, entrega de folder educativo, atendimentos em grupos e outro momentos em que o profissional de saúde julgar pertinente.

Pacientes que não buscam atendimento médico por desconhecimento do tratamento, por não valorização da queixa ou vergonha acabam se restringindo de suas atividades cotidianas. Com o tempo param de frequentar atividades físicas, sociais, deixam de viajar por não conseguir conter a urina durante um percurso. Algumas também enfrentam impactos negativos na vida sexual e baixa autoestima.

É importante que as mulheres tenham acesso a informação especializada logo no início do sintoma, pois, em casos mais simples, a queixa pode ser resolvida com exercícios perineais e mudanças comportamentais como as já citadas. A avaliação médica é fundamental para a escolha do tratamento mais adequado.

Mulheres que já tiveram incontinência urinária e realizaram cirurgia pélvica também podem voltar a ter perda urinária, por isso é fundamental que ela receba acompanhamento longitudinal no pós operatório.

Os exercícios perineais, que consistem em reforçar a musculatura do assoalho pélvico, são indicados para a IU de esforço e podem ser realizados de forma preventiva por mulheres que não apresentam a queixa. Estes exercícios, além de evitar a IU por esforço também podem influenciar na qualidade da relação sexual.

Por que a maioria das mulheres não procura tratamento?

O desconhecimento sobre os tipos de tratamento disponíveis para a IU e a crença de que seria uma condição normal podem levar a paciente de IU a não procurar tratamento (Silva; Lopes, 2009). Algumas pacientes relatam em consultório que sentem-se desconfortáveis em relatar a queixa e outras, relatam ainda, que não priorizam a queixa de IU frente a outras queixas “mais urgentes”.

Ocorre que a não procura pelo tratamento pode agravar a queixa e impactar significativamente a qualidade de vida das mulheres.

Referências

SILVA, Lígia da, & LOPES, Maria Helena Baena de Moraes. Incontinência urinária em mulheres: razões da não procura por tratamento. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 43(1), 72-78, 2009. Disponível Aqui. Acesso em 22 set. 2014

OLIVEIRA, Jaqueline Ramos de; GARCIA, Rosamaria Rodrigues. Cinesioterapia no tratamento da Incontinência Urinária em mulheres idosas. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, 2011 . Disponível Aqui. Acesso em 21/09/2014.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE UROLOGIA. Incontinência Urinária de Esforço: Tratamento Não Cirúrgico e Não Farmacológico. Projeto diretrizes, 2006. Disponível Aqui. Acesso em 12/9/2014.

(*)Gabriela Correia de A. Goldstein – Fisioterapeuta com Mestrado em Ciências pela Universidade de São Paulo. É especialista em Fisiologia e Biomecânica do aparelho locomotor pelo Instituto de Ortopedia do HC- FMUSP, e Especialista em Gerontologia Social pela PUC-SP. É blogueira e atua na área de Saúde Pública e Gerontologia. Blog: Disponível Aqui. Currículo Lattes: Aqui. Email: gabriela.correia@gmail.com

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