O Centro de Medicina do Envelhecimento da Universidade Católica de Roma, em conjunto com a Galeria Nacional de Arte Moderna, divulgou em 14 de outubro, no jornal romano “Il Messagero”, estudo que aponta efeitos benéficos para pacientes com Alzheimer ao contemplar obras de arte.
O método utilizado pelos pesquisadores consistiu em guiar os pacientes pela pinacoteca, onde puderam observar detalhes das pinturas de Paolo Veronese, Domenico Morelli e Giuseppe de Nittis. Depois, foram submetidos a uma avaliação clínica e psicológica, segundo informações divulgadas pelo jornal romano.
Roberto Bernabei, diretor do Centro de Medicina do Envelhecimento revelou que “Os resultados comprovam que visitar museus pode frear os primeiros sintomas da doença. Levar os pacientes a locais onde se mostra a beleza é também uma maneira de comunicar ao doente que ele não está segregado e que embora sua mente vacile, pode continuar sua vida”.
A geriatra Rossella Liperoti explicou que após uma visita as obras de arte, observou-se que os efeitos benéficos se prolongavam por semanas: “O teste feito antes e depois da visita pela galeria evidenciou uma notável redução do nível de estresse, não só em quem está mal, mas também nos acompanhantes”. Entretanto, o estudo mostrou não haver, ainda, comprovação quanto a influência das obras de arte no déficit cognitivo dos pacientes.
A reportagem informa que o “Museu de Arte Moderna de Nova York (Moma) tem um programa de visitas guiadas para incentivar a criatividade em pacientes com Alzheimer”. Números mais recentes da Associação Mundial de Alzheimer contabilizam 40 milhões de doentes e a previsão é que crescimento de 50% até 2030.
A arte e o ser humano fragilizado: onde começa um e onde termina o outro? É difícil mensurar o impacto que as imagens causam naquele que as recebe. Imagino que seja como ser tomado por um oceano de surpresas visuais, sentir-me mergulhado num mundo possível, onírico, onde podemos realizar e nos sentir vivos, libertos e pertencentes a algo ou alguém. Talvez seja tudo isto e mais um tanto de emoções desconhecidas por nós que afetam, no sentido literal da palavra, os pacientes com Alzheimer.
A Profa. Dra. Irene Gaeta Arcuri fala de liberdade e da importância do sentir-se vivo através da arte e produzindo arte em seu artigo “Arte e Envelhecimento: “A arte pode ser uma força capaz de levar o homem para além do “vazio”. É uma linguagem capaz de estabelecer uma conexão com a alma, sendo capaz de compreendê-la. Assim, desenvolve a liberdade à alma aprisionada pelo vazio, pelo medo, ou ainda pelos sentimentos que não conseguem ser nomeados. (…) O mundo das cores, do som e da literatura amplia a consciência humana, levando o Ser a uma nova experiência de si próprio”
Referências
ARCURI, I.G. (2006). A arte e o envelhecimento In: Côrte, B.; Mercadante, E. F.; Arcuri. I.G. (Orgs.). O envelhecimento e velhice: um guia para a vida. São Paulo: Vetor.
ESTADÃO.COM.BR/SAÚDE (2011). Obras de arte têm efeito positivo em pacientes com Alzheimer. Disponível Aqui. Acesso em 21/10/2011.