O que faz, ainda nos dias de hoje, a questão “diferenças” ser tema tão complexo e discutível? Nos julgamos tão modernos, tão up to date com tudo que quase nos esquecemos dos nossos próprios preconceitos e reservas diante de situações inovadoras e um tanto diferentes para nossa rasa compreensão.
A matéria “Nova York inaugura o primeiro centro para idosos homossexuais dos EUA”, publicada no UOL, nos faz refletir sobre o seguinte: vivemos um tempo em que para cada grupo social constrói-se um local apropriado para acolher e apartar o “diferente”, aquele que se entende e, muitas vezes, é entendido pelo outro como um Ser distante de tudo e de todos, como um espécime a parte da raça humana. E tudo isso por um padrão de normas e condutas ensinadas desde os primeiros anos da escola e reafirmadas ao longo dos anos.
O isolamento será um tipo de proteção ou é o desejo de proteção e a fragilidade que conduzem ao isolamento de bom grado? Uma discussão como essa nos leva a muitos caminhos, alguns, inclusive, gerariam belíssimos projetos de pesquisa para se compreender, por exemplo, o efeito do isolamento desses iguais solitários e fragilizados.
Christopher Miller, porta-voz do Departamento para a Terceira Idade da Cidade de Nova York comunicou: “É o primeiro centro do tipo nos Estados Unidos para gays, lésbicas, bissexuais e transexuais (LGBT) idosos”. O centro oferece programas vinculados à arte, alimentação, saúde e bem-estar, segundo o SAGE (Serviços e Apoio aos LGBT), fundado em 1978 e com 21 filiais em todos os Estados Unidos.
O objetivo é que os idosos homossexuais possam envelhecer com boa saúde, segurança financeira e amplo apoio da comunidade, de acordo com o SAGE.
É importante afirmar e deixar claro, que a iniciativa é excelente, entretanto, uma das coisas que mais preocupa, é o que está “atrás da cortina”, exatamente os fatores que inquietam e que alavancam esse agrupamento. Para a organização, “os idosos da comunidade homossexual geralmente evitam procurar estes serviços por temer a discriminação e têm uma tendência a se isolar, em particular quando se encontram numa situação de vulnerabilidade, o que tem um enorme impacto em sua saúde e bem-estar”.
Por enquanto este primeiro centro abarca cinco distritos de Nova York (Manhattan, Bronx, Brooklyn, Queens, Staten Island). Não podemos esquecer que a cidade abriga a maior população urbana dos Estados Unidos composta por lésbicas, gays e homossexuais, segundo a prefeitura, e conta atualmente com 1,3 milhão de idosos (numa população de 8,17 milhões de pessoas). Espera-se um crescimento de 46% neste segmento de idade nos próximos 25 anos.
A reportagem ainda informa que “junto com o lar para homossexuais, a iniciativa da prefeitura de Nova York visando à população de terceira idade inclui um inovador centro, também apresentado como o primeiro dos Estados Unidos, para proporcionar serviços aos idosos cegos ou com problemas de visão denominado ‘Visions’”.
Referências
ANDRADE, M. (2012). Nova York inaugura o primeiro centro para idosos homossexuais dos EUA. Disponível Aqui. Acesso em 04/03/2012.