Cerca de 10% de idosos britânicos se descrevem muitas vezes ou sempre solitários, representando um aumento de quase 300 mil em comparação com a pesquisa realizada em 2013. De acordo com o relato deles, sua principal companhia é o animal de estimação e a televisão.
Charlie Cooper *
Estes são os resultados de uma pesquisa realizada por Age UK sobre solidão. A pesquisa revela um aumento significativo de isolamento social. De acordo com o relato dos próprios idosos, cerca de 10% se descrevem muitas vezes ou sempre solitário, representando um aumento de quase 300 mil em comparação com a pesquisa realizada em 2013.
A pesquisa, realizada em 2014, consultou mais de 2.000 pessoas com idade superior a 65 anos. No Reino Unido existem cerca de 11 milhões de pessoas com mais de 65 anos.
Dois em cada cinco entrevistados disseram ter como principal companhia seu animal de estimação ou a televisão. Nacionalmente, isso seria o equivalente a 4,3 milhões de pessoas. A Solidão tem sido identificada como um dos principais problemas de saúde pública nos últimos anos, e tende a crescer à medida que mais pessoas ficam fora da sociedade ao se aposentarem, excluídas, perdendo assim sua independência e vida social.
Essa situação é um quadro comum em todos os países desenvolvidos. Pesquisas recentes nos EUA sugerem que pessoas solitárias correm duas vezes um risco para a saúde, mais do que a obesidade. As pessoas que relataram solidão em pesquisas norte-americanas têm 14% mais de probabilidade de morrer no curso de seis meses do que a média.
O secretário de Saúde do Reino Unido, Jeremy Hunt, destacou a solidão em um discurso, chamando a situação de “cronicamente solitário” a “vergonha nacional”. Ele disse que era um problema que “em nossas vidas ocupadas nós falhamos completamente em enfrentar o problema como uma sociedade”.
No entanto, a diretora da Age UK, Caroline Abrahams, disse que os cortes de financiamento, como consequência da Coalizão, estavam forçando muitos dos serviços locais que ajudam as pessoas idosas a ficarem conectadas socialmente, como clubes de almoço, a fecharem, provocando um aumento de trabalho do setor do voluntariado.
“Sabemos o quanto a solidão pode ser devastadora para os idosos e estes números são mais um lembrete da escala do problema”, disse ela.
Kate Jopling, diretora da Campanha pelo Fim da Solidão, acrescentou: “Deve ser uma grande preocupação para os gestores de saúde e de assistência social que tantas pessoas mais velhas são agora severamente solitárias. A evidência é clara de que a solidão leva a problemas de saúde evitáveis. Se não conseguirmos levar este problema de saúde pública a sério agora, podemos acabar empurrando serviços já esticados ao ponto de ruptura”.
* Charlie Cooper escreveu para The Independent, em 3/5/2014. Tradução Sofia Lucena. Disponível Aqui