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Funeral: um local para expressarmos a dor da perda

Funerais são de fato um dos eventos sociais mais difíceis de se participar. Por isso, a maioria das pessoas não gosta de ir a velórios e de participar dos ritos religiosos que se seguem após a morte de alguém. Contudo, participar de um funeral, em geral, é algo muito bom para o processo de luto. É um local para expressarmos nossa dor, para recebermos apoio social e nos permite vivenciar o momento de encerramento de um ciclo. Como diz Mário Quintana, em ‘Este quarto’, “A morte deveria ser assim: um céu que pouco a pouco anoitecesse e a gente nem soubesse que era o fim”.

Nazaré Jacobucci *

 

Há numerosas formas de nos depararmos com o fato de que nossa vida e a vida dos nossos entes queridos têm um fim. Ir a um funeral é uma delas. Devo concordar, funerais são de fato um dos eventos sociais mais difíceis de se participar. Por isso, a maioria das pessoas não gosta de ir a velórios e de participar dos ritos religiosos que se seguem após a morte de alguém. Contudo, participar de um funeral, em geral, é algo muito bom para o processo de luto. É um local para expressarmos nossa dor, para recebermos apoio social e nos permite vivenciar o momento de encerramento de um ciclo.

Como a sociedade moderna não discute a morte, participar de uma cerimônia fúnebre pode ser um momento embaraçoso. A família e alguns amigos próximos podem estar muito fragilizados diante daquela perda. Então, precisamos estar atentos para não causar nenhum constrangimento com comportamentos inadequados. Um funeral precisa ser vivenciado com compostura e serenidade.

Preparei uma lista com alguns itens que, na minha opinião, são importantes de serem observados quando precisamos ir a um velório. Minha intenção é que possamos refletir sobre a nossa postura em um funeral tendo por base a nossa cultura.

Comparecimento

Será de bom tom ir ao velório de um ente querido, mesmo que você fique apenas por pouco tempo. A sua presença pode representar para a família que você se importa com eles, é uma demonstração de cuidado. Contudo, nestes momentos não devemos fazer qualquer tipo de julgamento. Não devemos nos esquecer que cada um reage da sua forma diante de uma perda. Então, caso alguém prefira ficar em casa, devemos respeitar. Há pessoas incapazes emocionalmente de enfrentar a morte e isso não significa que elas sejam insensíveis.

Roupas

Use de preferência cores discretas e/ou neutras e abstenha-se de estampas muito vibrantes. Lembre-se de que o foco do funeral deve estar na família e nos amigos enlutados. Atrair a atenção para você pode parecer um desrespeito ou uma falta de cuidado.

Comportamento

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Ao chegar vá direto dar suas condolências para a família, pois eles precisam de toda a atenção neste momento de profunda dor. Não pare pelo caminho para conversar com aquele primo que você não vê há anos. Você poderá fazer isto depois.

Não faça do funeral de seu ente querido um encontro social onde velhos amigos se reencontram e aproveitam para colocar a conversa em dia. Cuidado com as piadas, nada mais inadequado do que pessoas rindo alto num velório. Em nossa cultura, falar de futebol é algo comum, mas você não precisa discutir com outros familiares aquela defesa espetacular que o goleiro do seu time fez no último jogo. Outra coisa inapropriada é ficar reparando e fazendo comentários negativos sobre as pessoas presentes. Num funeral devemos ser o mais discretos possíveis e silêncio é a palavra-chave.

Num funeral, quando uma pessoa da família ou conhecida perguntar como você está, seja breve. Não precisa dar detalhes sobre todas as suas dores no corpo e disfunções orgânicas que você possa estar vivenciando. Provavelmente a pessoa não quer saber sobre os seus rins, os detalhes de sua última cirurgia ou quanto suas costas doem. Não em um funeral. Mantenha a conversa estritamente voltada sobre a pessoa que morreu e como poderão ajudar aquela família durante o processo de luto. Aqui a palavra-chave é bom senso.

Outro comportamento inadequado, principalmente na nova era tecnológica, é o uso constante do celular. Não fique checando a cada cinco minutos seus e-mails, WhatsApp, Facebook e outras mídias sociais. Desligue-o! Acredite, você pode sobreviver algumas horas desconectado.

Uma questão que muito me estarrece, na era do selfie, são as pessoas que comparecem a um funeral de uma pessoa pública e ficam tirando fotos junto ao caixão. Eu não sei quem começou esta tendência, mas é extremamente inapropriado por várias razões. A família pode se sentir invadida e desrespeitada. Lembre-se de que o funeral é um momento de dor e introspecção, não de exibição.

Após o enterro ou cremação, as visitas aos familiares enlutados deverão ser feitas sob consulta prévia, e não devem ocorrer no mesmo dia. A família precisa descansar. Caso você seja muito próximo, telefone – de preferência somente no dia seguinte – para um dos membros da família para saber como estão. Sempre que possível, coloque-se à disposição para ajudá-los no que for preciso.

Isto é demonstração de cuidado e o quão você se importa com a dor que estão vivenciando. Uma pessoa em processo de luto, muitas vezes, não tem condições psíquicas para pensar nas coisas básicas do cotidiano. Então, colocar-se à disposição para alguns afazeres do dia-a-dia pode ser de grande valia para seu amigo e/ou familiar enlutado.

O importante é que o enlutado se sinta acolhido em seu momento de dor, apenas isto.

* Nazaré Jacobucci – Psicóloga Especialista em Luto. Member of British Psychological Society: Acesse Aqui

Referências

Brock F. Funeral Etiquette: What to Do and What Not to Do. Prolific Living. 2011. Acesse Aqui

Weigel J. Funeral guests behaving badly: How to cope. Chicago Tribune. Fev.2016.

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