Foi um prazer conhecer o senhor e a senhora Aldeman - Portal do Envelhecimento e Longeviver
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Foi um prazer conhecer o senhor e a senhora Aldeman

Monsieur & Madame Adelman, filme que foi debatido pelo Portal do Envelhecimento na última sessão de cinema do Itaú Viver Mais Cinema, representa a vida de um casal que esteve junto por 45 anos, contada pelo olhar da mulher que sempre acompanhou o marido, um renomado escritor. Todos os segredos e as intimidades da relação de um casal que envelheceu junto são revelados.

 

“Em briga de marido e mulher, é melhor não meter a colher”.

Esse ditado popular cabe perfeitamente para explicar como é difícil, mesmo se tratando de ficção, tentar entender a complexidade do universo de um casal.

No filme, cujo título original em francês é “O pacto”, acompanhamos 45 anos da vida conjugal de Vitor e Sarah e de carona somos lembrados de como o mundo deu muitas voltas nesse período.

Aliás foram tantas essas voltas, que a dupla, em muitos momentos, é afetada pelo humor dos tempos que se despediam da juventude paz e amor e abraçavam o neoliberalismo que invadia a Europa.

Desses movimentos de transformação, ninguém saiu impune e a vida desse casal seguiu no andar dessa carruagem de mudanças que acabam, inevitavelmente, atingindo fortemente a relação.

Até aqui, já seria um tema muito instigante olhar para as consequências desses percursos, mas ocorre que mal sabíamos nós, sentados nas poltronas do cinema, que o que nos era contado seria a moldura para um quadro muito mais perturbador.

Vitor é um escritor que, depois de conhecer Sara e estabelecer com ela uma relação de total dependência em relação ao seu processo criativo, conhece a fama e o reconhecimento literário.

Sara é a moça sabida de sorriso largo, de família judia que desde que olhou pela primeira vez para Vitor, decidiu que ele seria o homem de sua vida até que a morte os separasse.

Paixão, farras, filhos que não foram exatamente o que imaginaram… afastamento, ciúmes, drogas, insegurança e pronto: o casamento de Monsieur e Madame Aldman ruiu.

E aí acontece de um tudo: tentativas infrutíferas de reconciliação, frustrados “recomeços”, novos amores e a certeza de que a vida, separados, era pior do que juntos.

Juntos e velhos.

Assim estavam quando Vitor começou a apresentar os primeiros sintomas de uma demência que aparentemente poderíamos arriscar se tratar da Doença de Alzheimer.

Sara, como tantas mulheres que encaram essa jornada dura, não desiste do marido.

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Mas sofre.

O filme, acertadamente, mostra sutis e definitivos momentos em que a doença dilacera o casal.

E eis que quando nós, os que já estávamos nos contorcendo nas cadeiras, pensamos que a vida desse casal seguiria nesse longo calvário, Sara resolve dar um final surpreendente para esse romance.

Acendem-se as luzes, caras estupefatas e o começo de um murmurinho de onde podia-se ouvir:

”Nossa… ela não tinha o direito de matar o marido!”

“Essa é na verdade uma história de amor verdadeiro…”

“Mas porque raios ela escondeu a vida toda que era ela quem escrevia todos os livros de Vitor?”

“Que direito ela tinha de decidir acabar com o sofrimento do marido?”

E assim começou o debate.

Aliás, a cada mês, mais e mais pessoas ficam após a sessão para falar, ouvir, trocar, descordar, descobrir, enfim exercer o direito básico assegurado pela Constituição: a livre expressão de ideias.

E são muitas e diversas ideias sobre o que é um casamento, a fidelidade, o envelhecer, a morte, enfim, qual será o pacto possível para sermos felizes a dois?

E para essa resposta, precisamos muito mais do que uma animada sessão de cinema.

Fotos: Rodrigo Gueiros

Imagem de destaque: Maria Antonia Demasi

Maria Antonia Demasi

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