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Filme “Alzheimer na periferia” retrata histórias vistas em muitas regiões

No início do mês de conscientização da Doença de Alzheimer, pude participar da pré-estreia do longa metragem “Alzheimer na Periferia”, documentário dirigido pelo cineasta Albert Klinke a partir de argumento do jornalista e professor Jorge Félix, com produção da Malabar Filmes.

 

Há 13 anos acompanho diversas famílias em trabalho voluntário junto a grupos de apoio e profissionalmente nos atendimentos domiciliares, e não imaginava que retratando apenas 5 casos de famílias que residem na periferia de diferentes regiões da cidade de São Paulo, fosse possível resumir tão perfeitamente e com tamanha sensibilidade as centenas de casos que já presenciamos!

A Doença de Alzheimer acomete cerca de 1,2 milhão de brasileiros e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de casos deve aumentar 500% na América Latina até 2050. Ainda não há cura, mas com tratamento adequado é possível adiar a progressão da doença e garantir maior qualidade de vida aos pacientes. Como toda doença, o Alzheimer atinge todos os níveis sociais e econômicos, no entanto, o acesso aos tratamentos e rede de apoio para os cuidados pode ser bastante distinto, infelizmente, muito mais complicado para as famílias de baixa renda. Ao mostrar essa realidade, no entanto, o filme ultrapassa as barreiras econômicas. É possível identificar que para se cuidar adequadamente, para lutar pelo bem estar do seu familiar e manter a qualidade de vida do cuidador é necessário muito mais do que isso!

Estavam todos lá, todas as personagens já encontradas nesses anos de profissão: a idosa solteira e sem filhos, com uma pequena rede de cuidados, assistida pela irmã e sobrinho, ambos idosos; a mãe idosa cuidando de sua filha com Alzheimer extremamente precoce, com apoio da neta, sobrecarregada, jovem, grávida e com os sonhos e sentimentos completamente misturados por ver sua mãe cada dia mais dependente; a filha que teve uma vida de mágoas e desavenças com a mãe, mas que diante da doença, foi a única a assumir os cuidados, superando tudo, reconstruindo vínculos; a enorme família que, diferente da maioria, uniu-se ainda mais pela doença, todos ajudam, todos cuidam, todos participam; a segunda esposa, ao lado do parceiro na saúde e na doença, com extremo bom humor e amor, mas pouca ajuda. Em cada caso assistido pelo menos uma dezena de outros me retornava à memória. Quantas vidas compartilhadas, quantas histórias difíceis, quantas provas de amor, quanta superação, quanta dedicação.

Cuidar de alguém com demência, garantir sua segurança e bem-estar, não é tarefa fácil, quando se é um cuidador familiar, torna-se ainda mais complicado. Envelhecer e adoecer não torna ninguém santo, não altera o passado, não faz promessas para o futuro, por isso, o impacto da doença pode ser tão diferente para cada família, para cada membro dela; os vínculos estabelecidos ao longo da vida virão à tona, o estresse será inevitável, as preocupações também.

É preciso falar sobre os cuidadores, sobre o quanto eles abdicam da própria vida para cuidar, sobre o quanto eles adoecem por conta disso (quantos infelizmente falecem antes mesmo do familiar doente), mas também é preciso falar sobre a grandeza do cuidar, do lado positivo, do novo significado que pode trazer à vida, do quanto se repensam os vínculos sociais que estão sendo construídos dia a dia, sobre o quanto permite ressignificar o próprio envelhecimento, da sensação de dever cumprido, de gratidão e reciprocidade.

Conscientizar a população sobre a Doença de Alzheimer e sobre as necessidades dos pacientes e dos cuidadores é extremamente importante! Com tons de drama, romance e até comédia, o filme atinge esse objetivo.

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O filme, que está on demand no Vimeo, tem grande importância social, é uma linda lição de vida, e um enorme aprendizado!

Em tempo: o filme será passado na PUC-SP no próximo dia 26
Evento: Filme “Alzheimer na periferia”: Reflexões sobre a importância da rede de proteção social para a pessoa idosa
Dia: 26 de setembro, das 9 às 12h
Palestrante: Jorge Félix (Cientista Social)
Mediação: Flamínia Lodovici (coordenadora do Mestrado em Gerontologia da PUC-SP
Local: PUC-SP, localizado à Rua Ministro Godói, 969, 1 Andar, Auditório 100-A – Perdizes – SP
Inscrições Gratuitas e Limitadas: inscricaonepe2018@gmail.com

 

 

 

 

 

 

Fabiana Satiro de Souza

Pedagoga, especialista em Gerontologia pela Unifesp com titulação e associação pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), mestre em Psicologia da Educação pela PUC-SP, especialista em Neuropsicologia pelo HC/FMUSP. Sócia na empresa 50Mais Ativo, Coordenadora do Grupo de Apoio de Perdizes da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz-SP), atua há mais de 15 anos na área de estimulação cognitiva e assessoria em atendimento domiciliar, auxiliando frente ao declínio cognitivo e às dificuldades enfrentadas pela família e cuidadores no dia a dia. Site: www.50maisativo.com.br. E-mail: fabisat@gmail.com

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