A tecnologia e os novos saberes e conhecimentos de Federer estão abrindo novas possibilidades para que as pessoas continuem contribuindo plenamente para a sociedade enquanto envelhecem. Além disso, é hora de começar a dar valor adequado aos aspectos positivos do envelhecimento.
Por Gustavo Sugahara (*). Tradução de Carolina Lucena
Elogiar as conquistas de atletas mais velhos ao negar sua idade, envelhecimento e os benefícios que vem com o tempo deixou de ser aceitável. Atletas de alta performance devem ser uma fonte de inspiração para todas as idades.
O esporte profissional tem sido historicamente o espaço privilegiado para o culto da juventude. De empresas a nações, corpos jovens e musculosos têm sido abertamente utilizados em outdoors. A mudança demográfica em países ricos já provocou impacto, mas mesmo assim a busca por uma eterna juventude ainda domina as companhias de marketing.
O culto da juventude não é apenas problemático como modelo para toda a sociedade, também é prejudicial para os próprios atletas. Muitas vezes nos deparamos com histórias sobre antigas estrelas que caem na miséria.
O que é particularmente interessante e relevante sobre a história de Federer é como a tecnologia e os novos saberes e conhecimentos estão abrindo novas possibilidades para que as pessoas continuem contribuindo plenamente para a sociedade enquanto envelhecem. Além disso, é hora de começar a dar valor adequado aos aspectos positivos do envelhecimento.
Qualquer atleta profissional sabe que a preparação psicológica é tão importante quanto a física. A experiência, uma característica que só vem com a idade, é um dos aspectos mais importantes do “jogo mental”. Federer usou muitos dos seus 76 grandes slams durante o último Aberto da Austrália.
Talvez a experiência tenha ensinado a Federer “não jogar todos os torneios possíveis”, uma estratégia que, segundo ele, adicionou anos à sua carreira. Perguntado sobre quanto tempo de jogo ele ainda tem, Federer respondeu “Honestamente, eu não sei. Não faço ideia. Eu ganhei 3 slams agora em 12 meses. Eu não consigo acreditar. Eu só tenho que manter um bom planejamento, manter a mentalidade de querer mais, então talvez coisas boas aconteçam. Eu não acho que a idade seja um problema per se, é apenas um número”.
(*) Gustavo Toshiaki Lopes Sugahara é brasileiro, formado em Economia (PUC-SP), Mestre em Economia e Políticas Públicas pelo Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL/Portugal) e doutorando em Oslo and Akershus University College of Applied Sciences (HiOA). Foi assessor parlamentar na Assembleia da República de Portugal e colaborador com o HelpAge International, DINAMIA’CET em Portugal e o Departamento de Estudos Sociais e Econômicos (IESE) em Moçambique. Sugahara tem experiência como consultoria para organizações internacionais, como o Banco Mundial e as Nações Unidas. Também trabalhou como editor de notícias do portal esquerda.net, em Portugal. As suas principais áreas de trabalho são o Envelhecimento Populacional e as Cidades.