O papel do Envolvimento Religioso ou Espiritual na construção de uma saúde mais integral é muito importante. Toda vez que abordamos os benefícios de uma prática religiosa ou espiritual sobre a promoção de saúde, tanto a nível de prevenção ou tratamento de moléstias físicas ou de fundo emocional, encontramos respostas e resultados mais robustos e consistentes quando nos referimos à Religiosidade Intrínseca.
Carlos Eduardo Durgante *
Na medida que o idoso se conscientiza que sua fé é uma das fontes de grande motivação em sua vida e passa a viver em harmonia com as orientações e aconselhamentos da sua crença e com isso realiza esforços individuais para internalizar profundamente essa sua fé, adquirindo posturas e atitudes saudáveis de vida, sem sombra de dúvidas que poderá adoecer menos e se recuperar mais rapidamente das enfermidades que o atingirem.
Toda vez que abordamos os benefícios de uma prática religiosa ou espiritual sobre a promoção de saúde, tanto a nível de prevenção ou tratamento de moléstias físicas ou de fundo emocional, encontramos respostas e resultados mais robustos e consistentes quando nos referimos à Religiosidade Intrínseca. Essa se dá exatamente como afirmado anteriormente, ou seja, com as pessoas que encontram sua motivação na crença que professam. Vivem em harmonia com as orientações e aconselhamentos dessa crença e procuram realizar esforços pessoais para se melhorarem como seres humanos, tendo como modelo os ensinamentos morais pregados pelo Mestre Jesus, ou Maomé, ou Buda.
Não basta apenas um envolvimento ou uma “Fé” superficial, condicionada às práticas ritualísticas de determinados credos, ou a ganhos secundários que poderão advir da manifestação de uma postura meramente social no que tange à religião praticada. Se essas últimas situações não vierem acompanhadas dessas transformações morais, da transmutação de sentimentos e emoções negativas em virtudes cristãs, observadas no dia-a-dia de suas vidas, pouco ou nenhum benefício sobre a saúde global se obterá.
Alguns estudos têm evidenciado que a conexão com emoções positivas pode ter importância especial para pacientes atendidos em contextos médicos, no qual o envolvimento religioso pode influenciar o bem-estar, a satisfação com a vida e a satisfação com o atendimento médico, pela melhora da capacidade de enfrentamento da doença física.
Muitos outros estudos solidificaram o entendimento de que pessoas religiosas tinham maior bem-estar em relação as suas vidas que aquelas menos religiosas e os idosos que conseguiam obter significado para a vida a partir de suas crenças e práticas religiosas tinham níveis significativamente maiores de satisfação com a vida, uma maior autoestima e se consideravam pessoas mais otimistas.
Que não esqueçamos também que a religião é um sentimento inato da existência de Deus. É uma força e uma crença que move a coletividade, fundamentada na Fé em algo não visível, que busca esclarecer as respostas para as questões existenciais da vida, da morte e da evolução.
Por fim, acredito que o estímulo ou o incentivo ao envolvimento religioso ou espiritual durante o processo de viver envelhecendo pode trazer benefícios gerais e específicos na promoção de uma saúde mais integral, especialmente no fortalecimento do suporte social e assim possibilitar uma vivência digna e generosa dessa etapa tão necessária ao aprendizado humano que é a velhice.
Para saber mais
Koening HG. Espiritualidade no cuidado com o paciente: por quê, como, quando e o quê. São Paulo: Fé, 2005.
Moreira Almeida AL, Lotufo Neto F, Koening HG. Religiousness and mental health: a review. R.Psiquiatr. 2006; 28(3):242-50.
Koenig H. Medicina, Religião e Saúde. Porto Alegre: LPM, 2012.
Jeff L. Deus, Fé e Saúde. São Paulo: Cultrix, 2001.
Durgante, CEA. Fé na Ciência. Porto Alegre: Mira, 2013.
* Carlos Eduardo Accioly Durgante – É médico geriatra, professor de pós-graduação do Curso de Saúde e Espiritualidade das Faculdades Monteiro Lobato de Porto Alegre, escritor, conferencista e membro da Associação Médico-Espírita do Rio Grande do Sul e da AME-Brasil. Membro colaborador do Portal do Envelhecimento. Email: durgantecarlos@gmail.com. Site: Acesse Aqui