Veremos que é possível, sim, no curso a ser iniciado no Espaço Longeviver de ‘Atividades de Estimulação Cognitiva pelo Familiar ou Cuidador’, o qual busca fornecer informações básicas sobre estimulação cognitiva e ensinar algumas atividades práticas que podem ser aplicadas na rotina de cuidados no domicílio, sem aumentar a sobrecarga do cuidador.
Seu poder de concentração diminuía de ano para ano, até o ponto em que precisava anotar num papel cada jogada de xadrez para saber por onde ia. Mas ainda lhe era possível ocupar-se de uma conversação séria sem perder o fio de um concerto…”. Gabriel Garcia Márquez em “O amor nos tempos do cólera”.
Tal como ocorre com todo o corpo, o processo de envelhecimento cerebral é gradual e progressivo. Embora inevitável, é bastante heterogêneo, ocorrendo de forma bastante para cada pessoa, em função de inúmeros fatores, dentre eles: genéticos, grau de instrução, saúde, estilo de vida e humor. Envelhecer sem patologias cognitivas pode implicar em algum prejuízo cognitivo, mas que não interfere consideravelmente nas atividades diárias, na funcionalidade, quando há este tipo de interferência trata-se de Transtornos Neurocognitivos, tal como a Doença de Alzheimer.
Cada vez mais prevalente, em função do aumento do número de idosos na população, a Doença de Alzheimer é caracterizada pelo declínio cognitivo na memória e em pelo menos mais uma função cognitiva (atenção, linguagem, percepção, etc.), afetando a capacidade funcional do indivíduo de forma progressiva. Ainda não há cura e seu tratamento pressupõe intervenções medicamentosas e não medicamentosas, como a estimulação cognitiva, que têm demonstrado melhorar ou ao menos preservar o desempenho e o comportamento nas atividades de vida diária das pessoas, retardando a progressão da doença.
CONFIRA TAMBÉM:
Os resultados das pesquisas realizadas acerca das intervenções com atividades de estimulação cognitiva têm demonstrado efeitos na aprendizagem, aumento de desempenho nas habilidades que foram alvo da intervenção, em alguns casos a generalização e/ou transferência dos ganhos para contextos distintos da intervenção (como atividades cotidianas).
Revisão de pesquisas feita por Woods e colaboradores[1] incluiu 15 ensaios clínicos com um total de 718 participantes, apresentou como resultados que a estimulação cognitiva tem um efeito benéfico em testes da memória e raciocínio feitos em pessoas com demência, em alguns casos com melhora na qualidade de vida, pois passaram a se comunicar e interagir melhor depois do tratamento. Familiares cuidadores, incluindo aqueles que foram treinados para participar das intervenções, não relataram aumento da sobrecarga.
Diante da doença, a família torna-se, inevitavelmente a unidade central de cuidados com o idoso, mesmo que exista uma equipe de saúde envolvida. No entanto, geralmente não foram preparadas para esta função e as preocupações e sobrecargas tornam-se inevitáveis. A relação positiva muitas vezes se perde nesta demanda e resgatar os vínculos torna-se essencial.
As atividades de estimulação cognitiva realizadas pela família não só são possíveis como são benéficas e auxiliam a: ativar as memórias; aproximar o familiar da pessoa doente; encorajar a comunicação; diminuir a ansiedade e irritabilidade comuns a muitos pacientes com esta doença; fazer as pessoas com o diagnóstico sentirem-se mais engajadas com a vida; melhorar a qualidade de vida do familiar e do paciente.
O curso
O curso a ser iniciado no dia 17 de junho, no Espaço Longeviver, sobre ‘Atividades de Estimulação Cognitiva pelo Familiar ou Cuidador’ visa fornecer informações básicas sobre estimulação cognitiva e ensinar algumas atividades práticas que podem ser aplicadas na rotina de cuidados no domicílio, sem aumentar a sobrecarga do cuidador. Além disso, visa fortalecer a relação entre familiar e idoso, podendo ser uma alternativa de tratamento não medicamentoso, que busca auxiliar na estabilização ou resultar até mesmo em leve melhora dos déficits cognitivos e funcionais do paciente com diagnóstico de demência, tornando-o mais independente.
Serão três encontros (17/06, 24/06 e 01/07), às segundas, das 15h às 18h, no Espaço Longeviver, localizado na Avenida Pedro Severino Junior, 366 – Sala 166 – Vila Guarani. Próximo ao metrô Conceição – Saída D – linha azul. Maiores informações: cursos@portaldoenvelhecimento.com.br
Inscrições pelo link:
https://edicoes.portaldoenvelhecimento.com.br/produto/curso-atividades-de-estimulacao-cognitiva-pelo-familiar-ou-cuidador/
[1] Woods B, Aguirre E, Spector AE, Orrell M. Cognitive stimulation to improve cognitive functioning in people with dementia. Cochrane Database of Systematic Reviews 2012, Issue 2. Art. No.: CD005562. DOI: 10.1002/14651858.CD005562.pub2