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A espiritualização e o envelhecimento humano

Com a proximidade da finitude do corpo físico, a crença na imortalidade do espírito revela a necessidade de qualificar e dignificar esta breve existência, para que esta fase da vida possa ser de grande beleza espiritual. Nesse processo de viver e envelhecer – como regra, não mais como exceção – levanta-se cada vez mais as questões das necessidades espirituais.

Carlos Eduardo Accioly Durgante *

 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), qualidade de vida é o método utilizado para medir as condições de vida de um ser humano. Envolve o bem-estar, físico, mental, psicológico e espiritual, além de relacionamentos sociais, como família e amigos e também a saúde, a educação entre outros.

Envelhecer saudavelmente depende de fatores econômicos, sociais, culturais, políticos e espirituais construídos de forma individual durante toda a vida. A atriz de cinema Jane Fonda que o diga, pois ao completar 75 anos de idade, afirmou que “a velhice deveria ser planejada com antecedência emocional, física e financeira”.

Nesse atual momento da evolução humana, período de muitas atribulações e inquietações pelas quais passa a humanidade pós-moderna, a conquista desse bem-estar mais integral – não apenas material – é objetivo comum a todos nós em processo ou já vivenciando o envelhecimento.

De todas as fases que compõem a vida humana, nenhuma outra reacende a questão da transcendência e da imortalidade tanto quanto na velhice.

Com a proximidade da finitude do corpo físico, a crença na imortalidade do espírito revela a necessidade de qualificar e dignificar esta breve existência, para que esta fase da vida possa ser de grande beleza espiritual. Nesse processo de viver e envelhecer – como regra, não mais como exceção – levanta-se cada vez mais as questões das necessidades espirituais.

Entende-se por elas a falta de algo que possa trazer consolo e alívio às dores do corpo e da alma e que possam propiciar o bem-estar perante os desafios desse ciclo da existência.

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Os estudos e pesquisas científicas evidenciam que, para a maioria dos idosos, a religiosidade e a espiritualidade são uma dimensão importante e ocupam um lugar central em suas vidas. Estão diretamente relacionadas ao surgimento, à manutenção e à possibilidade de atenuarem os agravos impostos pelo envelhecimento à saúde física e mental.

Indiscutivelmente, a busca por essa espiritualização pode proporcionar o conforto e o suporte necessários ao enfrentamento de situações e desafios inerentes a um processo natural, lógico e fisiológico da espécie humana que é o envelhecimento.

Essa dimensão humana que denominamos de Espiritualidade tem variadas definições, mas todas confluem quando afirmam que a mesma é um recurso valioso que dá sentido à vida e que pode ampliar a consciência para o cuidado a si próprio e ao outro, e dessa forma contribuir decisivamente para uma velhice generosa e bem-sucedida.

Independente do credo, da corrente espiritual ou religiosa, que se professe, ou até mesmo da ausência de uma religião formal, os ensinamentos religiosos e espirituais com frequência promovem uma visão positiva do mundo, e podem levar a esse bem-estar existencial. E geralmente o fazem por promover a esperança, a solidariedade, o otimismo, a satisfação com a vida, a força, a coragem e a fé.

O bem-estar espiritual conquistado através dessa dimensão humana do ser, certamente poderá propiciar, na indispensável vivência da velhice, mais uma chance para um olhar interior, um olhar para o todo da existência, sendo esse um estágio indispensável à Completude da Vida!

Referências

Durgante CEA. Cartilha do Envelhecimento Sadio. (org.). São Paulo, 2015: AME-Brasil.

Durgante CEA. Velhice: Culpada ou Inocente?. Porto Alegre, 2015: Francisco Spinelli.

* Carlos Eduardo Accioly Durgante – É médico geriatra, professor de pós-graduação do Curso de Saúde e Espiritualidade das Faculdades Monteiro Lobato de Porto Alegre, escritor, conferencista e membro da Associação Médico-Espírita do Rio Grande do Sul e da AME-Brasil.

E-mail: durgantecarlos@gmail.com

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