Ana Maria de Andrade e Silva *
Nos últimos anos um dos assuntos mais repetidos refere-se ao grupo crescente da população idosa em nossa sociedade. Segundo a Organização Mundial da Saúde, daqui a 10 anos (2025) o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos. Esse grupo populacional cada vez mais numeroso também é mais ativo e participativo. Para compreender tal transformação, é preciso levar em conta o aumento progressivo da expectativa de vida que se produziu nas últimas décadas. Tal fenômeno se deve aos avanços na área de saúde pública e da medicina em geral. Por isso, é cada vez maior o número de pessoas que ultrapassam a idade de 60 e 70 anos desejosos em manter sua autonomia e sua independência, tal como diz a canção do cantor e compositor brasileiro Ivan Lins, “Estamos atentos, estamos vivos, no novo tempo, apesar dos perigos, da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta”. Em 1900 a expectativa de vida no nosso país era de 40 anos e por isso os que chegavam aos 60 eram considerados muito velhos.
Velhice é o último período da evolução natural da vida, e o mais longo também. Implica um conjunto de situações biológicas e fisiológicas, mas também psicológicas, sociais, econômicas e políticas que compõem o cotidiano das pessoas que vivem essa fase. O envelhecimento afeta estruturas e funções orgânicas, tais como a imunidade, capacidade fisiológica, poder de reparação, entre outros. O processo do envelhecimento envolve fatores de ordem orgânica e de ordem psíquica. Para muitas pessoas, falar de velho é falar de algo que já não serve para mais nada. Há também quem os veja com respeito e que representa a experiência e o saber acumulado ao longo dos anos, a prudência e a reflexão.
Bioética, Longevidade e Envelhecimento
O aumento da expectativa de vida é uma vitória, mas depois de tantas conquistas é cercada de dificuldades e desafios. As pessoas querem viver muito, não querem envelhecer e não desejam morrer.
O processo de envelhecimento e as doenças que podem ocorrer tem repercussões sobre o próprio indivíduo, a família e a sociedade. Os serviços de atenção à saúde e a demanda de atendimento aos idosos precisam ser reconhecidos quanto as suas concepções e práticas, considerando-se a dimensão multidisciplinar dos mesmos. No campo do tratamento e da reabilitação, é comum hoje pensar em ações multiprofissionais.
Envelhecer é simplesmente passar para uma nova etapa da vida, que deve ser vivida da maneira mais positiva, saudável e feliz possível. É preciso investir na velhice como se investem nas outras faixas etárias. A marginalização dos idosos predomina em sociedades onde a produção e a competitividade são os valores que prevalecem. Nessas comunidades os idosos geralmente ficam em casa, isolados. Essa situação de abandono piora a qualidade de vida dessas pessoas, que tendem a entrar em depressão por sentirem-se inúteis.
Estudos com pessoas muito idosas (acima de 75 anos) tornaram-se tendência comum na literatura, assim como se fortaleceu a inclinação para realizar estudos interdisciplinares, num reconhecimento de que o tema é complexo.
Sendo um dos maiores triunfos da humanidade, o envelhecimento populacional gera desafios, sinalizam urgências de ações, projetos e programas que garantam a qualidade de vida dessa população. Os problemas enfrentados pela pessoa idosa devem ser combatidos e não resignados. A marginalização dos idosos predomina em sociedades onde a produção e a competitividade são os valores que prevalecem. Diante deste cenário percebemos que os idosos se encontram em situação de fragilidade e em maior situação de vulnerabilidade. Por vezes sofrem violência das mais variadas formas de sua expressão, que são as discriminações a violência e os isolamentos.
Uma vez que a população idosa é a que mais cresce no mundo, a participação dos idosos será de extrema importância para as transformações e impactos nas políticas públicas para o idoso, sejam na saúde, na assistência social ou na previdência. Por isso é importante o debate, a discussão dos idosos e de toda a população, pois envelhecer com qualidade ainda é um desafio que necessita ser conquistado.
* Ana Maria de Andrade e Silva – Graduada em Serviço Social em 2014 pela Faculdade Anhanguera – SP. Sócia-proprietária de Buffett para festas. Responsável pela área gastronômica e funcionalidades. Ex-Analista Contábil. Concluiu curso “Fragilidades na velhice: Gerontologia Social e Atendimento”, da PUC-SP. Email: ana.aracy@yahoo.com.br