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Entrevista com o Mestre Woo, sua força interior e a cultura milenar

Mestre Woo de amarelo fazendo Tai Chi

Para o mestre Woo a força interior é uma ligação entre corpo, mente e espírito.


“Cada momento deve ser um instante de saúde,
mesmo que venha o estresse ao longo do dia;
retornar a paz interior é essencial para o equilíbrio.”

(Mestre Woo)

Em Brasília, todos os dias às seis horas da manhã, quem procura por saúde e equilíbrio tem um endereço certo: a Praça da Harmonia Universal. É lá que se encontra o Sr. Moo Shong Woo, mais conhecido como Mestre Woo, dedicado à sua jornada diária no Tai Chi Chuan.

Monge, poeta e arquiteto, Cidadão Honorário de Brasília, foi indicado ao Prêmio Príncipe de Astúrias (Espanha) pelo trabalho cultural, mas foi aqui no Brasil que toda sua obra foi consolidada.

Nossa conversa aconteceu em sintonia com sua preciosidade e sabedoria. Acompanhado de sua filha Tsulia, semeou através de suas palavras uma cultura de paz e de saúde para a mente, corpo e espírito.

Por um instante me transportei aos seus momentos de oração, para assim agradecer a valorização à vida manifesta a todo momento na expressão do Mestre Woo.

Foto: Arnaldo Saldanha

Silmara – No dia 03 de março deste ano você completou 93 anos e citou ser uma data com idade e paz. Se pudesse materializar essa paz, qual seria sua forma?
Mestre Woo – Para a cultura milenar, o mais importante é materializar essa paz como saúde para o corpo e mente.

Woo, você nasceu em Chiayi (Taiwan), desde 1961 vive no Brasil e em 2000 naturalizou-se brasileiro. Quando olha para trás, como essas três fases se relacionam em seu ser?
Quando nasci, a China era invadida e Taiwan era de domínio do Japão. Meus antepassados são chineses. Gosto muito daqui, casei aqui com uma brasileira. Antes de partir desse mundo quero ver o paraíso no Brasil, o paraíso na nossa terra. Em nossa praça todo dia cultivamos essa esperança!

O Tai Chi como arte terapêutica é passado de pai para filho. Qual a grandeza desse conhecimento que é transferido e desenvolvido dentro de cada ancestral?
Tive a oportunidade de aprender nesse ambiente familiar, desde muito pequeno vendo o pai do meu pai e da minha mãe cultivarem a cultura milenar. Quando nos mudamos para o Brasil, tive muito prazer em cultivar e transmitir a arte, dando continuidade a esse aprendizado. Nesse cultivar entra o estudo e pesquisa que faço sobre o Tai-Chi, assim como a medicina chinesa que desenvolvi ao longo da vida.

Na comemoração de seu aniversário, os alunos, discípulos e amigos reconheceram a sua sabedoria e generosidade. Atribui essas virtudes à força universal, à força interna ou à união das duas?
Atribuo à força interna, pois é preciso ser humilde para reconhecer que essa força interior é uma ligação entre corpo, mente e espírito.

Você criou o estilo Being Tao em 1958, fundou a Praça da Harmonia Universal em 1974 e fundou, na década de 90, o Instituto Internacional de Being Tao com unidades no Brasil, Japão e San Marino. Nele promove meditação, Chi kung, Tai Chi Chuan e automassagem.  O que lhe vem com essa obra?
Vem um sentimento de amor pelo Brasil. Aqui tenho cinco gerações. Só não nasci aqui, mas o meu coração e meu interior amam esse país. O Brasil acolhe e ama a todos, mantendo uma relação diplomática com todos os outros países. Aqui se expande o amor pelo mundo!

Vídeo demonstração Tai Chi

Em suas aulas gratuitas de Tai Chi ministradas ao ar livre, na Praça da  Harmonia Universal, você orienta antes de iniciar seus treinos: “Inspirar céu e terra, sentindo os pés na terra e a cabeça para o céu recebendo a energia do sol”. O que essa ligação entre céu e terra traz para o seu caminhar na vida?
Eu pratico e vivencio essa inspiração e expiração, dessa forma ela entra no meu ser e me traz a vitalidade que me sustenta aos 93 anos. Tudo isso tem como causa a atenção ao interior.

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A arte da gratidão e do perdão também é praticada em seus treinos. Qual efeito lhe causa?
A meditação é feita também para promover o momento do indivíduo ter o sentimento de gratidão pelo que recebe e o sentimento de perdão para consigo mesmo e Deus. Ela ocorre na Praça da Harmonia e esse se torna um local respeitado e abençoado por Deus.
Não é só praticar o corpo, mas focar no interior. Colocamos isso em ação em nossos encontros. Essa manifestação pode ser vista nas Rodas de Saberes, no nosso café e no almoço comunitário que são momentos em que podemos colocar em prática a gratidão e o perdão ao próximo. Isso vai se ampliando pelo mundo e se aproximando do perdão e da gratidão, tornando-se um convívio na terra. São momentos em que as práticas são vivenciadas, nos reconhecemos como comunidade e vamos transformando o planeta.
O mundo já tem tecnologia, a ciência avança e podemos transformar a terra num paraíso ao invés de problemas. O Brasil pode ser um exemplo de paraíso, por isso sou brasileiro e cidadão brasiliense.

O Tai Chi traz vitalidade e auxilia no armazenamento de energia. Considera esses fatores como essenciais para a longevidade?
Sim, movimentar o corpo é importante, mas também cuidar da paz, da alegria e do estilo de vida.

Print de imagem do vídeo acima

Você lecionou durante a vida as línguas chinesa e japonesa no Instituto Rio Branco e na academia de diplomatas do Itamaraty. Qual papel considera ser mais desafiador: o de aprendiz ou o de mestre?
Também fui professor de japonês na sociedade cultural Nipo-Brasileira e de inglês no Colégio Batista de Ipatinga. Minha esposa foi professora de língua portuguesa. Nos dois papéis é necessário o amor. Ensinar sem o amor é vazio e, para aprender, é preciso gostar e ter amor para assimilar.

Além do Tai Chi e das orações, dedica atenção a qual outra prática diária e que julga ser fundamental para o bem-estar?
Hoje, para quem mora na cidade, é preciso ter cuidados diários com a residência. Eu deixo a minha casa bem ventilada, me preocupo com o meu quarto, deixando-o bem adequado para dormir, faço massagens e alongo o meu corpo todo.
É essencial também incluirmos os movimentos diários do corpo para manter a saúde.
Além de me preocupar com a alimentação, sou predominantemente vegetariano, mas se temos dentes caninos pequenos, devemos consumir uma pequena quantidade de carne. Considero ser importante comer na medida certa, que é comer pouco e mastigar bem. Lembrar que nessa hora é importante mastigar contente e agradecido. Isso tudo contribui para a saúde.
Se tiver oportunidade de vir em minha casa, verá como vivencio o dia a dia com saúde. Cada momento deve ser um instante de saúde, mesmo que venha o estresse ao longo do dia; retornar a paz interior é essencial para o equilíbrio.

Fraternidade, Saúde e Paz
(Cumprimentos de encerramento das aulas e encontros do Mestre Woo)

Foto: Arnaldo Saldanha

Serviço
Instituto Being Tao: https://phu.org.br/being-tao/
Vídeo demonstração Tai Chi: https://youtu.be/cypLu6Mh0ss?feature=shared

Fotos internas: arquivo pessoal do Mestre Woo.


Silmara Simmelink

Psicodramatista formada pela Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama. Psicóloga graduada pela Universidade São Judas Tadeu. Especialista em Gerontologia pelo Albert Einstein e fez curso de extensão da PUC-SP de Fragilidades na Velhice: Gerontologia Social e Atendimento. Pós graduada em psicanálise pela SBPI e Sociopsicologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de SP. Atua em clínica com abordagem psicodramática e desenvolve oficinas terapêuticas com grupos de idosos. É consultora em Desenvolvimento Humano e especialista em psicologia organizacional titulada pelo CRP/SP. E-mail: ssimmel@gmail.com

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