“As histórias passaram das bocas aos ouvidos e vêm dizendo, há muito tempo, o que não pode ser dito de outra maneira”. Esta frase, de Jean-Claude Carrieré, que anuncia o projeto Fotografias que contam histórias,desenvolvido pela escola paulistana Carandá Viva Vida Educação, no primeiro semestre de 2013, aponta as possibilidades temáticas e as implicações sociais nele contidas.
Vera Brandão / Fotos: Acervo da Escola
Pela riqueza de possibilidades o projeto foi “abraçado” pelas professoras Aline Amarins e Flávia Bravo, responsáveis pelas outras duas turmas do Infantil 5 que desenvolveram respectivamente o projeto “No tempo dos avós” e “No meu tempo era assim…”.
A dinâmica teve início com o convite aos avós para visitarem a turma da qual seu neto fazia parte, e relatar fatos vividos por eles no tempo da escola, as brincadeiras, e as características da sua época no que se refere aos hábitos e costumes, a diferença entre campo e cidade, como se vivia em termos de habitação, o que ainda não existia do que as crianças conhecem hoje, como celular, computador, etc. e ser por elas questionados.
As atividades contaram com a participação de 49 crianças e seus avós, com duração de um semestre em encontros de 40 minutos semanais, mediados pela professora responsável.
Os relatos foram anotados por elas e, posteriormente, analisados com as crianças mostrando as diferenças entre falar e escrever, e reforçando as matrizes identitárias das crianças e suas famílias, nos tempos e espaços vividos pelas diferentes gerações.
O material resultante dessas atividades, com a colaboração efetiva das crianças, incluindo as ilustrações, foi editado como um pequeno livro, entregue em encontro festivo que reuniu os avós participantes e seus netos – momento de partilha das emoções e alegrias vividas e registradas.
No dia 26 de novembro foi realizado o encontro que reuniu 24 avós para uma conversa mediada por Stela Brandão Cury e Ana Cristina Dunker (diretoras da escola) e Vera Brandão (estudiosa das questões do envelhecimento e longevidade).
Durante 2 horas a conversa transcorreu livre e descontraída e, além do relato das emoções e aprendizagens resultantes da atividade com as crianças, outros assuntos pertinentes à vivência desta fase do ciclo de vida surgiram em interessantes reflexões.
A afirmação de um dos avós reforça o desejo e esperança da escola, espaço nobre na formação de valores, em seu papel social em prol de um longeviver solidário e participativo: “Otimismo, em saber que ainda existem escolas como esta que tentam resgatar o passado sem ficar no saudosismo, mas resgatando as origens e a história”.
Como duas horas do encontro nos pareceram pouco, nosso espaço de comunicação aqui também é finito.
Grande foi a experiência de partilha das emoções, os sorrisos, as reflexões, as trocas de opiniões, o sentimento de pertença e a certeza de um lugar para concretização de projetos que alimentem e impulsionem o papel formador e transformador da escola.
Façamos parte dessa mudança! Que venham novos encontros!