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Empreendedorismo: experiência, recursos e dificuldades

É cada vez mais frequente, encontrar homens e mulheres jovens já se planejando profissionalmente para a aposentadoria. É o chamado “Plano B”. E quando se tem nas raízes potencialidades que podem ser exploradas futuramente, perguntamos, por que não?

 

 

Talvez seja o caso de Vera Damaso, filha de italianos, juíza aposentada que como tantos de nós cresceu em torno de mesas fartas e trouxe da vida em família seu projeto de vida futuro: aos 56 anos, ela comanda o restaurante Zéffiro em São Paulo.

Em apenas três meses Vera montou seu negócio, assim que se deu conta de que a aposentadoria estava chegando. “Um dia parei para refletir e disse: ‘nossa, eu vou me aposentar daqui a alguns meses’. Acho que trabalhava tanto que nem percebi como o tempo passava. Foi quando resolvi que era hora de realizar meu sonho”.

Como dissemos, diversas pessoas, desde muito cedo, acionam o gatilho de suas vidas de trabalho futuro, mesmo empregadas com suas carteiras assinadas e com um emprego, em tese, assegurado. Seja para sentirem o mercado, se perceberem empreendedores e porque não dizer, poder um dia, ser dono do próprio nariz.

Segundo apontamentos de Pedro Gonçalvez, analista do Sebrae, “o caso de Vera não é tão esporádico assim”. Pedro é responsável por uma pesquisa que monitora a abertura de empresas no estado de São Paulo a partir da faixa etária de seus fundadores.

“Em São Paulo, 13% dos novos negócios têm sócios com idade acima dos 50 anos. São aposentados ou quem está perto de se aposentar”, afirma Gonçalvez.

Para o consultor, esses profissionais chegam ao mercado em pé de igualdade com a faixa etária predominante no empreendedorismo – pessoas com idades entre 25 e 39 anos (que respondem por 50% das novas empresas). “Chama nossa atenção a competitividade dos mais velhos, que não parecem perder para os mais novos. O número de empresas abertas e fechadas por eles é, proporcionalmente, o mesmo que verifica-se entre os jovens”, destaca o consultor.

De fato, cogitar a hipótese de falhar é impensável para o ex-metalúrgico Antonio Neves Luna. Ele aposentou-se da função de reparador de veículos na Volkswagen em 2008, quando tinha 47 anos. Estava na empresa alemã desde os 25 anos e, assim que saiu, começou a analisar oportunidades de novos negócios para empreender.

Luna investiu R$ 200 mil numa franquia em 2010, exatamente a quantia que recebeu em virtude da aposentadoria. O ex-metalúrgico diz que ficou assustado, pois o montante era “o dinheiro de toda uma vida”. Mas, passado o susto inicial, criou coragem e foi em frente.

Quando se investe o dinheiro de toda uma vida, tudo fica mais complexo, mas Luna mantem-se positivo: “Fiz a melhor coisa que poderia ter feito. Tivemos algumas dificuldades no começo, principalmente com funcionários. Quero continuar, vou trabalhar para crescer aqui e, daqui para a frente, expandir. Nós vamos ter outra escola, você vai ver”, conclui.

Dicas para empreender após os 50 anos, segundo os especialistas

Com o envelhecimento da população brasileira, o empreendedorismo se torna importante fator de manutenção da parcela da população de mais idade na economia ativa, avalia Luiz Barretto, presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Experiência

Abrir um negócio no mesmo ramo em que se trabalhou é uma vantagem. A experiência profissional anterior pode ser usada no desenvolvimento do próprio negócio. Pessoas mais maduras também costumam estar menos sujeitas à ansiedade e, muitas vezes, acostumadas a trabalhar sob pressão.

Planejamento

As orientações básicas são as mesmas para todos os empreendedores: elaborar um bom plano de negócios, estudar o mercado e buscar capacitação. O Sebrae, por exemplo, oferece apoio. Quanto mais planejamento, melhores as chances do negócio prosperar.

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Prazer no trabalho

Uma das vantagens está na possibilidade de se dedicar a uma atividade de que o empreendedor realmente goste (caso não tenha sido assim na vida como funcionário). Pense nas coisas que gosta de fazer e avalie formas de ganhar dinheiro com elas.

Diferencial

Independentemente da idade do empreendedor, é preciso pensar em um produto ou serviço que tenha demanda no mercado. Não se deve deixar de buscar a inovação. É preciso estar atento às tendências, investir em novas tecnologias, buscar negócios que sejam sustentáveis nos aspectos ambiental, econômico e social.

Necessidade

A desvantagem de qualquer empreendimento, seja liderado por um jovem ou pessoa mais velha, é quando é fruto de uma necessidade de sobrevivência e não apenas por oportunidade. É preciso fazer uma análise para verificar qual é o seu perfil. O Sebrae tem um curso, chamado Empretec, que trabalha a atitude empreendedora e pode ajudar nesses casos.

Dedicação

Abrir uma empresa exige coragem e determinação em qualquer idade. É preciso arriscar, planejar e investir dinheiro e tempo em um negócio.

Experiência, recursos e dificuldades

“O empreendedor com mais idade, em geral, acumula experiência profissional e tem um comportamento mais seguro e de menor propensão ao risco, com mais planejamento”, avalia Barretto. Para ele, contudo, abrir uma empresa exige coragem e determinação em qualquer idade. “Independente da faixa etária, todos os empreendedores são corajosos por natureza. É preciso arriscar, planejar e investir, não apenas dinheiro, mas muito tempo de dedicação em um negócio”, orienta.

“Abrir um negócio próprio no mesmo ramo em que se trabalhou é uma vantagem, por já conhecer a atividade”, afirma Barretto. O presidente do Sebrae lembra, ainda, que outro ponto a favor é a possibilidade de se dedicar a uma atividade que o empreendedor goste – o que pode não ter acontecido na vida anterior como como funcionário.

Ter mais recursos para investir, em comparação aos mais jovens, é outro fator positivo do empreendedorismo na terceira idade, avalia Carlos Wizard Martins, dono da rede de escolas de idiomas Wizard e autor do livro “Desperte o milionário que há em você”. Segundo ele, 20% dos novos franqueados na rede têm mais do que 50 anos.

Martins também cita o aumento da expectativa de vida. “Hoje, a nossa população está vivendo mais, e vai viver mais e em função da qualidade de vida, do avanço da medicina, vai ter longevidade maior do que os antepassados tiveram (…). O mercado de trabalho ainda é discriminatório. No mundo do empreendedorismo não tem essa barreira, essa limitação.”

Os especialistas alertam, contudo, que é preciso estar preparado para eventuais problemas no andamento do negócio. “Empreender sempre envolve risco”, diz Barretto, do Sebrae.

Além disso, outros fatores podem atrapalhar o andamento dos negócios: não saber planejar períodos de sazonalidade, com faturamento menor, ou deixar de investir no negócio e fazer muitas retiradas do caixa da empresa. “Um erro muito comum é misturar as contas pessoais com as contas da empresa e uma pessoa habituada durante toda a vida a receber salário, pode ter dificuldades com isso no início”, reforça Barretto.

Referências

GASPARIN, G. (2013). Empresários dão dicas de como empreender após a aposentadoria. Disponível Aqui. Acesso em 22/08/2013.

JAKITAS, R. (2013). Depois da aposentadoria, o sonho de abrir o negócio próprio. Disponível Aqui. Acesso em 22/08/2013.

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